Ontem na última volta dos treinos livres no Circuito de Albacete, a piloto brigantina caiu a 150 km/h, curiosamente, na mesma curva em que teve um acidente há dois anos e onde fraturou um braço.

 

Após se ter sagrado campeã nacional de motociclismo no ano passado, Bruna Lopes decidiu, juntamente com a sua equipa, investir no Campeonato de Velocidade Espanhol, mas não começou nada bem. Depois de quinta-feira ter saído de Bragança para, no dia seguinte, fazer os treinos livres no Circuito de Albacete, o azar bateu à porta da piloto transmontana quando, na última volta, caiu numa curva a 150 quilómetros por hora. A corrida de amanhã está, agora, comprometida.

“Este não está a ser um fim-de-semana fácil! Não só por eu ter que encarar o circuito, desde o primeiro dia, com uma constipação, como também a mota não estar no ponto certo”, declarou na sua página oficial do facebook "Bruna Lopes #30". “Sexta fiz os treinos livres e no final do terceiro treino tive uma "pequena" queda, na qual me lesionei num braço e danifiquei a minha mota”, explicou aos seus seguidores, em comunicado.

Este é um circuito que, sem dúvida, não traz boas memórias a Bruna Lopes. Nos dois anos que correu em Albacete, no primeiro teve uma queda em que fez uma ruptura no baço exatamente na mesma curva onde caiu ontem e já no ano transato, a mota teve um problema técnico, o que impediu a adolescente de concluir a prova. Assim sendo, este é o terceiro ano consecutivo que a piloto portuguesa não atingirá os seus objetivos naquele circuito.

Já hoje, sábado, ao final da tarde, o Diário de Trás-os-Montes (DTM) ligou para a sua mãe, também ela em Espanha, e garantiu que a queda não foi assim tão “pequena” e que Bruna ficou, de fato, magoada. A mota também ficou “bastante danificada” e sendo o pai de Bruna mecânico ainda conseguiu arranjá-la a tempo da piloto correr as qualificações de sábado, conseguindo um 25º lugar na geral.

De acordo com a progenitora, o médico sugeriu que a piloto não esforçasse o braço. Apesar do diagnóstico, a vontade de correr é maior que a dor e isso só serve para mostrar a garra e o coração da piloto oriunda de Bragança que hoje, às 7h30, já estava em pista. Depois de se testar, a si e à mota, chegou mesmo a vomitar, dada a sua debilidade física.

“Hoje, nos treinos cronometrados tinha previsto apenas entrar em pista e verificar se me sentia bem e se estava tudo em condições com a mota, visto que o médico me aconselhou repouso, não fazendo assim muito esforço. No decorrer dos treinos, motivei-me e tentei ir à procura de tempos, mas não o consegui devido às dores insuportáveis que sentia”, confessou a jovem de 13 anos, acrescentando, “amanhã realizar-se-á a corrida, a qual não sei se irei concluir, mas irei dar o meu melhor e conto com o vosso apoio”.

Bruna Lopes que decidiu arriscar ao integrar um dos campeonatos mais competitivos em todo o mundo, senão o mais competitivo, representa toda uma região, Trás-os-Montes, e o próprio país, já que integra o campeonato espanhol de 80 cm3. De momento, tem somente apoios para as duas primeiras corridas de oito, e visto que a do Circuito de Albacete está seriamente comprometida em termos de um bom resultado, a piloto nacional espera que uma empresa apareça com a visão e a sabedoria necessárias para investir numa jovem talentosa e com um futuro promissor.

Até porque os patrocínios serão em troca de uma visibilidade internacional, algo que as empresas tantas vezes ambicionam. “Gostava que viesse assim alguém que me pudesse ajudar e isso também seria bom a nível psicológico. Saber que vou poder correr o campeonato inteiro sem ter que me preocupar”, admitiu a piloto com o número 30, um dia antes de arrancar para Espanha, em entrevista ao DTM. “Isto está muito difícil este ano. Tanto assim que eu olho para a minha mota e ver aqueles espaços em branco depois de ter sido campeã nacional custa muito”, revelou Bruna Lopes, que apesar de tudo se mantém “positiva”.
 

 


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