A Câmara de Vila Real disse hoje que foi aprovada uma candidatura de cerca de 200 mil euros para aplicar na salvaguarda da olaria negra de Bisalhães, cujo processo de confeção foi classificado pela UNESCO há três anos.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) inscreveu a 29 de novembro de 2016 o processo de fabrico do barro preto de Bisalhães na lista do Património Cultural Imaterial que necessita de salvaguarda urgente.

A vereadora do pelouro da Cultura, Eugénia Almeida, disse à agência Lusa que foi aprovada recentemente a candidatura “Louça preta de Bisalhães – valorização e inovação turística” que foi submetida ao programa Valorizar do Turismo de Portugal.

De acordo com a responsável, esta candidatura, no valor de 200 mil euros e financiada a 85%, vem “dar um impulso” à concretização do plano de salvaguarda da olaria negra de Bisalhães.

Ao terceiro aniversário dá-se um grande passo para a salvaguarda do barro de Bisalhães”, acrescentou.

As medidas a concretizar, no âmbito desta candidatura, vão ser apresentadas no início de 2020, no entanto, Eugénia Almeida adiantou que serão efetuadas intervenções nos postos de trabalho e venda dos oleiros, instalados numa das entradas da cidade, bem como na aldeia de Bisalhães.

“Há uma parte importante da candidatura que é a ligação à educação, que também já estava contemplada no plano”, referiu.

Já se realiza mensalmente o “ateliê dos pequenos oleiros”, que visa sensibilizar os mais novos para a salvaguarda do barro negro.

Eugénia Almeida referiu ainda que se aguarda a abertura de um curso de olaria, por parte do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), até porque um dos principais problemas desta arte é o envelhecimento dos oleiros.

Em Bisalhães as peças são moldadas pelas mãos de Cesário Martins, Manuel Martins, Sezisnando Ramalho, Querubim Rocha, Albano Carvalho, Jorge Ramalho e Miguel Fontes. A maior parte destes oleiros tem mais de 80 anos.

Os grandes desafios são, frisou, atrair mais oleiros, divulgar e rentabilizar esta arte ancestral.

“Tem sido um caminho muito difícil e difícil porque também chegamos a um ponto muito difícil”, salientou.

A classificação pela UNESCO trouxe também, na sua opinião, “mais visibilidade” nacional e internacional para a olaria negra.

O terceiro aniversário da classificação, que se celebra na sexta-feira, vai ser assinalado com o lançamento da coleção de postais “Bisalhães – a louça preta (Rostos)” que faz uma homenagem aos homens e mulheres que perpetuam a história desta arte ancestral.

Este é considerado um ofício duro, exigente, com recurso a processos que remontam, pelo menos, ao século XVI. O processo de fabrico inclui desde o tratamento inicial que se dá ao barro até à cozedura.

As peças que nascem pelas mãos dos artesãos são depois cozidas em velhinhos fornos abertos na terra, onde são queimadas giestas, caruma, carquejas e abafadas depois com terra escura, a mesma que lhe vai dar a cor negra.

E foi este processo de fabrico que foi classificado pela UNESCO.



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