Devidamente equipadas com fato de treino e sapatilhas, \"armadas\" com um pau, e cheias de energia, são muitas as pessoas, de várias idades, que percorrem a pé as ruas da cidade de Vila Real. Não é o bom tempo que as chama, pois mesmo que chova elas insistem em sair, mas sim o espírito das caminhadas em grupo. E, de ano para ano, o número de adeptos vai crescendo. Há mesmo quem considere que os caminheiros de Vila Real já são um \"fenómeno\".

Desde 1975 que se realizam nesta cidade e nos arredores caminhadas organizadas. Os médicos Correia de Barros e António Júlio foram os impulsionadores do \"movimento\". Mas existe também em Vila Real, desde 1992, uma associação que prepara longos passeios, não só em Portugal mas também para outros países. Contudo, esta associação lamenta a não existência de percursos pedestres, o que \"obriga\" as pessoas a seguirem pelos passeios junto às estradas, quando os há, correndo riscos com a circulação paralela de automóveis e respirando o fumo do trânsito. Além disso, em alguns pontos não há iluminação, o que é mais problemático para quem caminha de noite. Por isso, a associação diz já ter feito diversos apelos à Câmara, no sentido de \"equipar\" melhor a cidade no que toca à criação de percursos pedestres e à iluminação de alguns pontos de passagem.

O presidente da associação e também presidente da Junta de Freguesia de D. Dinis, Albertino Fernandes, explicou ao Semanário TRANSMONTANO que os passeios organizados normalmente \"são feitos pelo mato, de forma a fugir ao trânsito e à poluição dos automóveis\". Mas, segundo ele, \"não tem sido fácil encontrar na cidade percursos alternativos\" para os passeios das terças e quintas-feiras. Aos domingos, os caminheiros costumam sair por volta das seis da manhã e chegam a percorrer 30 km fora da cidade.

A maioria dos 80 associados tem mais de 50 anos. Dois deles, César Teixeira e José Maria Campeã, ambos de 59 anos e caminheiros \"inveterados\", defendem que \"não há nada melhor do que usufruir da natureza, ao mesmo tempo que se pratica desporto e se convive com outros apaixonados pelas caminhadas\". Por isso, é \"com grande dedicação\" que aderiram a esta actividade e é \"com orgulho\" que falam dos passeios que fizeram à Figueira da Foz, a Tomar, a Fátima (por 16 vezes), a Santiago de Compostela (por duas vezes), a Lurdes (em França) e a Roma (que demorou cerca de 57 dias).

Neste momento, a Associação de Caminheiros de Vila Real não tem sede, mas mantém essa aspiração.

Por sua vez, a Câmara Municipal disse ao Semanário TRANSMONTANO que \"está atenta a este movimento\". Segundo o vereador Albertino do Fundo, \"quando o Parque Florestal passar para as mãos da autarquia será devolvido à cidade e então serão criadas condições para que os caminheiros possam usufruir dele com toda a comodidade\". Quanto à falta de iluminação, o vereador garante que \"têm existido conversações com a Junta Autónoma de Estradas, com vista à iluminação desses pontos mais escuros\".



PARTILHAR:

Sem subsídio do governo

Uma semana dedicada à floresta