O presidente da Câmara de Bragança disse hoje que está em contacto com o Governo e que este está a envidar esforços para evitar que a ligação aérea Bragança-Portimão seja interrompida na segunda-feira.

O Grupo Sevenair anunciou quarta-feira que a ligação aérea Bragança-Portimão vai parar devido à falta de pagamento do serviço pelo Estado, que tem uma dívida total de 3,8 milhões de euros, provocando o “estrangulamento de tesouraria”.

"Em virtude do estrangulamento de tesouraria, o serviço prestado há mais de 15 anos será interrompido a 30 de setembro próximo [segunda-feira], por manifesta impossibilidade, em face do incumprimento das obrigações assumidas contratualmente pelo Estado Português”, explicou em comunicado enviado à agência Lusa.

Paulo Xavier reagiu hoje a este anúncio. Na câmara municipal de Bragança foi questionado pelos jornalistas sobre que diligências tinha já feito o município para ajudar a evitar a suspensão do serviço.

"Em contacto com o Governo, e isso é uma informação importante, disseram que estão a envidar todos os esforços para que neste pequeno prazo resolvam o problema. Quero pensar que sim, no sentido que entre hoje e amanhã tenhamos a informação a dizer que está resolvido o problema. Se assim for, ficamos extremamente contentes, porque mais uma vez superamos este problema", revelou Paulo Xavier, dizendo, contudo, que garantias sobre a carreira aérea regional só o Governo pode dar.

O autarca considerou que a empresa tem razão e que a situação é insustentável e que tem de ser resolvida.

"A empresa tem razão. Ponto final. Isto é insustentável e tem de ser resolvido. Primeiro, porque o anterior Governo não abriu abriu o concurso público atempadamente e isso é penalizador. Depois, porque permitiu uma dívida que vem desde 2022. (...) Uma empresa não pode viver com esta dívida", frisou Paulo Xavier.

O autarca social-democrata disse ainda que a rota é importante para o concelho e para o distrito, ficando prejudicada na mobilidade, na economia e no turismo.

"Ficamos ao abandono, à nossa sorte. Temos feito um esforço hérculeo para conseguir reduzir as assimetrias. Nada disto tem acontecido, porque sucedem estas e outras coisas", considerou o presidente brigantino.

Em janeiro, o Grupo Sevenair assinou um primeiro ajuste direto ainda com o Governo anterior, que vigorou de março a junho, por 750 mil euros, e já com o atual Executivo, liderado por Luís Montenegro, foi assinado um segundo ajuste direto, válido até setembro, por 900 mil euros.

Em ambos os casos, segundo a Sevenair, o contrato previa que “o Estado pagasse mensalmente, de acordo com a prestação do serviço de transporte que foi integralmente prestado”, dando conta de que o Governo ainda não liquidou “o valor integral de todos os serviços aéreos prestados este ano na ligação aérea regional” Bragança - Portimão.

O novo concurso público internacional para a concessão do serviço foi realizado e tinha como data prevista para o seu início 01 de outubro, terça-feira, mas, até ao momento, o Governo ainda não anunciou o seu desfecho.

“A empresa lamenta imenso o impacto da suspensão da linha relativamente às populações do interior Norte de Portugal que serão afetadas, bem como o destino de perto de uma centena de trabalhadores ligados a esta linha, nas várias escalas, incluindo tripulações, manutenção e handling, tendo sido estas as razões que, apesar de nada ter recebido em 2024, levaram a Sevenair a manter a operação enquanto foi humanamente e financeiramente possível”, afirmou ainda em comunicado o Grupo Sevenair.

Foto: CMB



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