A corporação da Cruz Branca posicionou, este verão, duas equipas de bombeiros nas freguesias mais distantes do quartel, em Vila Real, para uma intervenção mais rápida em caso de incêndio, para vigilância e apoio às populações.

As equipas, que fazem parte do dispositivo especial de combate a incêndios rurais (DECIF 2018), estão estacionadas entre julho e o final de setembro na serra do Marão, na freguesia de Campeã, e em Vilarinho da Samardã.

"O que nos permite uma cobertura já razoável da nossa área de intervenção", afirmou hoje à agência Lusa o comandante da Cruz Branca, Orlando Matos.

O objetivo é a "intervenção mais rápida em caso de ocorrências", nomeadamente incêndios, mas os operacionais fazem também "vigilância armada".

"Ou seja, andam com os veículos, devidamente equipados com material sapador e água, e vão fazendo a vigilância pelas aldeias, o reconhecimento e o levantamento dos caminhos que estão intransitáveis", explicou.

O comandante elencou ainda como aspetos positivos da iniciativa a "relação que se estabelece entre os operacionais e as populações", a dissuasão que a presença dos bombeiros provoca e ainda o aconselhamento para questões relacionadas, por exemplo, com a limpeza dos terrenos e a queima de sobrantes.

A Cruz Branca começou por colocar uma equipa no Marão, na casa do Guarda da Manta, cedida pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), onde permanece 24 horas por dia.

As refeições são asseguradas pelo centro social e paroquial da Campeã e suportadas pelas juntas de freguesia da Campeã, de Torgueda e pela União das Freguesias de Pena, Quintã e Vila Cova.

Orlando Matos disse que a experiência na Campeã obteve "bons resultados", nomeadamente a nível do encurtamento do tempo de reação às ocorrências e da diminuição do número de ignições, pelo que a corporação decidiu avançar com outra equipa para o terreno, para o lado oposto do concelho.

No caso da União de Freguesias de Adoufe e Vilarinho da Samardã, a equipa fica instalada no centro cultural e recreativo de Benagouro entre as 09h00 e as 18h00, não havendo, para já, condições para ali permanecerem durante a noite.

"Isso tem custos e uma logística que poderá envolver mais parceiros que queiram juntar-se ao projeto", salientou.

Fernando Pires é bombeiro há 40 anos e chefe da equipa posicionada em Benagouro. "Estamos sempre em alerta para as ocorrências aqui na nossa zona e também para os concelhos vizinhos de Vila Pouca de Aguiar e Ribeira de Pena", disse à Lusa o operacional de 58 anos.

O dia é passado a olhar a paisagem, a ver televisão ou a jogar à bola, mas também a percorrer a serra.

"Estamos sempre em vigilância, a ver se vemos algum fumo ou alguma coisa de anormal. Fazemos também o reconhecimento do terreno para vermos quais são os caminhos mais rápidos para chegarmos aos locais", frisou.

O verão atípico tem facilitado a atuação dos bombeiros, mas o inverno deixou marcas na serra do Marão, devido ao gelo que quebrou muitas árvores.

Por isso mesmo, o bombeiro Paulo Roque explicou que a sua equipa aproveita para verificar se os caminhos estão obstruídos.

"Tentamos alertar para essas situações, para que as autoridades competentes possam vir cá resolver, ou então, em último recurso, se nos for dada autorização, nós próprios fazemos a desobstrução dos ramos caídos ou dobrados", referiu.

Paulo Roque, de 46 anos e bombeiro há 24 anos, considerou que a presença dos operacionais na serra é dissuasora de comportamentos menos corretos.

"A população daqui chega esta altura e fica sensibilizada, não tem aquelas atitudes de queimar sem que esteja alguém presente e isso ajuda-nos muito", garantiu



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