A candidata à direção da Casa do Douro Manuela Alves lamentou hoje a falta de informação sobre as eleições que acontecem no sábado, salientando que há viticultores que desconhecem o ato eleitoral ou que não sabem onde votar.
“A principal preocupação é a falta de informação. No contacto direto com os viticultores temos percebido que, de facto, eles estão perfeitamente a leste de todo este processo. Há aqui uma ausência, uma falha da comissão eleitoral e de outros organismos, nomeadamente o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), que deveriam dar mais informação”, afirmou Manuela Alves, 66 anos, natural de Carlão (Alijó) é viticultora e inspetora da Inspeção-Geral de Educação.
A candidata disse que não se compreende como, a poucos dias das eleições, “uma boa parte dos agricultores não saiba que dia 21, sábado, das 14:00 às 18.00, vai haver eleições”, acusando o IVDP “de não estar empenhado” em divulgar o processo eleitoral.
“Isto é muito grave”, frisou, salientando que a sua lista, a A, tem feito todos os esforços para informar os viticultores, eleitores neste ato, quer seja através da ajuda dos padres nas missas, das redes sociais ou no contacto direto.
“É muito, muito importante que eles vão votar. Uma participação massiva neste ato eleitoral faria toda a diferença porque dará mais legitimidade a quem for eleito”, realçou.
Segundo referiu, alguns eleitores não sabem que há eleições, outros não sabem qual a sua mesa de voto, pois o local depende da freguesia de onde dispõe maior área de vinha e não da residência, nem o horário de votação, que foi alterado na semana passada.
A comissão eleitoral é presidida pelo presidente do IVDP, Gilberto Igrejas, que, contactado hoje pela Lusa apenas disse que estão a ser cumpridos "os normativos legais aplicados à realização das eleições".
O primeiro ato eleitoral na Casa do Douro, depois de restaurada pelo parlamento como associação pública de inscrição obrigatória, está marcado para sábado, tendo sido submetidas duas listas para a direção, mas em simultâneo será também eleito o conselho regional.
A lista A - Devolver a Casa do Douro aos Pequenos e Médios Viticultores - é liderada por Manuela Alves e a lista B – Douro Unido - é encabeçada por Rui Paredes.
No sábado cerca de 19 mil viticultores vão ser chamados a votar em 74 assembleias de voto, espalhadas por 17 círculos eleitorais. O mandato é de três anos.
“O Douro está há muito tempo mergulhado numa crise, que esta última vindima ainda veio agravar mais. A partir do momento em que os viticultores se viram obrigados a deixar as uvas nas videiras, isto para eles constitui mais uma perda de rendimentos e uma grande desmotivação para continuarem na atividade e face a isto nós não podemos ficar indiferentes”, afirmou Manuela Alves.
Para a candidata, este é um problema da região, mas também é um problema nacional.
“Nós corremos em pista própria, somos um movimento inorgânico que resolveu avançar e arranjar soluções viáveis e que ajudem a ultrapassar este problema que é muito grave para a região”, salientou.
E reconheceu que a direção eleita no sábado terá um “enorme desafio pela frente” para reerguer uma casa que foi criada em 1932, viu alterados os seus estatutos para associação com gestão privada e inscrição facultativa em 2014 e regressa agora como associação publica de inscrição obrigatória.