Relembrando a tradição centenária enraizada na cultura gastronómica transmontana abriu ao público uma exposição sobre os "cuscos" e na sala ao lado uma mostra sobre os "Galandum Galundaina – 20 anos" revela-nos a história de uma banda que já dispensa apresentações.
Foram inauguradas duas exposições, em simultâneo, na passada sexta-feira, dia 10 de janeiro, no Centro Cultural Municipal Adriano Moreira.
A primeira, “Cá se fazem cuscos!”, da responsabilidade de Patrícia Cordeiro, trata-se, de acordo com a própria, de “uma exposição bastante simples que mostra todos os passos do processo aqui em Bragança. O registo foi feito em Samil, mas tem também testemunhos através das fotografias de outras pessoas que, ou têm a memória de ter feito no passado os cuscos e ainda têm as suas coscuseiras em casa, ou que ainda fazem, para consumo próprio”.
Os “cuscos” são pequenas bolinhas de farinha, cozidas a vapor numa cuscuzeira e postas a secar ao sol para se conservarem muito tempo, que ainda hoje se confecionam em algumas aldeias de Bragança. Na exposição concretizada com o apoio da autarquia brigantina, é possível observar várias fotografias, 16 no total onde é possível observar o processo de confeção, testemunhos e oito retratos de senhoras com as suas cuscozeiras, aprender um pouco de história e admirar os utensílios que permitem o cozinhar do cuscos.
Segundo a socióloga, natural de Macedo de Cavaleiros, “esta iniciativa é a primeira e está integrada numa série de ações num plano de salvaguarda que está a ser desenvolvido pela câmara municipal de Bragança que se insere no processo de registo desta prática alimentar no inventário nacional do património cultural e imaterial que vão ter sempre como tema os cuscos.
A confeção artesanal de “cuscos”, denominação transmontana que melhor se adapta ao nosso modo de falar e que, em língua portuguesa, conhecemos como cuscuz ou “couscous”, na sua versão francesa, é uma prática alimentar que tem origem nos países do Norte de África, mas que chega a Portugal no tempo das invasões árabes, deixando a sua marca um pouco por toda a região, fazendo, agora, parte da gastronomia tradicional transmontana.
Na segunda exposição, inaugurada imediatamente a seguir, os Galandum Galundaina estiveram em destaque com uma mostra dedicada ao grupo de música tradicional mirandesa, que ao longo de duas décadas tem contribuído para o estudo, preservação e divulgação da identidade cultural das Terras de Miranda no Nordeste Transmontano.
“Esta é uma exposição retrospetiva dos 20 anos de Galandum. Começamos por fazer umas pequenas animações, fomos sendo convidados a tocar aqui e acolá e, progressivamente, fomos tocando em festivais cada vez maiores”, recordou um dos seus fundadores, Paulo Meirinhos, corria o ano de 1996.
O músico que canta e toca instrumentos como o bombo, rabel, gaita de fole, realejo, pandeireta, entre outros, sublinhou que o grupo teve várias formações, mas sempre se manteve fiel às suas origens.
Em 2010, além do Prémio Megafone, o seu álbum “Senhor Galandum” foi reconhecido pelos jornais Público e Blitz como um dos dez melhores álbuns nacionais.
Do seu roteiro fazem parte alguns dos mais importantes Festivais de World Music em países como Itália, Bélgica, Alemanha, Marrocos, Cuba, Cabo Verde, Brasil, México e Malásia, levando sempre Portugal numa versão tipicamente tradicional aos quatro cantos do mundo.