Dez meses depois do executivo camarário liderado por João Luís Teixeira ter tomado posse, o PSD de Murça resolveu fazer um balanço da gestão socialista. Esta tomada de posição teve como objectivo, segundo os sociais-democratas, \"chamar a atenção para medidas necessárias para o bem estar da população de Murça\". \"Queremos provocar este executivo, para que os próximos dez meses sejam melhores que os últimos\", justificaram os promotores da iniciativa.
E foram várias as críticas tecidas por Bento Machado Aires, da JSD; Adérito Madureira, vogal neste partido; António Aires, vice--presidente da Comissão Política do PSD de Murça e José Bessa Guerra, presidente desta mesma Comissão.
O primeiro a censurar a gestão socialista foi Bento Machado Aires, que classificou os subsídios no valor de aproximadamente 2000 euros que a Câmara pretende entregar aos jovens casais que se fixem em Murça como \"uma medida errada\". Segundo este político, \"não será com esta medida que se conseguirá a fixação de jovens no concelho. Tal só será possível através de uma política de desenvolvimento integrado e sustentado do concelho, que permita a captação de tecido empresarial para o concelho, que fomente o emprego e permita o acesso ao mercado de habitação\". \"Os nossos jovens não querem subsídios, querem emprego, querem trabalhar e contribuir, com os seus conhecimentos e mais valias, para o seu desenvolvimento\", defendeu Bento Aires. Além disso, este social-democrata apontou também para o facto de esta autarquia \"não oferecer nada, em termos de entretenimento, aos jovens do concelho, levando-os a procurar divertimento nos concelhos vizinhos\".
José Bessa Guerra foi ainda mais crítico em relação à gestão camarária liderada por João Teixeira. Entre os diversos \"pontos negativos\" desta autarquia, o presidente da Comissão Política do PSD de Murça sublinhou a rescisão do acordo desta Câmara com a Direcção de Finanças, que incluía o arrendamento, por cerca de três mil euros, de parte do antigo edifício da Câmara Municipal. \"Esta era uma fonte de receita imperdível, que a gestão PS negou\", referiu o também deputado Bessa Guerra. Mas a \"não conclusão\" de 30 fogos de habitação social, a \"cessação do contrato a alguns funcionários\" e as \"viagens do presidente da Câmara ao estrangeiro\" são, para o PSD, outros \"pontos negativos\" da gestão socialista.
\"O que não fez e deveria ter feito\" foi outra crítica do PSD ao actual executivo autárquico, na voz de Bessa Guerra. Em relação ao museu, o deputado afirmou que \"a irresponsabilidade do senhor presidente ao mandar cancelar os projectos de especialidade levou à perda da oportunidade de comparticipação de 75 por cento, o que implicou um prejuízo de cerca de 500 mil euros para Murça\". E, segundo Bessa Guerra, isto poderá levar a que Murça \"corra o risco de perder o espólio existente para outras instituições museológicas, o que seria motivo de grande desagrado para todos nós, porque é o testemunho da nossa identidade cultural e memória histórica\". Além disso, os membros do PSD de Murça referiram a \"necessidade\" de uma central de camionagem e de um pavilhão gimnodesportivo.
Presidente
nega acusações
O presidente da Câmara Municipal de Murça, João Luís Teixeira, fez questão de se defender \"ponto por ponto\" de todas as acusações que lhe foram feitas. Quanto ao caso da rescisão do contrato com a Direcção de Finanças, o autarca explica que \"foi deliberado por unanimidade, com a aprovação dos vereadores do PSD, a rescisão do acordo, isto porque a própria direcção considerou que não eram instalações capazes, tal como previam, para instalar o departamento de finanças\". E o presidente avançou que já foi feito concurso para a aquisição de novas instalações com este fim.
Os 30 fogos que o PSD acusa de ainda não terem sido construídos pelo PS deve-se, segundo João Teixeira, ao facto de a Câmara \"ter de obedecer aos trâmites legais\". Mas, segundo o presidente, a assinatura do contrato para a sua construção já teve lugar há 15 dias.
O autarca explicou também que os seis contratos rescindidos pela Câmara com técnicos que se encontravam ao seu serviço no anterior executivo é um argumento \"falso\". Isto porque, segundo ele, quando este executivo tomou posse existiam três contratos por avença, que foram eliminados. No entanto, afirmou, foram abertos três concursos para esses mesmos lugares. Dois deles foram preenchidos e o mesmo não aconteceu com o terceiro porque o concorrente \"não preenchia os requisitos necessários\", explicou João Teixeira.
O autarca disse ainda que não \"admite\" que lhe critiquem as via-gens, visto, na sua opinião, todas elas terem sido feitas \"com um fim determinado em prol do concelho e dos seus habitantes\". E a sua viagem a Timbark, por exemplo, destinada à possível geminação de Murça com esta cidade da Polónia, \"já foi paga pela Comunidade Europeia\".
Quanto ao subsídio que a autarquia optou dar aos jovens que se queiram fixar no concelho, este \"não deve\", segundo o autarca, \"ser posto em causa\". E João Teixeira também não aceita as acusações de nada se oferecer aos jovens a nível cultural. \"Acabámos com as semanas temáticas, mas temos organizado diversas iniciativas, entre as quais o Dia do Município, o Dia da Criança, entre outras\", justifica, lembrando que, \"hoje, a Escola Profissional de Murça tem a leccionar dez jovens do concelho, quando na gestão anterior apenas havia dois murcenses\".
A construção do Museu, uma \"dor de cabeça\" para este executivo, \"não viu o seu financiamento reduzido devido a atraso na concretização de projectos como argumenta o PSD\", explica João Teixeira, \"mas sim porque, após as eleições, a nova directora do Plano Operacional de Cultura (POC) decidir reduzir o financiamento de 75 para 50 por cento\". Esta situação, confessou o autarca, \"colocou a Câmara de Murça numa situação delicada, visto que após esta decisão do POC a verba que esta câmara terá de dispensar ronda os 250 mil contos, contra os 100 que teria de dispensar caso se mantivessem os 75 por cento de financiamento\". Por esse motivo, e porque \"o executivo anterior deixou esta Câmara endividada\", disse o presidente, \"teremos de redimensionar o projecto e até mesmo equacionar a necessidade deste mesmo Museu\".
No entanto, João Teixeira concorda com o PSD num ponto: a necessidade de um pavilhão gimnodesportivo na cidade. Contudo, adiantou que \"as prioridades da Câmara são outras\". Por esse motivo, será construído em primeiro lugar um novo estádio de futebol para o Murça Sport Clube, o que também permitirá o alargamento do cemitério, uma medida considerada por este executivo camarário como \"urgente e extremamente necessária\".