Jogos Tradicionais, Tasquinhas, Campeonato de Chega de Touros, entre vários espetáculos musicais, serão, apenas, algumas das iniciativas a integrarem a Feira das Cantarinhas e a Feira do Artesanato.
São esperados em Bragança milhares de visitantes, entre portugueses e espanhóis, na primeira semana daquele que é conhecido, no seio do Catolicismo, como o mês de Maria. Assim, de 1 a 3 de maio, a capital do nordeste assume mais uma vez a pretensão de manter a tradição secular ao comercializar as cantarinhas. Outrora, usadas para transportar água fresca para casa ou para os campos, hoje em dia, são utilizadas somente para decorar os lares ou, então, compradas para se oferecer. Apesar de se ter alterado a forma como se usam, a crença de que dão sorte a quem as receber mantém-se bem atual.
Sendo uma das mais antigas do interior norte do país, a Feira das Cantarinhas atrai, anualmente, centenas de expositores, vindos dos quatro cantos de Portugal, sendo neste certame que, habitualmente, aparecem as primeiras cerejas, vendidas em pequenos ramos.
Como o Diário de Trás-os-Montes, também, já noticiou, a antecipar a abertura da feira realizar-se-á este domingo, pela manhã, a Corrida das Cantarinhas. Um evento organizado pela primeira vez em maio de 2016 e que contou no ano de estreia com mais de 800 atletas, tendo sido o primeiro projeto do Orçamento Participativo do município de Bragança a ser implementado.
“As expetativas são que ambos os eventos se traduzam em bons negócios para as mais de três centenas de feirantes que irão estar presentes, que contribuam para a dinamização económica e até cultural do próprio município”, testemunhou o edil brigantino, Hernâni Dias, na conferência de imprensa de apresentação da Feira das Cantarinhas e da Feira do Artesanato
Para os milhares de visitantes que “invadem” a cidade nordestina por estes dias, a animação está garantida. Na Praça Camões, terão lugar diversos concertos com artistas como António Mão de Ferro & Rui Vilhena, Mariana Azevedo em Duo – Música Covers e grupos como a Tona Tuna – Tuna Feminina Universitária de Bragança e Fados D´Outrora, entre muitos outros. As crianças não foram esquecidas pelo executivo e para elas não faltarão atividades lúdicas e recreativas.
As “Tasquinha das Cantarinhas” será outra das novidades e espera-se que tragam uma nova dinâmica ao certame. No total, serão seis tasquinhas que ficarão situadas nas arcadas por baixo da Rua da República, a partir do dia 1 de maio.
Associado ao programa, no primeiro dia do mês, decorrerá na aldeia de Parada o encontro de Jogos Tradicionais do concelho. Num evento onde são esperas três centenas de pessoas, jogos como o Fito, a Raiola, a Relha, as corridas de sacos e o Jogo do Galo farão, certamente, as delícias de todos os participantes, dos 8 aos 80 anos.
“Este ano temos várias novidades. A Feira do Artesanato será na Praça Camões, temos as Tasquinhas e depois temos a Feira das Cantarinhas no centro da cidade, espalhada pelas principais ruas e em que haverá uma animação diferente, muito melhor”, afirmou a recém-empossada presidente da Associação Comercial, Industrial e Serviços de Bragança, Maria João Rodrigues
Ainda na segunda-feira, terá início o Campeonato de Chega de Touros de Bragança no Recinto de Promoção e Valorização das Raças Autóctones, cuja grande final acontecerá no dia 21 de agosto, em plenas Festas da Cidade.
Para quem estiver a pensar prolongar a estadia em Bragança, a 4 de maio, imediatamente a seguir à Feira das Cantarinhas, começa a 31ª edição da Feira de Artesanato. Numa iniciativa que se estenderá até ao próximo domingo, dia 7 de maio, será possível adquirir todo o tipo de produtos artesanais, muitos dos quais fabricados e executados ao vivo nos cerca de 85 stands que irão estar localizados na Praça Camões, um número superior ao do ano transato.
De salientar, ainda, que a organização decidiu, novamente, “juntar à festa” o comércio tradicional, mantendo a iniciativa “O Comércio Sai à Rua”, procurando, assim, aliar a Feira das Cantarinhas e a Feira de Artesanato, ambas com um orçamento de 54 mil euros, ao Comércio Tradicional, de forma a que no seu conjunto, dinamizem a cidade como um só.
Para terminar, resta avisar os leitores que o normal funcionamento do trânsito será afetado do dia 30 de abril ao dia 3 de maio. Assim, haverá zonas com trânsito proibido como a Rua da República, a Praça da Sé, a Rua Almirante Reis, a Rua dos Combatentes da Grande Guerra até ao cruzamento com a Rua Oróbio de Castro, a Rua Abílio Beça desde o cruzamento com a Rua Marquês de Pombal e a Rua 1º de Dezembro. Enquanto outras haverá com sentido proibido, mais especificamente na Avenida João da Cruz no sentido ascendente.
A história da Feira das Cantarinhas
De origem medieval, a Feira das Cantarinhas, constituía uma verdadeira celebração festiva. Na noite de véspera, preparavam-se os produtos para vender, os alimentos para os animais e enfeitavam-se as albardas com colchas tecidas no tear lá de casa.
No dia da feira, de manhã cedo, os caminhos enchiam-se com os habitantes das aldeias limítrofes apressados em chegar e em escolher um lugar bom, onde a exposição dos produtos facilitasse a venda. A agitação entre vendedores e compradores era grande e, no último dia da feira, antes de regressar a casa, era obrigatório comprar os presentes para os mais pequenos e a cântara de barro que no campo acompanhava os trabalhadores com a água fresca.
Atualmente, a feira continua a ser um momento festivo, onde se compram as cantarinhas para decorar as casas transmontanas e para oferecer a quem se quer bem. Participam na Feira das Cantarinhas mais de 500 expositores vindos de todas as regiões do país.
Curiosidades sobre alguns dos jogos tradicionais
Fito – lançamento de pedras em direção a um pino para derrubá-lo ou deixar o “fito” o mais próximo possível do alvo.
Raiola - Os participantes necessitam de ter, obrigatoriamente, duas moedas de 2 cêntimos para jogar. As moedas são atiradas para uma tábua, colocada a 2,5 metros de distância do local onde estão os jogadores. Todas as jogadas iniciam-se com três pontos, terminando o jogo aos trinta pontos, que corresponde a quinze de baixo e quinze de cima.
Relha – É um jogo individual de força e técnica. A relha, peça do arado utilizada nos trabalhos agrícolas com cerca de 5 a 10 kg, é lançada por baixo (entre as pernas), atrás de um limite (traço) marcado no chão. Ganha o participante que mais longe conseguir atirar a relha, podendo esta cair em qualquer posição do terreno. Enquanto a relha não tocar o chão, o jogador não pode ultrapassar o limite traçado no terreno.