A Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste criou uma equipa para estudar e reencaminhar os casos de falsas urgências através de uma maior articulação entre hospitais e centros de saúde, divulgaram hoje os responsáveis.
O presidente do Conselho de Administração da ULS responsável pelos cuidados no distrito de Bragança, Carlos Vaz, ocupa o cargo desde agosto e verificou nos últimos meses que "mais do que tudo" o que os serviços precisam "é uma ligação interfuncional maior das urgências com os centros de saúde, nomeadamente os centros de saúde da cidade de Bragança.
Isto porque, segundo o administrador, muitos dos utentes desta região que "vão à urgência, deviam ir ao médico de família. A ULS constituiu "uma equipa própria para fazer o acompanhamento de doentes que vão mais de quatro, cinco vezes à urgência".
"Porque terão de ser estudados, terão de ser reencaminhados para o seu médico de família e terá de haver uma articulação funcional muito maior de modo a evitar deslocações desses doentes à urgência e para que sejam atendidos ao domicílio ou pelo médico de família", explicou.
Carlos Vaz sublinhou que o distrito de Bragança e a nossa ULS do Nordeste são, "a nível nacional, dos que têm melhor cobertura de médico de família".
"Nós estamos com 99% da nossa população já com médico de família atribuído. Em Lisboa são 60% só", concretizou.
O responsável pela Saúde na região está preocupado, contudo, com a idade avançada dos médicos de clínica geral e a necessidade de gente nova para os substituir.
A nível hospitalar, a região continua com as dificuldades crónicas em algumas especialidades médicas, que a abertura de vagas e concursos não têm conseguido colmatar.
O presidente da ULS do Nordeste mostrou-se hoje convicto de que os novos incentivos aprovados pelo Governo para os médicos "podem ajudar" a atenuar o problema.
O Governo propõe dar incentivos aos médicos que aceitem fixar-se em zonas carenciadas, entre os quais 40% da sua remuneração, mais dias de férias e maior facilidade de colocação profissional do cônjuge na mesma região.
"Há muito médicos, felizmente, naturais da nossa região que já gostaram de voltar de qualquer maneira, com um incentivo desses seguramente que virão e aguardemos que sim", declarou.
Carlos Vaz falava à margem de uma reunião aberta do Serviço de Urgência, em que se discutiram os constrangimentos, o maior dos quais é "conseguir absorver o número elevado de pessoas, com uma afluência superior a 150 doentes por dia", como indicou Tia Loza, diretor do serviço.
O envelhecimento da população influência no número de afluências, com Bragança a apresentar "uma taxa de afluência da população por 100 mil habitantes superior àquela que se verifica na grande maioria dos outros hospitais do país", segundo disse.
Para esta realidade contribui também, de acordo com os responsáveis, "a dificuldade em recorrer a outro tipo de serviço de assistência de saúde".
"Por outro lado, o envelhecimento da população faz com que as situações que recorrem ao serviço de urgência sejam de maior gravidade e sendo de maior gravidade implicam maior esforço, atenção e sobrecarga para o próprio serviço", acrescentou.
O enfermeiro-chefe, Norberto Silva, explicou que organizam esta iniciativa aberta à comunidade nesta altura do ano por ser a época em que as urgências são notícia pelo caos no afluxo e atendimento.
O Serviço de Urgência da ULS do Nordeste registou até à data, em 2016, um aumento da procura de 10% quando comparado com igual período do ano anterior.
Os responsáveis garantem que têm "conseguido responder" e que nos serviços ainda não se fazem sentir os efeitos da gripe.
Norberto Silva indicou que esperam "o grande pico de afluência para fevereiro"
Lusa