A Câmara de Bragança vai iniciar o processo de classificação como Monumento Natural Local do conjunto de rochas do Tojal dos Pereiros considerado “dos mais importantes testemunhos” da evolução da Terra, adiantou hoje o presidente, Hernâni Dias.

“Este geossítio é aquele doce que qualquer geólogo gosta de comer” é a ilustração que o autarca fez à Lusa da importância das rochas existentes em três sítios da colina do cabeço de Tojal dos Pereiros, junto à zona industrial da cidade de Bragança.

O município irá dar início à abertura do procedimento para classificação deste sítio com rochas que testemunham a transformação geológica mais antiga de Portugal, que terá ocorrido há mais de mil milhões de anos, como é descrito na sustentação do processo.

O estatuto de Monumento Natural Local visa, segundo a autarquia, uma proteção adequada à preservação e valorização, e implicará a elaboração de um regulamento de gestão e a proposta ao Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) para integração na Rede Nacional de Áreas Protegidas.

O processo começará com a publicação em Diário da República do aviso de abertura do período de discussão pública de 20 dias, seguir-se-á a análise dos possíveis contributos, a redação da proposta final para aprovação pela Assembleia Municipal e publicação da classificação em Diário da República.

O presidente da Câmara não consegue estimar quanto tempo será necessário para todos estes passos.

Hernâni Dias sublinhou à Lusa que os núcleos do geossítio estão disponíveis para visitação e que ao longo dos anos têm despertado o interesse da comunidade científica, e tem havido muita gente a visitar o local.

O Tojal dos Pereiros é descrito como “um dos mais importantes testemunhos dos processos geológicos complexos da evolução do planeta (Terra), em que a colisão de dois continentes, ocorrida há aproximadamente 400-380 milhões de anos, levou ao desaparecimento de um oceano e ao transporte por mais de 200 quilómetros de materiais rochosos de diversas procedências, desde sedimentos dos fundos oceânicos, de crusta oceânica e do manto superior-crusta continental inferior”.

O reconhecimento da importância destas rochas como um dos valores naturais do concelho foi reiterado aquando da elaboração do Plano Diretor Municipal em vigor, integrando-o na categoria de “locais com interesse geológico”.

Para além da sua referência na bibliografia especializada, o Cabeço de Tojal dos Pereiros consta, por iniciativa do geólogo Carlos Meireles, do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), do inventário de sítios com interesse geológico do Geoportal deste organismo.

O município descreve ainda que “em breve constará, juntamente com mais três locais da região de Bragança, do Inventário Nacional de Geossítios, na categoria de Terrenos Exóticos do Nordeste de Portugal, na sequência das propostas elaboradas pelos especialistas Elisa Preto Gomes da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e Carlos Meireles do LNEG.

Recentemente, na fase de elaboração do Projeto para Ampliação da Zona Industrial das Cantarias, a autarquia de Bragança reservou duas áreas, às quais se viria a juntar uma terceira já em fase de obra, destinadas à criação de núcleos de fruição patrimonial destas rochas do Maciço de Bragança.

As rochas distribuem-se por uma área de quase cinco mil metros quadrados e “tornam-se na melhor oportunidade para estudar quer a evolução geotectónica do planeta, quer a composição da crusta continental/manto superior ao longo da sua história, permitindo uma “Viagem” ao interior da Terra”, segundo a fundamentação para a classificação.

O estatuto a atribuir é municipal, mas o presidente da Câmara não põe de parte a possibilidade de, no futuro, avançar para um processo de classificação de âmbito nacional.

Foto; António Pereira



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