As obras \\"mais emblemáticas\\" que a anterior Câmara de Ribeira de Pena, presidida pelo socialista João Noronha, tinha projectados para esta vila já não vão ser construídas. O auditório, com 300 lugares, estava orçado em cerca de 500 mil contos, mas tinha já um financiamento comunitário garantido, na ordem dos 65 por cento. Quanto à biblioteca, esta tinha também assegurado 50 por cento do seu custo total, através do programa nacional que prevê a criação de uma biblioteca em cada concelho. Os projectos estavam feitos, os concursos lançados, faltava apenas concluir os processos de adjudicação aos empreiteiros.

No entanto, o novo presidente da Câmara de Ribeira de Pena, o social-democrata Agostinho Pinto, decidiu cancelar a construção daquelas duas obras. Assegurando que a decisão não foi tomada de \\"ânimo leve\\", o autarca garante que, apesar das comparticipações, o custo das obras \\"comprometia\\" financeiramente o concelho até 2006. \\"E depois, para realizar os outros investimentos necessários para o desenvolvimento do município, vou abanar as árvores para ver se cai dinheiro?\\", pergunta Agostinho Pinto. E acrescenta: \\"antes de tomar esta decisão consultei diversos técnicos e foram eles a dizer que já na altura em que a anterior Câmara projectou a obra alertaram para o facto de ser demasiado avultada\\". Para demostrar a \\"extravagância\\" dos projectos, Agostinho Pinto lembrou, por exemplo, que só cada cadeira do auditório ia ficar em 180 contos.

Outro dos argumentos que Agostinho Pinto usa para justificar o abandono dos projectos deixados pelo anterior executivo é o de que aquelas obras estavam desajustadas à dimensão do concelho, que \\"não tem uma série de estruturas de apoio na área da restauração e da hotelaria\\", nem \\"capacidade de organizar congressos\\".

Por tudo isto, o autarca decidiu, assim, seguir o exemplo de outros municípios da região, tais como Santa Marta de Penaguião, e construir o auditório e a biblioteca num só edifício. Uma solução que considera \\"mais económica\\", orçada em cerca de 200 mil contos, e \\"mais adaptada\\" à realidade do seu concelho. O projecto da nova estrutura já está a ser elaborado.

\\"Dinheiro deitado fora\\"

Os socialistas, autores dos projectos agora cancelados, têm uma opinião diferente da de Agostinho Pinto e acusam o novo responsável autárquico de pensar \\"em pequeno\\". Referindo-se principalmente ao auditório, dizem que a sua ideia \\"era fazer uma coisa diferente do que existe\\" e que foi pensado não só para responder às necessidades locais, mas também para dar resposta a iniciativas de âmbito regional. \\"Não podemos pensar pequeno. Se queremos desenvolver o concelho não podemos pensar só em nós. Temos que nos abrir à região\\", explicou um dos actuais deputados municipais do PS, Luís Filipe Silva. Para contrariar a crítica dos sociais-democratas de que o auditório era desajustado à dimensão do concelho, o parlamentar municipal socialista lembrou que até em Cerva, uma vila do concelho mais pequena do que a sede, se fazem espectáculos com mais de 300 pessoas. E além disso, \\"sempre que há teatro, os miúdos são às centenas\\", acrescenta Luís Filipe Silva.

Quanto ao alegado \\"exagero\\" do preço das cadeiras, o deputado responde: \\"As de um gabinete custam 40 contos. Por isso, não sei se é muito se é pouco\\".

Apesar do novo executivo garantir que com a anulação das propostas vai \\"poupar\\" dinheiro, Luís Filipe Silva diz o contrário. \\"Já foram deitados fora 25 mil contos, o custo dos dois projectos agora abandonados. Além de que o novo projecto que prevê a junção das duas obras e que já foi mandado elaborar vai custar mais 8 mil contos\\". E o socialista remata: \\"São opções. Agora são eles que estão no poder\\".



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