A Câmara de Vila Real disse hoje ter apresentado uma queixa à GNR e Agência Portuguesa do Ambiente (APA) devido à “gravidade” de um “possível derrame de lixiviados” que se suspeita serem provenientes do aterro sanitário.

O presidente da autarquia, Rui Santos, disse que, “nos últimos meses, têm chegado à câmara inúmeras queixas de problemas relacionados com odores intensos, acima do normal, provenientes do aterro sanitário de Vila Real, que está localizado em Mosteirô, freguesia de Andrães, e é gerido pela Resinorte.

Rui Santos referiu que, na semana passada, a Junta de Freguesia de Folhadela comunicou ao município um “possível derrame de lixiviados proveniente do aterro sanitário, localizado na rede de águas pluviais da autoestrada A24 à entrada do acesso da Estrada Municipal (EM) 313-1, junto ao nó do aterro sanitário”.

“Comprovada a gravidade do possível derrame de lixiviado, a Câmara de Vila Real efetuou a necessária e obrigatória denúncia às autoridades competentes, o SEPNA/GNR e APA”, afirmou.

Contactada pela agência Lusa, a Resinorte informou que, “na sequência da deteção de líquido existente numa propriedade próxima do aterro sanitário de Vila Real, e existindo a possibilidade de o mesmo ser proveniente da sua instalação, já tomou todas as diligências no sentido de determinar a origem deste líquido e de proativamente resolver o problema”.

Relativamente ao líquido encontrado em terreno fora das instalações do aterro sanitário de Vila Real, a Resinorte disse que “já colheu amostras e encaminhou para análise, aguardando, nesta fase, a chegada de resultados”.

Referiu ainda que, enquanto os “resultados não são disponibilizados”, está “disponível para colaborar nas ações que forem tidas por necessárias”.

A Resinorte disse ainda que monitoriza “em contínuo todos os aspetos inerentes à atividade de exploração do aterro sanitário de Vila Real, tendo implementado medidas para minimizar o impacto de odores, uma vez que este assunto é desde sempre uma prioridade, assim como o bem-estar das populações próximas da instalação”.

Para Rui Santos, o alegado derrame aliado “aos odores intensos que provêm da atividade de deposição de resíduos no aterro, que em muito perturbam o normal desenvolvimento quotidiano da vida das populações envolventes ao aterro (Mosteirô, Andrães, Portela, Zona Industrial de Constantim), configuram graves incumprimentos da legislação ambiental a que está obrigada a entidade gestora desta infraestrutura”.

Por isso, sublinhou que o município decidiu denunciar hoje a situação e exigir “às autoridades competentes pela fiscalização desta atividade, uma atuação eficaz que permita rapidamente repor a normalidade da situação”.

A Câmara de Vila Real “exigiu igualmente à Resinorte o cumprimento escrupuloso de todas as normas técnicas de gestão de aterros sanitários com estas características, que, se devidamente cumpridas, minimizarão os problemas sentidos ao longo dos anos pelas populações, nomeadamente os odores intensos, a presença de aves de grande porte, a infiltração de lixiviados nas linhas de água envolventes que destroem todo o ambiente”.

Estas situações, na opinião do autarca, seriam “facilmente evitadas, se os resíduos depositados fossem imediatamente cobertos com materiais de cobertura para que a sua exposição ao ar se confinasse ao mínimo necessário e se as redes de águas pluviais e de encaminhamento dos lixiviados para tratamento fossem devidamente conservadas e beneficiadas”.

“De igual modo, e porque as queixas das populações sobre a contaminação das linhas de água devido a infiltrações de lixiviados são já recorrentes, importa reavaliar e corrigir toda a rede de águas pluviais e de lixiviados do aterro por forma a ficar claramente garantido o seu funcionamento pleno, garantindo-se o cumprimento das normas ambientais a que uma instalação como esta está obrigada”, frisou.

Rui Santos disse, no último ano, que “houve a introdução de melhorias no aterro”, no entanto, referiu que “elas não são ainda suficientes para tranquilizar as populações”.

“Como sempre afirmamos, a solução de gestão em que hoje se encontra este aterro, entregue à gestão privada da EGF (Environmental Global Facilities), em que os municípios, acionistas e clientes, pouco ou nada conseguem influenciar a sua gestão, é fortemente penalizador do interesse das populações locais”, sublinhou.



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