Espécie rara no concelho de Macedo de Cavaleiros (uma vez que só já existe a 25 de Março, de Lamas), a banda de música do Brinço, constituída por 36 elementos, é um exemplo de vitalidade, não obstante os constrangimentos próprios de uma terra pequena, que, como tantas outras, sofre os efeitos do processo de desertificação humana em curso na região. Salienta-se, por isso, nesta espécie de sobrevivência heróica, o clima de harmonia e companheirismo que existe no grupo, tão patente nos mais jovens, que pouco mais terão que oito anos de idade, como nos mais velhos, que já ultrapassaram a barreira dos setenta. Este será certamente um dos segredos para tamanha longevidade.

Existem poucas referências que atestem sobre o historial da banda, fundada por Francisco Lopes, figura que no início do século XX exercia alguma influência, não só na aldeia, mas também no município. Só assim se poderá compreender a forma como foi possível formar uma banda de música e sobretudo adquirir os instrumentos e uniformes necessários para ela se apresentar publicamente com alguma dignidade. Na época, as dificuldades eram de natureza bem diferente das que existem actualmente. Hoje as dificuldades medem-se pela falta de meios humanos, enquanto há 95 anos o maior obstáculo era de natureza económica.

Uma das características que fazem a mística da banda, desde a sua fundação, é a de todos os elementos que a têm constituído serem da terra. Na aldeia foi mesmo criada uma escola de música, da qual têm saído os instrumentistas que a têm formado ao longo dos anos. O actual maestro é Manuel Lopes, um jovem natural de Gebelim, Alfândega da Fé, que transitou da banda de música de Izeda, em Bragança.

A sobrevivência da banda é garantida pelos contratos que assina, nomeadamente para actuar em algumas festas que se fazem na região. Os seus serviços têm sido mais solicitados pelas comissões de festas de freguesias dos concelhos de Chaves e de Valpaços, mas das 18 actuações que teve no último Verão, algumas tiveram lugar no concelho de Mirandela. A Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros atribui-lhe anualmente um subsídio de 500 contos e, em contrapartida, a banda compromete-se a actuar em concertos, nalgumas noites de Verão, em recepções a membros do Governo, na cerimónia de inauguração da Feira de S. Pedro, comemorações do 25 de Abril, entre outras ocasiões. Toca todos os tipos de música, conforme a circunstância, mas os mais aplicados são música popular e marchas. A componente religiosa e os trechos de música clássica que aprendem têm como objectivo quase único a animação de actos litúrgicos como missas e procissões.

Não está estabelecida qualquer espécie de remuneração pelo contributo que os elementos prestam à banda. No entanto, no final de cada ano, quando o saldo é positivo, a direcção da associação divide-o por todos. Esta "carolice", que dá algum conteúdo ao panorama cultural do concelho, não parece recolher, porém, segundo os responsáveis da associação, o devido reconhecimento, por parte do poder municipal. Isto porque os instrumentos ainda são praticamente os mesmos desde a sua fundação e os uniformes que usam foram todos adquiridos à custa da banda.



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