Um dos principais símbolos da cultura transmontana volta a estar em destaque em Bragança, entre 25 de novembro e 06 de dezembro, na Bienal Mascararte, que faz 20 anos a impulsionar uma “pequena economia” em torno da máscara.
A décima edição da bienal decorre ainda sob as restrições da pandemia, pelo que será limitada à raia com a presença de portugueses e espanhóis, como divulgou hoje a organização, a cargo da Câmara de Bragança, Instituto Politécnico e Academia Ibérica da Máscara.
Ao longo das últimas edições já se juntaram às tradições transmontanas, máscaras e mascaradas do Brasil, da Ásia, dos países lusófonos, como Angola ou Moçambique, e permanentemente da vizinha Espanha.
Espanha e Portugal são o mote, este ano, do evento, que tem como tema “Mascaradas de Inverno da Raia Ibérica do Antigo Território Zoela” com exposições em diferentes equipamentos culturais da cidade de Bragança, debates, atividades para os mais novos, desfile e espetáculo.
O presidente da Academia Ibérica da Máscara, António Tiza, destacou a exposição sobre as mascaradas de inverno na raia ibérica, patente no Centro Cultural Adriano Moreira, e que mostra as tradições que têm sido recuperadas no lado português e no lado espanhol.
As festas dos rapazes ou de Santo Estêvão, entre o Natal e Ano Novo, são um dos momentos altos das tradições ligadas às máscaras, com as tropelias dos tradicionais e coloridos caretos (mascarados).
Os grupos de caretos têm sido responsáveis por divulgar a cultura transmontana, como salientou Luís Canotilho, do politécnico de Bragança, salientando ainda o contributo da bienal Mascararte para reavivar estas tradições.
Luís Canotilho acredita que nos últimos 20 anos criou-se “uma espécie de um ego coletivo que existe dentro das pequenas comunidades rurais, que provocou novamente um determinado orgulho, e que se constituíssem festas que de alguma maneira estavam adormecidas e já tinham acabado”.
“É esta imagem que mais identifica a região de Bragança, são as máscaras, as festas de inverno e ao longo destes anos aconteceram desde concursos, debates, inúmeras publicações, mestrados, doutoramentos nesta área”, sustentou.
Este trabalho, continuou, resultou numa “pequena economia com os construtores de máscaras e os artesãos de máscaras, bem como até de objetos decorativos, peças em prata e até em ouro que se fabricam”.
“E tudo isso criou uma espécie de uma pequena economia e hoje em dia temos artesãos que têm algum êxito até sob o ponto de vista comercial”, enfatizou.
O presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, acredita que o programa deste ano da bienal é suficiente para continuar “a atrair muitos visitantes e a fazer com que a máscara deste território continue a ser uma referência e cada vez mais valorizada”.
A bienal tem um laboratório de máscaras destinado aos mais novos, nomeadamente alunos do 4.º e 5.º anos, exposições, espetáculos e debates em diferentes equipamentos culturais da cidade, a publicação do catálogo da edição anterior e o lançamento de um documentário.
Para o último dia, a 06 de dezembro, fica reservado o desfile de mascarados portugueses e espanhóis pelas ruas do centro histórico de Bragança e o espetáculo da queima do mascareto no castelo de Bragança.
A vereadora da Cultura, Fernanda Silva, pretende que “todos os municípios da região que têm em comum estes rituais, possam estar presentes no desfile”.