O Bispo da diocese de Bragança-Miranda, José Cordeiro, defendeu hoje que o futuro mosteiro trapista que será erguido em Palaçoulo, no concelho de Miranda do Douro, trará uma nova centralidade ao interior do Nordeste Transmontano.
O prelado falava à margem da cerimónia da bênção da primeira pedra do centro de acolhimento do complexo religioso, que se encontra em fase inicial de construção naquele concelho do distrito de Bragança, uma iniciativa que era aguardada pela população local e das aldeias vizinhas com "muita expectativa".
"É a primeira vez que esta ordem religiosa [ligada ao Mosteiro de Vitorchiano, em Itália] vem para Portugal e que está vocacionada para a vida contemplativa, trazendo ao Nordeste Transmontano uma mensagem de paz para todos aqueles que aqui se deslocarem, o que obriga a pessoas a virem cá em busca do silêncio, da fé e da contemplação", vincou o bispo diocesano.
A expectativa das pessoas resulta "do testemunho e da experiência de tantos mosteiros que existem no mundo inteiro" e que têm dado "um enorme contributo também ao desenvolvimento integral da região onde estão implantados".
"Esta é a primeira fase da hospedaria que, mal esteja concluída, as monjas vão habitar, seguindo-se de imediato o início das obras do mosteiro propriamente dito, onde está incluída a igreja abacial", explicou José Cordeiro.
Segundo fonte da diocese Bragança - Miranda, a primeira fase das obras terá um prazo de construção de 16 meses.
O investimento do futuro equipamento religioso, que terá capacidade para 40 monjas e será "orientado para a contemplação e culto divino dentro do recinto e, segundo a regra de São Bento", será suportado integralmente pela Ordem formalmente designada Cisterciense da Estrita Observância e custará seis milhões de euros.
"De momento já estão 10 monjas em Portugal que vão ocupar o mosteiro, já que, segundo as regras desta comunidade monástica, não se pode construir uma ordem com menos de 10 religiosas", explicitou o prelado.
O empreendimento religioso está orçado em seis milhões de euros e vai ocupar uma área de 30 hectares de terrenos que foram cedidos, permutados ou comprados pela Paróquia de S. Miguel de Palaçoulo e situados no lugar de Alacão, a escassos três a quatro quilómetros da aldeia de Palaçoulo.
Por seu lado, o pároco de Palaçoulo, António Pires, disse que em todo o processo de construção do mosteiro se tornou num mediador entre as intuições locais e as monjas.
"Para a construção deste mosteiro foi preciso juntar muitos terrenos e, ao mesmos tempo, obedecer a critérios paisagístico e procurar água para fornecimento no novo equipamentos, sendo importante mediar todos este processo", frisou o clérigo.
O presidente da Câmara de Miranda do Douro, Artur Nunes, destacou que há muitos séculos que não se investia tanto num mosteiro no território.
"Foi criada muita dinâmica em torno da construção do mosteiro trapista que gerou expectativa de futuro a partir deste território. A construção deste mosteiro em Palaçoulo será uma marca histórica para a região", enfatizou o também presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) Terras de Trás-os-Montes.
A aldeia de Palaçoulo, que conta com cerca de 550 habitantes, é considerada a mais industrializada do Nordeste Transmontano, contando com cutelarias, tanoarias e serviços agrícolas que dão emprego a algumas centenas de pessoas da região e onde não se regista desemprego, faltando apenas alguma mão-de-obra especializada.