Acolhimento aconteceu à entrada da catedral por peregrinos da JMJ, estudantes do ensino superior, crianças, representantes das unidades pastorais, autarcas e pelo clero diocesano
O novo bispo da Diocese de Bragança-Miranda foi acolhido por jovens que se preparam para a JMJ Lisboa 2023, por estudantes do Instituto Politécnico de Bragança, representantes das unidades pastorais, autarcas e pelo clero diocesano com expressões de esperança.
“É seguramente um tempo novo, um tempo de esperança”, disse o presidente da Câmara Municipal de Bragança, sobre a chegada de um novo bispo à diocese.
“Estamos satisfeitos, desejamos as maiores felicidades ao D. Nuno Almeida e que o seu contributo seja relevante para todo o território de Bragança e para toda a Diocese de Bragança-Miranda”, disse Hernâni Dias à Agência ECCLESIA.
D. José Cordeiro, atual arcebispo de Braga, que foi o anterior bispo de Bragança-Miranda, referiu que a entrada de D. Nuno Almeida é um “rasgo enorme de esperança” para a região, que o recebeu com gestos de “hospitalidade e de acolhimento”.
“Pelo dom da graça que ele mesmo é para esta diocese, será um tempo de muita esperança, de um caminho sinodal a percorrer com o presbitério, com o povo santo de Deus”, disse D. José Cordeiro à Agência ECCLESIA.
Para Bruno Borges, do Comité Organizador Diocesano de Bragança-Miranda da JMJ, ter o novo bispo a um mês dos Dias nas Dioceses “é uma alegria”, afirmando a grande expectativa para a participação na jornada, em Lisboa, tendo o número de participantes da região “superado as estimativas”.
“A jornada trouxe uma grande dinâmica à diocese de Bragança Miranda e vai ser uma experiência excelente”, afirmou.
A diretora do Secretariado Diocesano de Pastoral Juvenil, irmã Conceição Borges, reafirmou a alegria em “acolher o novo bispo no momento de preparação para jornada”, que foi também o tempo de espera do novo bispo.
“O D. Nuno Almeida é um peregrino connosco até Lisboa”, disse a responsável pela Pastoral Juvenil na diocese.
Na saudação inicial do ex-administrador diocesano, monsenhor Adelino Fernando Paes garantiu a “a amizade, estima e colaboração deste povo nordestino e todos os que desejam ardentemente caminhar, de forma sinodal, em ordem a uma maior comunhão, uma participação mais ativa para uma missão aberta e comprometida”.
“Conte com todos, sem exceção, como todos contam com a sua solicitude de bom Pastor”, afirmou o até agora administrador diocesano, eleito quando o anterior bispo da Diocese de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, foi nomeada para arcebispo de Braga, há 17 meses.
Monsenhor Adelino Fernando Paes lembrou que as comunidades rezaram para que fosse nomeado para bispo de Bragança-Miranda “um Pastor de coração dócil, corajoso, enamorado da Palavra Divina, zeloso na evangelização, disponível para servir, encorajar e confirmar este povo que necessita ser fortalecido na fé, na esperança e na caridade”.
“Hoje louvamos a Deus, Bom e Eterno Pastor, agradecendo ao Santo Padre, o Papa Francisco, a nomeação de D. Nuno Manuel dos Santos Almeida como 45.º Bispo desta Diocese de Bragança-Miranda, conforme bula assinada por sua Santidade a 19 de maio passado”, disse monsenhor Adelino Fernando Paes.
Com 321 paróquia e mais de 600 comunidades, a Diocese de Bragança-Miranda é a quarta mais extensa do país, com 6599 quilómetros quadrados, e registou no censos de 2021 122 mil habitantes, menos 13 mil do que recenseamento de 2011.
Ao terminar a celebração, D. Nuno Almeida pediu aos sacerdotes para participarem num “encontro fraternal” no dia 11 de julho e manifestou a sua proximidade a todos os diocesanos.
D. Nuno Almeida nasceu a 1 de Agosto de 1962, em Sátão, na diocese de Viseu, tendo ingressado, em 1972, no Seminário Menor de S. José, em Fornos de Algodres e concluído o curso de Teologia no Seminário Maior de Viseu, no ano letivo de 1983/1984; em 1996, terminou a licenciatura em Teologia, na Universidade Católica Portuguesa com uma tese sobre «O Diálogo com os não crentes».
A formação de D. Nuno Almeida passou ainda por Florença, junto do Instituto Internacional de Cultura Mystici Corporis (do Movimento dos Focolares), em Loppiano, Florença, onde frequentou um curso de atualização teológico-espiritual; em 2016 defendeu, na Universidade Salesiana de Roma, tese de doutoramento em teologia dogmática com o tema «Busca de Sentido da Vida e Reconciliação Cristã. Leitura teológica do pensamento de Viktor Frankl».
O novo responsável pela diocese de Bragança-Miranda foi ordenado sacerdote em Sátão, no dia 19 de Outubro de 1986, tendo assumido funções de pároco entre 1986 a 1989, em Arões, concelho de Vale de Cambra, e 1994 a 2004, em Sezures, Esmolfe e Trancoselos, no concelho de Penalva do Castelo.
Entre 1989 a 1994, D. Nuno Almeida foi secretário de D. António Monteiro, e posteriormente chefe de gabinete de D. António Marto, entre 1994 e 2004, ambos responsáveis pela diocese de Viseu.
