O presidente da Câmara de Boticas, Fernando Queiroga, disse hoje que era expectável a entrada do município na lista de concelhos de risco elevado de transmissão da covid-19, mas apontou “falhas” de comunicação ao Governo.

“Sinto-me um pouco triste por [Boticas] ter entrado na lista, apesar de ser expectável. Já esperava isto, mas felizmente ainda só temos [casos] na comunidade e não temos em nenhum lar, e esperemos que isso não aconteça, pois é o que me assusta mais, a questão dos idosos”, realçou à agência Lusa o autarca de Boticas, no distrito de Vila Real, o social-democrata Fernando Queiroga.

Boticas integra o grupo de 77 novos municípios que fazem parte da lista de concelhos com risco elevado de transmissão da covid-19, sujeitos a medidas mais restritivas como o recolher obrigatório e que é agora de 191.

Fernando Queiroga lembrou que, apesar dos cuidados e medidas implementadas, a mobilidade da população resulta em vários casos.

“Quer com os estudantes que vão para Chaves e regressam à noite, quer com os universitários de várias zonas do país, que regressam ao fim de semana, estes têm contacto com familiares e outras pessoas e naturalmente que já esperava isto”, sublinhou.

Segundo o boletim epidemiológico do Alto Tâmega e Barroso de quinta-feira, o concelho de Boticas regista 27 casos ativos de covid-19 e uma ‘taxa de ataque’ de 540,2 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias.

O autarca de Boticas, apontou, contudo, “três falhas essenciais” ao Governo.

“Há uma falha de comunicação por parte do Governo, hoje diz uma coisa e amanhã diz outra. Se entramos [na lista] e temos de estar condicionados às regras que estão no despacho, porque só entram estas em vigor na segunda-feira? Ao fim de semana o vírus não circula e não há contágio? Então saía só a lista na segunda-feira, escusava de estar a alarmar as pessoas, criar confusão, e mal-entendidos que revoltam as pessoas”, destacou.

Fernando Queiroga aponta ainda aos testes rápidos já anunciados, mas que “não se sabe onde é que estão”.

“Ainda não sabemos deles. Tenho falado com as autoridades de saúde, mas ainda não estão a poder fazê-los. Depois, cria-se esta guerrilha entre municípios, quem compra testes, quem faz testes, para a saúde esses testes pouco valem. Um munícipe ou uma câmara compra testes, faz e dá positivo, depois vai à saúde porque tem de fazer teste PCR [com recurso a uma zaragatoa] e porque a saúde não sabe se foi bem feito”, assinalou.

O presidente da Câmara salientou ainda que, no caso concreto de Boticas, foi identificado “um problema de contaminação de covid-19” ligado ao agrupamento escolar e que foi proposto a suspensão por 15 dias das aulas presenciais “para controlar a rede de contágio”, mas que não teve parecer favorável.

“Há um entendimento entre autarquia, conselho municipal de proteção civil, que decidiu por unanimidade, e agrupamento escolar, mas nas instâncias centrais do Terreiro do Paço não querem saber disso”, apontou.

“O agrupamento está a funcionar com 20% dos alunos, uns porque estão em isolamento e outros porque os pais têm receio e ficam em casa sem assistir a aulas. Até o próprio ensino está a ser prejudicado por isso”, disse ainda.

Fernando Queiroga realçou ainda que apesar, da “frustração” pela falta de comunicação clara, esta é “uma missão de todos” onde é necessário ter “cuidados e cumprir as regras de distanciamento social e uso de máscara”.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.285.160 mortos em mais de 52,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 3.181 pessoas dos 198.011 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.



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