No passado dia 1 de Setembro, a quarta prova de perícia automóvel do Troféu E. Leclerc, uma iniciativa da responsabilidade do Clube Automóvel de Vilarandelo (CAV), foi realizada sem a obrigatória autorização do Governo Civil, o organismo que licencia este tipo de espectáculos.
Esta prova estava agendada para o passado dia 24 de Agosto. Porém, nesse dia, uma forte trovoada avariou o sistema de som e de cronometragem necessários para a realização da prova e obrigou ao seu cancelamento e à sua recalendarização.
Segundo um fax enviado pelo Governo Civil ao CAV, a autorização para a realização da prova no dia 1 de Setembro não foi concedida a pedido da Câmara Municipal de Valpaços, cujo parecer para a obtenção da licença é vinculativo.
Contactado pelo Semanário TRANSMONTANO, o vereador responsável pelo pelouro da cultura e do desporto, Victor Nogueiró, justificou a atitude da autarquia dizendo que a prova do Clube de Vilarandelo \"coincidia\" com um acontecimento da mesma natureza que se ia realizar em Valpaços, integrado nas Festas da cidade. \" E aqui há já pelo menos três anos que existe a preocupação de não marcar acontecimentos culturais e desportivos para os mesmos dias\", explicou o vereador, acrescentando: \"os acontecimentos desportivos no nosso concelho são tão escassos que não nos podemos dar ao luxo de levar a cabo dois num espaço de cinco quilómetros\".
Os argumentos da Câmara não foram, porém, bem recebidos pelo Clube Automóvel de Vilarandelo, cujas relações com a Câmara Municipal já há muito que não são as melhores.
O presidente da associação, César Araújo, rejeita as justificações da autarquia porque garante que há uma semana houve \"sobreposição de eventos\" e \"a Câmara não se preocupou com isso\". \"No dia da procissão de Vilarandelo, [o presidente da Câmara] pÎs a Ágata a cantar de borla em Valpaços\", referiu indignado o presidente do clube, para dizer que não tem dúvidas que \"houve má fé da parte da Câmara\".
Por isso, e embora sabendo de antemão que a \"ousadia\" lhe poderá trazer algumas \"sanções\", a associação desportiva decidiu realizar a prova na mesma. \"A população ficou tão revoltada que decidimos fazer o evento à revelia da Câmara\", conta César Araújo, acrescentado que, \"para mostrar a indignação\", a população de Vilarandelo levou para o local das provas duas faixas negras e alguns cartazes. \"A Câmara se tem alguma coisa contra a gente de Vilarandelo que diga\", frisou ainda o responsável pelo CAD.
No entanto, Victor Nogueiró nega qualquer tipo de \"ressentimento\" em relação a esta associação desportiva. \"A Câmara quer ter o melhor relacionamento com o Clube de Vilarandelo, assim como com todas as associações do concelho\", assegura o vereador.