O Bloco de Esquerda (BE) de Vila Real afirmou hoje que a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) está a preparar “um pouco tardiamente” o arranque das aulas marcado pela pandemia de covid-19.
“Esta semana, está a ser preparada a sinalética e o material de apoio para distribuir pelas várias escolas. O que nos parece é que esta preparação já devia estar feita com antecedência”, afirmou Rui Cortes, da concelhia do BE de Vila Real e também professor na academia transmontana.
As aulas arrancam na próxima terça-feira e este ano, de acordo com os resultados da primeira fase do concurso nacional de acesso, a UTAD preencheu 96,4% das vagas (1507 candidatos)
Nesta semana decorrem as matrículas dos alunos, primeiro online e depois presencialmente nas escolas e, ao mesmo tempo, a academia ultima os preparativos para a abertura do ano letivo 2020/2021, no qual vai optar por uma solução mista de ensino, mas maximizando a atividade presencial.
“Já devia ter havido uma divulgação, a criação de instrumentos necessários de monitorização dentro da universidade e o que nos parece é que, apesar de a universidade ter a perfeita consciência dessas necessidades, está a responder um pouco tardiamente a estas situações”, salientou Rui Cortes.
O vice-reitor Artur Cristóvão afirmou que a UTAD tem “procurado fazer os possíveis para acolher os estudantes” e funcionar “com o máximo de segurança”.
São cerca de 40 os alunos e funcionários que estão mobilizados para acolher, apoiar e sensibilizar os estudantes para “as medidas de segurança sanitária que vão ser implementadas”.
Artur Cristóvão acrescentou que esta semana vai ficar disponível um manual de boas práticas, em português e inglês e ser colocada sinalização sobre a circulação nas escolas.
Lembrou que a UTAD tem uma comissão a funcionar com representantes de todas as escolas e apontou a “boa articulação” com a Escola Superior de Saúde.
“Obviamente há sempre uma preocupação, é um contexto novo”, referiu.
Segundo Artur Cristóvão, este ano letivo a UTAD vai “dar primazia ao ensino presencial, muito em particular no caso dos alunos do primeiro ano, porque é importante que eles venham ao campus, conheçam os professores e conheçam o espaço”.
“Mas, de qualquer forma, em todos os anos haverá sempre uma percentagem variável de atividades realizadas à distância para conseguir que haja menos gente em simultâneo no campus”, referiu.
A UTAD vai criar horários desfasados entre anos letivos e turmas, para reduzir a concentração dos alunos, dos professores e do pessoal não docente nas instalações, na utilização das cantinas e nas deslocações de e para o campus.
Rui Cortes disse ainda que a “ação social escolar tem vindo a ser esvaziada porque há uma maior limitação em relação às residências, as receitas de bares e cantinas praticamente desapareceram” e considerou que a atual situação “vai agravar certamente problemas internos dos alunos, especialmente dos alunos deslocados”.
Em Vila Real, cerca de 70% dos estudantes universitários são deslocados.
“É necessário um reforço da ação social escolar. É um aspeto essencial até para prever a situação dos alunos mais carenciados e aqueles que se encontram deslocados”, defendeu o dirigente bloquista.
Devido à novas normas impostas pela Direção-Geral da Saúde (DGS), por causa da covid-19, a academia transmontana reduziu o número de camas disponíveis nas residências das 532 para as 358 (menos 174), uma situação que veio agravar as dificuldades sentidas pelos estudantes da nível do alojamento na cidade de Vila Real.
Para minimizar o problema, a UTAD está em conversações com 20 unidades hoteleiras com o objetivo de alargar a oferta de alojamento a estudantes.
De acordo com a DGS, o concelho de Vila Real registou 184 casos de covid-19 desde o início da pandemia.