Desde outubro de 2013 era pároco «in solidum» das 11 paróquias do arciprestado de Fornos de Algodres.
Na data da sua ordenação episcopal, 31 de janeiro de 2016, numa cerimónia presidida na Sé de Viseu por D. Ilídio Leandro, escolheu como lema «Estou entre vós como aquele que serve (Lc 22,27)».
D. Nuno Almeida assume agora a diocese de Bragança-Miranda que se encontrava sem bispo desde a saída de D. José Cordeiro para a arquidiocese de Braga, a 12 de fevereiro de 2022.
Bragança-Miranda: «Estou aqui hoje entre vós, com o sobressalto e a confiança dos enviados» – D. Nuno Almeida
O novo bispo de Bragança-Miranda indicou hoje as “vias” “pastoralmente prioritárias” para o ministério na diocese, afirmou a necessidade de uma “cultura e uma espiritualidade sinodais” e apresentou-se com “sobressalto e a confiança dos enviados”
“Estou aqui hoje entre vós, com o sobressalto e a confiança dos enviados. Estou aqui para partirmos juntos, sinodalmente, à procura dos melhores caminhos na escuta recíproca e na atenção ao Espírito Santo”, afirmou D. Nuno Almeida na homilia da Missa de início de ministério pastoral.
D. Nuno Almeida iniciou hoje o ministério como 45º bispo de Bragança-Miranda, valorizando a sinodalidade na Igreja, não apenas a partir de estruturas, mas da espiritualidade e da cultura.
“Temos consciência de que as instituições e estruturas por si só não são suficientes para tornar a Igreja sinodal: são necessárias uma espiritualidade e uma cultura sinodais, animadas por um desejo de conversão ao Evangelho, alimentadas pela Eucaristia e sustentadas por uma formação adequada: integral, inicial e permanente, para todos os membros do Povo de Deus”, afirmou o novo bispo de Bragança-Miranda na homilia da Missa de início de ministério pastoral.
Na celebração que decorreu na catedral de Bragança-Miranda, D. Nuno Almeida disse que a Igreja, para ser sinodal, é necessário ser uma Igreja “do encontro e do diálogo, que escuta e procura ser humilde”, sabendo “pedir perdão”.
Ser “aberta, acolhedora”, que “abraça a todos”, que “sabe propor e anunciar, respeitosamente, caminhos novos a partir do Evangelho, numa compreensão sempre mais profunda da relação entre o amor e a verdade” são outras caraterísticas da Igreja sinodal.
“Uma Igreja sinodal é capaz de lidar com as tensões sem ser esmagada por elas, procurando sempre recompor a unidade: curar as feridas e reconciliar a memória, acolher as diferenças”.
Na homilia da Missa de início do ministério pastoral em Bragança-Miranda, D. Nuno Almeida lembrou que a “Igreja sinodal se funda no reconhecimento da dignidade comum derivada do Batismo” e apontou como vias “pastoralmente prioritárias” as que têm por referência o sacramento da Eucaristia.
“São, pastoralmente prioritárias, as vias que conduzam pessoas, famílias e comunidades a viver unidas a partir da celebração do sacramento da Eucaristia, fonte de graça e força para uma vida espiritual autêntica”, afirmou
D. Nuno Almeida indicou como “necessidade pastoral” nos tempos atuais “colocar o Evangelho em diálogo com a vida concreta e com a cultura”, relacionando-o com os “problemas reais”, para “pensar, sentir e agir” nesse enquadramento.
“Tudo isto implica, antes de mais, suscitar sede e encanto pela luz, pela força e pela alegria do Evangelho”, afirmou.
No contexto da Jornada Mundial da Juventude, D. Nuno Almeida desejou que os jovens se deixem “contagiar” por uma “grande afeição pelo Evangelho” e desafiou ao seu anúncio a quem está perto “até chegar aos confins do mundo”.
Na presença de jovens, de representantes de toda a diocese, autarcas da região, do clero diocesano e de bispos de várias dioceses de Portugal, o novo bispo de Bragança-Miranda referiu-se às “maravilhas da criação” que se descobrem no nordeste transmontado, desde a Albufeira do Azibo ou os Lagos do Sabor, que comparou ao lago da Galileia, às encostas do Douro, o Penedo Durão, a Serra de Nogueira, de Bornes ou de Montesinho.
D. Nuno Almeida disse que as maravilhas da criação mostram-se também na “cor dos outeiros, o cheiro de castanhas assadas e do fumeiro em Vinhais”, as “amendoeiras em flor e oliveiras verdejantes nas encostas do Tua e do Sabor”, a “doçura da fruta do Vale da Vilariça”, as “maçãs que crescem, em Carrazeda de Ansiães” ou “orvalho nas searas do planalto Mirandês”
“Tudo tão belo. Deus convida-nos a ser sábios, a saber ver. É um Deus que convida a apaixonar-nos pela beleza da criação. É uma criação que convida a apaixonar-nos pelo Criador”.
D. Nuno Almeida terminou a homilia da Missa de início de ministério pastoral citando um poema de Miguel Torga, “grande escritor e poeta transmontano”, inspirado no episódio evangélico de Jesus na barca no meio da tempestade e que conclui com a afirmação “O que importa é partir, não é chegar”.