Apostando na valorização da tradição e da cultura, a aldeia de Palácios, Bragança, recebe no próximo fim-de-semana, 26 e 28 de julho, o “LOMBADA - Festival de Música e Tradição”. Trata-se de uma iniciativa que pretende recordar os costumes, a gastronomia e a animação de outros tempos através da recriação de rituais e tarefas de antigamente.
Do programa da iniciativa destaca-se o Ciclo de Colheita dos Cereais que vai permitir recordar a tradição da ceifa (segada) e da malha manual dos cereais. Depois, durante a tarde, um Workshop de Cuscos (ou couscous transmontanos) permitirá ficar a saber mais sobre a história desta tradição alimentar cuja candidatura para inscrição no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial está em curso.
Os cuscos transmontanos confecionados artesanalmente, e que por isso estiveram em risco de se perder, são conhecidos como um saboroso segredo da gastronomia da região. A experiência gastronómica vai ensinar a fazer os cuscos transmontanos desde a colheita dos cereais, malha e até à confeção com a farinha de trigo utilizando as cuscuzeiras (vaso semelhante a masseira do pão).
Hernâni Dias, Presidente da Câmara Municipal de Bragança, sublinha a importância do Festival para valorizar a tradição e a cultura da região destacando que “o LOMBADA marca a diferença, não só por todas as atividades que constam do programa, mas também pela envolvência e pelo trabalho desenvolvido por toda a comunidade”.
Programa:
09h30 – Participação livre na colheita dos cereais
12h30 – Almoço comunitário com ementa tradicional da segada (ceifa)
15h00 – Workshop “Cá se fazem Cuscos” – aprender a fazer cuscos de Bragança e história do couscous em Portugal – com Patrícia Cordeiro
16h30 – participação livre na malha tradicional
17h30 – Continuação Workshop “Cá se fazem Cuscos”
Sobre os cuscos transmontanos
Os cuscos transmontanos fazem parte da gastronomia transmontana. A confeção artesanal destas pequenas bolinhas de farinha, cozidas a vapor numa cuscuzeira (vaso especial para fazer cuscos) e secos ao sol, é uma prática alimentar milenar com origem nos países do Norte de África.
Acredita-se que esta prática alimentar chegou a Portugal no tempo das invasões árabes e que se mantêm em Bragança por ser uma herança dos povos judeus que aqui se refugiaram e que partilhavam com os muçulmanos alguns hábitos alimentares, e também pela importante produção e consumo de cereais na região.
Em Bragança, acompanham a evolução da cultura dos cereais, e ainda hoje se fazem pelas mãos de quem guarda memórias de um tempo histórico mais recente, em que substituíam o arroz e a massa.