As 27 corporações de bombeiros do distrito de Vila Real ainda não receberam qualquer material dos chamados «kits de protecção antifogo», prometidos pelo Governo há vários meses. Os 272 pares de botas previstos já chegaram ao Governo Civil, mas nem essas foram entregues aos homens, que diariamente se esforçam a proteger a floresta de dezenas de incêndios.

Isto, ao contrário do que acontece, por exemplo, no distrito vizinho de Bragança, onde o governador civil, Jorge Gomes, garantiu que \"já foram entregues todos dos kits, num total de 206, faltando apenas o reforço de calças e casacos\". Outro exemplo onde as coisas correram bem, Castelo Branco, enquanto que em vários outros distritos algum equipamento já tem chegado, mas sempre a \"conta-gotas\".

O distrito de Vila Real tem sido afectado diariamente com dezenas de incêndios que ,até ao momento, não tomaram grandes proporções, mas em pleno Agosto e com os alertas constantes de temperaturas elevadas, as luvas, as botas, as tendas de protecção, as máscaras e os capacetes encomendados em Maio, começam a fazer falta.

Alfredo Almeida, presidente da Federação distrital e dos bombeiros voluntários de Peso da Régua confirma\"Ainda não recebemos nada, e lamentamos muito que assim seja. Parece-me que tudo terá sido lançado já muito em cima da época de incêndios e agora não há capacidade de resposta por parte dos fornecedores\".

Jogo do empurra

O secretário de Estado da Administração Interna, Ascenso Simões disse, também, que \"o processo foi canalizado através dos governos civis, e o fornecimento dos kits tem variado de distrito para distrito, conforme a capacidade de resposta dos fornecedores\". O ministro António Costa, por seu lado, também já veio a público dizer que os atrasos se deviam \"à falta de capacidade de resposta das empresas fornecedoras\". Mas já em Julho, algumas dessas empresas desmentiram publicamente essa culpa, falando de \"atrasos nos pedidos por parte das corporações\".

António Lopes, adjunto do governador civil de Vila Real, explica a situação, no que toca àquele distrito \"Já recebemos as botas, mas como aguardamos para estes dias a chegada de mais material, queríamos entregar tudo junto. Penso que esta semana já será possível entregar diverso material dos 272 kits previstos para os bombeiros do distrito\". Aquele responsável recorda, também, que \"é preciso percebermos que as empresas não estavam à espera de encomendas tão grandes, e é natural que haja atrasos. As tendas, por exemplo, são fabricadas na América; é natural que demorem. Além disso, o material não é só para este ano, mas para o próximo\".

Ao todo, está prevista a entrega de cerca de cinco mil kits aos bombeiros de todo o país. Um investimento em equipamento individual, feito de material especial para resistir ao fogo e às altas temperaturas, há muito reclamado pelos bombeiros. O investimento total por parte do Estado ronda os sete milhões de euros, que foram distribuídos pelos governadores civis, que os canalizaram para as corporações.

Recorde-se que em Portugal a época oficial de incêndios começou a 15 de Maio e termina a 15 de Setembro. Ou seja, de quatro meses, resta praticamente um para terminar a época. Obviamente, os equipamentos também poderão ser utilizados fora da época oficial de incêndios - se os houver - , ou no próximo Verão, na pior ou melhor das hipóteses, conforme o ponto de vista.



PARTILHAR:

Crime Passional

Os Verdes lutam pelo Tua