As diferentes autoridades regionais envolvidas no processo de limpeza obrigatória de terrenos para prevenção de incêndios afirmaram hoje que a população do distrito de Bragança está a corresponder e os aglomerados estão este ano mais limpos.
O prazo para a limpeza obrigatória em volta dos aglomerados populacionais e habitações termina hoje e apesar de ainda não haver números oficiais, tanto a GNR como a Proteção Civil município garantem que as populações estão a cumprir com as medidas preventivas.
A constatação foi feita em Cova de Lua, uma aldeia do Parque Natural de Montesinho, em Bragança, onde decorreu um dos simulacros de incêndio e gestão dos combustíveis simultâneos nos doze concelhos o distrito transmontano.
Todos os concelhos desta região têm freguesias prioritárias, o que, como apontou o comandante distrital de Operações de Socorro, Noel Afonso, “dá bem a dimensão da realidade” desta região.
“Temos muitos matos, muitas áreas sensíveis, mas em termos de prevenção muito está a ser feito e o balanço em termos preventivos é francamente positivo”, afirmou.
Do acompanhamento que vão fazendo, conclui que “as populações estão a corresponder a essa obrigatoriedade e a esse dever moral, cívico e legal [de limpar os matos]”.
“D facto, estamos mais preparados do que estivemos num passado muito recente”, assegurou, apesar de da grande extensão rural do território e do abandono da agricultura.
Nos últimos anos, o Distrito de Bragança tem tido resultados positivos em termos de consequências dos incêndios florestais que o comandante atribui a “toda uma dinâmica que se põe em prática nos meses de inverno com todas as entidades que concorrem para esta temática”.
“Tem-se conseguido essa dinâmica, uma sensibilização muito importante por parte dos municípios, das juntas de freguesias e das populações”, sustentou, acrescentando que “a conjugação destes fatores tem permitido, não resolver a questão dos incêndios, mas minimizar neste grande desígnio que é a salvaguarda das populações”.
O balanço positivo da operação Floresta Segura foi feito também por Hernâni Martins, do comando distrital da GNR de Bragança, que ainda não tem dados quantitativos, mas que garante que “a população está consciente e tem efetivamente feito a gestão dos combustíveis, quer ao nível do aglomerado populacional, quer ao nível de casas que existem isoladas. que têm área florestal adjacente”.
“É visível que as pessoas estão mais conscientes e tem-se verificado, apesar de não ter números quantitativos, que os aglomerados estão mais limpos que os anos transatos”, indicou.
A mesma preocupação das populações, segundo disse, regista-se nas solicitações para a realização de queimas e queimadas agrícolas dentro da lei.
O responsável pelo pelouro da Proteção Civil municipal de Bragança, Paulo Xavier, corroborou que a Câmara nunca teve de substituir-se aos particulares para fazer cumprir as obrigações, apesar de ter essa disponibilidade, tendo em conta as dificuldades acrescidas da população rural, maioritariamente idosa.
“Quando os serviços municipais vão para o terreno, não temos tido casos que se possa assinalar de perturbadores, o que quer dizer que estamos a cumprir. Não quer dizer que não possa acontecer, porque há sempre risco, mas Bragança é segura”, declarou.
Para reforçar a segurança das populações nas zonas classificadas de maior risco de incêndio florestal tem sido feito um trabalho de sensibilidade e logística que culminou hoje com simulacros, como o que aconteceu em Cova de Lua, para treinar os procedimentos em caso de perigo.
O oficial de segurança, no caso desta aldeia Octávio Reis, tem o papel de juntar as pessoas no ponto de abrigo ( a casa do ponto), fazer a chamada e ir buscar os que faltarem.
O sinal para reunir é familiar e usado ao longo dos tempos nas aldeias em caso precisamente de fogo: o toque dos sinos da igreja a rebate.
Nesta localidade vivem pouco mais de 60 pessoas e o espírito comunitário que ainda reina, assim como o trabalho nos campos e contribuem para que se mantenham limpos e sigam os procedimentos em caso de necessidade, como realçou Octávio Reis.
Ainda assim, Francisco José, um habitante com 80 anos, sente-se agora “melhor preparado” para reagir em caso de incêndio.
Na aldeia nunca viveram muito por perto a aflição dos fogos florestais, como contou outro habitante Adelino Afonso de 72 anos, que já fez a limpeza dos terrenos de que é proprietário.
“Está pronto”, garantiu, confessando que dantes faziam a limpeza mais perto da aldeia e agora alargaram o trabalho mais às matas “para respeitar as leis”.
Cada um limpa o que é seu, como assegurou também Olema Pires, de 63 anos, que, junto com o marido também já limpou “ao redor das casas” e ali por perto.
Em caso de incêndio, ficaram hoje com “mais uma luzinha”, pois já sabem “para onde se dirigir todos” se tiver que ser.