O presidente da Câmara de Chaves afirmou hoje ser “gravíssimo” não existirem testes à covid-19 no hospital local, ser preciso esperar “três dias” por diagnósticos e ter sido negada às autarquias do Alto Tâmega um acordo com privados.
“É gravíssimo e inaceitável que na unidade hospitalar de Chaves não haja testes para fazer o despiste à covid-19”, destacou Nuno Vaz, durante uma conferência de imprensa promovida pela autarquia.
Para o autarca de Chaves, no distrito de Vila Real, estão criadas na região “condições para que possam surgir surtos relevantes e sem capacidade de resposta adequada”.
O autarca realçou que a inexistência de testes “denota uma incapacidade de boa gestão dos recursos ao nível da região Norte”, o que origina “uma preocupação e um grito de alerta” pelo facto das solicitações terem recebido “uma resposta de silêncio”.
“Somos cidadãos iguais aos outros e precisamos de respostas idênticas, e não podemos continuar sempre a ser os segundos, terceiros e últimos da fila”, sublinhou.
Nuno Vaz destacou ainda ser igualmente inaceitável que seja preciso esperar “três ou quatro dias” para saber a resposta relativamente a possíveis infetados.
“Não é aceitável por razões de natureza humana, pois não se deve estar tanto tempo à espera para saber um resultado desta natureza, mas também é absolutamente inaceitável porque não haverá condições nas unidades hospitalares para terem estes casos suspeitos em observação”, alertou, considerando que “não é a melhor resposta” os casos suspeitos ficarem em casa.
Nuno Vaz referia-se ao facto de a região transmontana ter sido excluída da rede de laboratórios para o diagnóstico da covid-19, que se estava a realizar no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) e que agora foi “centralizado para Lisboa”.
Segundo o autarca, a Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega (CIM Alto Tâmega) manifestou “toda a disponibilidade junto das autoridades de saúde, particularmente do CHTMAD”, para “facilitar meios logísticos e recursos”.
Sobre a contratualização com laboratórios privados para análises, Nuno Vaz explicou que “foi determinado a estas entidades que não podiam continuar a contratualizar com as autarquias porque seriam contratualizadas pela administração central”.
O presidente da Câmara de Chaves considerou “triste” que a CIM Alto Tâmega procure uma “solução desta natureza”, que queira "suportar as despesas” e seja “impedida”.
“As decisões devem ser tomadas de forma equitativa e justa, sabemos que nas zonas mais populosas há respostas públicas e privadas que estão a ser mobilizadas pelas autarquias”, lembrou.
A CIM Alto Tâmega manifestou ainda a disponibilidade para oferecer três ventiladores ao Hospital de Chaves e recebeu a resposta do CHTMAD de que não eram necessários, e que a unidade de Chaves não tem essa necessidade, acrescentou.
Em Portugal, há 43 mortes, mais 10 do que na véspera (+30,3%), e 2.995 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que regista 633 novos casos em relação a terça-feira (+26,8%).
Dos infetados, 276 estão internados, 61 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 22 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.