O filme «Máscaras», da realizadora portuguesa Noémia Delgado, vai ser exibido numa sessão única, dia 19, em Podence, uma das três aldeias do nordeste transmontano onde foi rodado, em meados dos anos 70.
A sessão, às 21:00, insere-se no âmbito do programa de Carnaval da Casa do Coreto, naquela localidade do concelho de Macedo de Cavaleiros.
Além de Podence, duas outras aldeias - Bemposta e Rio de Onor - deram cenário ao ritual dos Caretos que a obra descreve, com narração do poeta Alexandre ONeill.
«Máscaras», estreado a 14 de Junho de 1976 na Biblioteca Nacional de Lisboa, é, na avaliação do crítico Jorge Leitão Ramos expressa no seu livro «Dicionário do Cinema Português 1962-1988», «um filme muito belo , um exemplo de documentarismo modesto de meios mas rico de intervenção e encantamento».
Numa nota sobre a sessão, António Carneiro, da Casa do Coreto, refere que as origens dos Caretos - homens mascarados com chocalhos à cintura que «invadem as aldeias, perseguem as raparigas e zombam dos vizinhos» -, remontam, «ao que tudo indica, às antigas saturnais romanas, celebrações em honra de Saturno (Deus das sementeiras) para garantir boas colheitas».
O ritual assinala o fim do Inverno mas «acaba por adquirir também pendor religioso, uma vez que antecede a Quaresma, período de reflexão e contenção».
A cópia do filme a exibir em Podence foi cedida pela realizadora, através de uma parceria entre a Casa do Coreto e a Durante-Associação Cultural.
Noémia Delgado nasceu em 1933 em Lourenço Marques, hoje Maputo, e frequentou em Lisboa o curso de escultura da Escola superior de Belas Artes.
Realizou cerca de 20 filmes, entre os quais «Mafra, o barroco europeu», «O Canto da sereia, «Walpurgis» e «A estranha morte do professor Antena».
Ainda no cinema, foi da sua responsabilidade a montagem de obras como «Mudar de vida» e «A pousada das chagas», ambos de Paulo Rocha, «O passado e o presente», de Manoel de Oliveira, e «Meus amigos», de António Cunha Telles.
Na televisão, assinou, entre outras, as séries «Palavras herdadas», «TV artistas», «Arte Nova e Deco no norte de Portugal» e «O trabalho do ouro e da prata no norte».