Uma associação de Bragança elaborou e apresentou hoje um guia de apoio que vai distribuir por instituições e profissionais para ajudar na identificação, sinalização e encaminhamento de idosos vítimas de violência doméstica.

A iniciativa é da Associação de Socorros Mútuos dos Artistas de Bragança (ASMAB), responsável pelo Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica, o único do distrito de Bragança.

O guia hoje apresentado resulta das necessidades detetadas ao longo deste ano em que os técnicos da associação percorreram todo o distrito e sinalizaram 72 casos de violência contra idosos, no âmbito do programa BPI Sénior.

A coordenadora do núcleo, Teresa Fernandes, explicou que o livro "Violência Contra a Pessoa Idosa no Contexto Familiar - Guia de Apoios aos Profissionais na Identificação e Sinalização" pretende dar resposta à falta de formação específica nesta área dos técnicos que trabalham e atendem idosos e da própria comunidade, que continuam a encarar a violência doméstica apenas como um fenómeno entre marido e mulher.

Os primeiros 350 exemplares do guia vão ser distribuídos por instituições como lares, hospitais e centros de saúde gratuitamente, como indicou Alcídeo Castanheira, presidente da ASMAB

O dirigente explicou que este documento foi elaborado em parceria com o Instituto Politécnico de Bragança e a Universidade do Minho.

Os casos de maus tratos a idosos representam já "15%" do total das diferentes situações de violência doméstica que chegam ao núcleo de atendimento de todo o distrito de Bragança.

A coordenadora Teresa Fernandes acredita que o trabalho de informação feito durante este ano com o programa BPI Sénior contribui para a denúncia de mais casos, "de forma anónima, muitas vezes".

Outras vezes, é a ação das autoridades que desvenda casos como o de uma mãe vítima de maus tratos do filho há anos que, recentemente foi encaminhada para uma família de acolhimento, depois de a GNR ter feito uma apreensão de armas ao alegado agressor.

"Se nós capacitarmos a população, por um lado, e permitirmos que a denúncia seja anónima e depois as autoridades fazemos o nosso trabalho, as pessoas sentem-se mais à vontade para o fazer e, portanto, as sinalizações dispararam", apontou.

Um dos participantes na elaboração do guia, Ferreira Alves, da Escola de Psicologia da Universidade do Minho, considerou esta iniciativa como "uma experiência modelar para ser replicada em outros locais do país".

"Tem novidade no sentido que conjuga todas as dimensões do fenómeno: jurídica, da saúde, política, dos Direito Humanos, aborda uma série de aspetos centrais para refletirmos sobre o abuso e a violência contra a pessoa idosa", concretizou.

Ferreira Alves foi coordenador em Portugal de um estudo internacional que envolveu cinco países. Segundo disse, "nesse estudo Portugal apareceu com uma percentagem de casos substancialmente superior em todas as dimensões em relação aos outros países".



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