Cap Magellan, maior associação de jovens lusodescendentes em França iniciou uma viagem por Bordéus, Lyon e Paris para dar a conhecer a quota de entrada no ensino superior reservada aos estudantes com origens portuguesas, mas também para mostrar oportunidades para quem queria descobrir Portugal.
"O fator mais importante para a realização deste 'roadshow' tem a ver com o contingente de 7% de vagas que existe em Portugal na primeira fase de acesso ao ensino superior que estão reservadas para lusodescendentes e essa quota nunca é preenchida", explicou Luciana Gouveia, delegada geral da Cap Magellan, em declarações à Agência Lusa.
"Em 2018, dos 3.500 lugares disponíveis, apenas 248 foram ocupados, o que nos motiva a ir mais longe na divulgação desta quota", acrescentou.
Em Bordeaux, a Cap Magellan teve um stand no Hall de entrada da universidade SciencesPo Bordeaux e durante o dia acolheu grupos de estudantes do liceu. “Foram organizadas visitas de estudo, preparadas pelos professores do liceu, que vieram a SciencesPo Bordeaux ter connosco. Mais de 100 alunos de liceu visitaram-nos, o que é bom numa primeira iniciativa, apesar de haver também uma divulgação pelo Consulado Geral de Portugal em Bordeaux” diz Luciana Gouveia. “Em Lyon foi diferente porque era um dia em que os estudantes de liceu não tinham aulas, mas eles foram espontaneamente à Jornada Portas Abertas na Universidade de Lyon II”.
Esta não é a primeira vez que esta associação voltada para os jovens de origem portuguesa em França participa em salões de estudantes, mas é a primeira vez que organiza uma digressão concertada.
A acção LusoSup teve lugar na Universidade de SciencesPo em Bordeaux (27 de Janeiro), na Lumière Lyon II em Lyon (29 de Janeiro) e em Paris, no Salon de l'étudiant realizado anualmente no parque de exposições de Porte de Versailles (entre 31 de Janeiro e 2 de Fevereiro).
O stand do Salon do Estudante foi inaugurado com a presença de vários institucionais: Berta Nunes, Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, João Sobrinho Teixeira, Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Jorge Torres Pereira, Embaixador de Portugal em França, Joaquim Moura, Director Executivo do Programa "Regressar", em representação do Secretário de Estado Adjunto para o Emprego e Formação Profissional, e Alcídio Jesus, Técnico Superior da Direcção Regional do Norte, em representação do Instituto Português do Desporto e Juventude, I.P.D.J.
A principal motivação para a associação, que mantém contacto constante com jovens lusodescendentes um pouco por toda a França e tenta criar uma rede entre eles, é o desconhecimento sobre este mecanismo aberto a todos os jovens de origem portuguesa."
"Os lusodescendentes não conhecem a oportunidade das vagas que existe para eles em Portugal. Essa foi a nossa constatação inicial, a quota não é conhecida. Se fosse, com 1,5 milhões de luso descendentes em França, as vagas estariam quase todas preenchidas", assegura Luciana Gouveia.
Mas a divulgação não vai parar por aí. Com Portugal cada vez mais na moda em França, esta passagem pelas diferentes cidades vai servir para abrir os horizontes a todos os estudantes.
"Nas universidades onda vamos estar, obviamente não vamos falar só da quota. Há um interesse de informar os jovens que são lusodescendentes, que são lusófonos ou querem descobrir Portugal", afirmou a delegada-geral, referindo que o país já é conhecido pelo acolhimento Erasmus.
E argumentos para quem é de origem portuguesa ou não, não faltam.
"Há muitas vantagens. Desde logo, uma coisa anedótica, há bom tempo! Depois, é verdade que as propinas em Portugal são mais caras que em França [onde não existem], agora um estudante que tenha de se deslocar para fora da casa dos pais em França para estudar, aí não há comparação e qualquer sítio em Portugal fica mais barato", indicou.
Alexandra da Rosa, uma estudante lusodescendente que completou um Erasmus em Portugal, disse que "o espírito universitário em Portugal é completamente diferente do espírito universitário em França". Em França quase não há espírito universitário, e em Portugal temos o costume - temos um ambiente universitário muito mais imersivo do que em França". Ela acrescenta "temos uma educação de qualidade, reconhecida internacionalmente, e que interessa a qualquer estudante que queira um futuro próspero".
A Secretária de Estado das Comunidades, Berta Nunes, também concorda que "temos um bom sistema de ensino, universidades públicas e privadas, politécnicos, há um bom mercado para estudar em Portugal e também temos bolsas de estudo e muitos outros benefícios sociais para os estudantes.Os Lusodescendentes têm direito a todo o apoio que os estudantes portugueses recebem - bolsas, residências, etc.".
O Secretário de Estado do Ensino Superior João Sobrinho Texeira acrescentou ao LusoJornal que " No último ano aumentámos 42% [a afluência de estudantes estranjeiros] e a maior parte dos novos estudantes é de França. A França é o país mais representado. As nossas espectativas é que este número continue a aumentar. O que pretendemos sobretudo é que os nossos estudantes, de Portugal ou de fora de Portugal, sejam pessoas qualificadas.”
Esta ação vai também envolver a divulgação das diversas instituições de ensino superior em Portugal, espalhadas por todo o território, especialmente as universidades do interior que dão cartas em setores como a ciência e inovação e podem não ser tão conhecidas dos mais jovens.
Como resultado, o Instituto Politécnico de Bragança esteve presente durante todo o evento. Foi representada por professoras de francês, Ana Maria Alves e Dominique Guillemin, pela vice-presidente de coordenação de imagem e do gabinete de apoio aos alunos Anabela Martins e Dina Rodrigues Macias, vice-presidente de assuntos académicos, com o objectivo de divulgar toda a oferta qualitativa de cursos da escola da região de Trás-os-Montes. Para além do Instituto Politécnico de Bragança, cerca de vinte estruturas politécnicas e universitárias também se juntaram enviando documentação.
Esta digressão é apoiada pela DGACCP e a Cap Magellan quer agora expandir esta iniciativa, alargando-a sobretudo aos liceus nas regiões onde a comunidade portuguesa é mais numerosa. Assim, serão visadas cinco áreas geográficas diferentes: Norte (Lille), Leste (Nancy, Estrasburgo), Oeste (Rennes, Nantes, Poitiers), Centro (Clermont-Ferrand) e Sul (Toulouse, Nice, Montpellier, Aix-en-Provence).
Em 2021, o desejo de Cap Magellan é ser mais ambiciosa e tentar desenvolver novas parcerias e mais acções no terreno. A associação pretende aumentar e desenvolver as suas acções nas diferentes cidades da França, pela sua presença nos "Salons de l'Etudiant" da província e não apenas em Paris, afim de alcançar o maior número de alunos e estudantes de língua portuguesa em todo o país, nos dias abertos das escolas secundárias e estabelecimentos de ensino superior com stands. Além disso, serão realizadas conferências sobre os estudos em Portugal e a importância da língua portuguesa no mundo do trabalho e para organizar visitas de estudo com alunos do ensino secundário.