Ainda não saiu do papel o projecto de produção de biomassa na Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Murça. O sistema de aproveitamento das águas ruças e bagaços húmidos resultantes da produção de azeite foi desenvolvido por investigadores do Departamento de Química da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), mas está dependente da obtenção de fundos comunitários para ser implementado. \"Sem eles dificilmente conseguiremos fazer alguma coisa\", revela o presidente da cooperativa, Alfredo Meireles.
Já com patente registada pela UTAD, o projecto consiste na mistura de produtos oriundos da indústria corticeira com as águas ruças e o bagaço. O composto vai dar origem a um produto 100% natural, biodegradável, que poderá ser utilizado como fonte de energia ou como fertilizante.
Alfredo Meireles ressalva que a cooperativa que dirige \"não está mal financeiramente\", mas mesmo assim \"não tem dinheiro para avançar com um projecto desta envergadura\". Daí que a única solução seja esperar pela altura própria para o poder candidatar à obtenção de financiamento comunitário.
Actualmente, o bagaço resultante da produção de azeite em Murça é vendido para extracção de óleo a empresas do ramo. \"Porque não há outro remédio\", lamenta o dirigente. \"Não no lo deixam atirar para o campo tal como acontece em Espanha e na Itália\", protesta.
Alfredo Meireles queixa-se ainda que o bagaço é vendido a um \"preço simbólico de 1,5 a 2 cêntimos por quilo\", só para se poderem \"ver livres dele\", pelo que \"não compensa quase nada\". Um cenário que é comum à maior parte das cooperativas de olivicultores.
A cooperativa de Murça produz anualmente perto de 1,5 milhões de quilos de bagaço de azeitona. \"Transformados em biomassa seriam muito mais vantajosos para a instituição\", perspectiva.