O governo espanhol autorizou a construção de uma ligação entre Madrid e Galiza que vai passar muito perto da fronteira portuguesa. Autarca de Bragança está entusiasmado com as oportunidades.
Foi aprovada na semana passada a construção de uma estação da futura linha de TGV entre Madrid e a Galiza que ficará a cerca de 47 quilómetros de distância de Bragança. Otero de Sanabria é uma pequeníssima aldeia da região de Zamora com pouco mais de vinte habitantes e, em 2018, vai ser a última paragem do comboio de alta velocidade em Castela — La Mancha, antes de entrar na Galiza.
A escolha desta localidade para a estação justifica-se não só por motivos técnicos — é um dos poucos locais planos daquela zona — mas sobretudo pela população que vai servir. Na região de Sanabria moram cerca de sete mil pessoas durante o ano e muitas mais durante o verão, altura em que o local é procurado pela beleza do lago com o mesmo nome. Bragança, ali tão perto, é uma cidade com pouco mais de 35 mil habitantes e, em Trás-os-Montes, há 135 mil potenciais utilizadores do TGV.
É isso que diz ao jornal espanhol ABC o presidente da Câmara Municipal de Bragança. “Estaremos mais perto da Europa. A estação contribuirá para uma maior mobilidade de pessoas e negócios num mundo cada vez mais global e competitivo”, disse Hernâni Dias, que reivindica um investimento na estrada que liga Bragança a Puebla de Sanabria, junto ao lago.
Quando a linha estiver concluída, a viagem entre Otero de Sanabria e Madrid vai demorar duas horas. Ou seja, será mais rápido ir de Bragança à capital espanhola do que a Lisboa. A capital de distrito não tem ligações ferroviárias e só muito recentemente recebeu os primeiros quilómetros de autoestrada.
Do lado espanhol, a obra é encarada com entusiasmo. “Nenhum habitante de Otero vai apanhar o comboio, o que queremos é que venha gente”, admite o presidente da câmara Antonio Prada, ao El Diario Vasco. “Tínhamos casas rurais, mas os bancos estão a ficar com elas. Esta é a nossa última oportunidade para sobreviver, estamos a caminhar para o desastre”, acrescenta o político.
Lusa