O aeródromo municipal de Bragança viveu hoje um dia festa com dezenas de pessoas a aplaudirem a aterragem do primeiro voo internacional que permitiu a emigrantes transmontanos em Paris fazerem a viagem em pouco mais de três horas.

Isabel Carvão foi a primeira passageira a descer do avião que lhe proporcionou o seu baptismo de voo.

\"Bragança fica agora muito perto\" foi a primeira constatação desta emigrante, que à semelhança de outros residentes em França enfrentam habitualmente mais de 14 horas de estrada para visitarem os familiares nas férias.

A viagem é agora mais rápida e mais cómoda também para outros emigrantes, como Ana Cruz, que já costumava viajar de avião, mas pelo aeroporto do Porto, tendo depois de percorrer de automóvel quase 250 quilómetros até à terra Natal.

Cerca de metade da lotação do avião de 48 lugares foi ocupada na viagem inaugural, que vai repetir-se às sextas-feiras à tarde entre Paris/Agen/Bragança e às segundas-feiras de manhã no sentido inverso.

A empresa responsável pela ligação é a Aerocondor, que, para já, voará apenas durante o mês de Agosto a título experimental, segundo o presidente da empresa.

De acordo com Victor de Brito, dependendo da ocupação, os voos poderão ser mantidos, não só nos meses de Verão, mas também em épocas de maior afluência de emigrantes, como o Natal ou a Páscoa.

O preço da viagem ida e volta pode chegar aos 400 euros, um custo que nem os emigrantes que fizerem a viagem inaugural nem outros que quiseram presenciar a chegada do avião consideraram elevado.

João e Irene Anes resistiram ao frio e a mais de uma hora de atraso para aplaudirem o momento da aterragem do avião que, por apenas dois dias, não tiveram a oportunidade de apanhar.

Viajaram de França para Bragança de carro, mas nas próximas férias garantem que já utilizarão o avião.

João Anes fez as contas e, segundo diz, só em combustível e portagens gastam cerca de 600 euros, quase o preço de duas passagens, sem contar com as refeições e as 14 horas de estrada.

\"Dava-me mais jeito que fosse Bragança/Frankfurt\", dizia Lucinda Dias, emigrante na Alemanha que não quis perder o \"acontecimento\" no aeródromo de Bragança.

Esta infra-estrutura tornou-se hoje na quarta do país, a seguir aos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro, em dimensão, devido à ampliação da pista de 1.200 para 1.700 metros, que agora permite a utilização por aeronaves de maior porte.

As ligações com Paris, que atraíram jornalistas nacionais, espanhóis e franceses, fazem também deste o primeiro aeródromo municipal com voos internacionais.

O presidente da Câmara, Jorge Nunes, pediu apoio ao secretário de Estado das Obras Públicas e Comunicações, Paulo Campos, para conferir ao aeródromo municipal o estatuto de aeroporto regional.

O governante respondeu que a prioridade do Governo para a região, neste momento, são as ligações rodoviárias, nomeadamente, o IC5, a auto-estrada Amarante/Bragança e o IP2.

As ligações entre Bragança e Paris são um projecto com cerca de oito anos de um emigrante português, que morreu antes de concretizar a vontade de ligar as duas cidades por via aérea.

Em 1997 ainda foi realizado um voo experimental, que não teve continuidade.



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