Os carros a acelerar, o som dos motores e o convívio é o que atrai os entusiastas de Vila Real ao circuito urbano, independentemente de as corridas serem nacionais ou internacionais.

O Circuito Internacional de Vila Real começou na sexta-feira e termina hoje, estando, nesta edição, reduzido a provas nacionais.

“Para nós, que somos daqui e temos esta paixão pelas corridas, basta estarmos aqui e estar a ouvir os carros a passar. Não interessa muitas vezes a qualidade das corridas. É a realidade. É o convívio com as pessoas e o ambiente, é uma paixão que está incutida nos vila-realenses”, afirmou à agência Lusa Nuno Martins.

Com andaimes a servir de bancada e tendas montadas na zona da reta de Mateus, um dos ‘spots’ do circuito de Vila Real, Nuno, família e amigos instalaram-se ali durante os três dias de circuito.

“Todos os anos vimos para aqui, vivemos mesmo aqui em Mateus e tudo o que é de comer e de beber a gente tem aqui”, referiu.

A diferença com a edição do ano passado nota-a a “nível do público”, porque, segundo disse, “não há corrida internacional”.

“Hoje está um bocadinho melhor, mas, na sexta-feira e sábado, em relação ao ano passado, houve menos gente”, apontou.

Num andaime ao lado, Íris Sousa disse que não perdeu um circuito desde que as corridas foram retomadas em 2014.

“Gostamos muito das corridas, somos fãs, estamos todos juntos, a família e amigos, montamos os andaimes já com alguma antecedência”, contou.

Íris Sousa disse que o circuito “traz alegria para o povo, traz distração”, embora também aponte para "menos gente" a ver este ano, porque “estas corridas não são tão atrativas”, referindo-se às provas nacionais.

“Mas, para nós, o que interessa é ver os carros a passar”, garantiu.

E considerou que “vale a pena” para quem tem a paixão das corridas, apesar do trabalho e logística com a montagem dos andaimes, das tendas e preparação das refeições, almoços, jantares e lanches.


Em 2023, o circuito inclui cinco provas nacionais: o Campeonato de Portugal de Velocidade (CPV) e ainda o Campeonato Nacional de Clássicos, Legend, 1300 e Super Legend, nas quais estão inscritos cerca de 120 pilotos.

A Taça do Mundo de Carros de Turismo (WTCR), corrida disputada em Vila Real durante seis edições terminou no ano passado, mas, apesar disso, o piloto Tiago Monteiro, que competiu nesse campeonato durante vários anos, regressou hoje à cidade transmontana.

“É sempre uma boa sensação voltar a Vila Real, obviamente que eu preferia estar no carro, mas, pelo menos, passar aqui, cumprimentar toda a gente, sentir esta adrenalina, esta paixão, esta festa e matar um bocadinho as saudades”, afirmou aos jornalistas.

Tiago Monteiro garantiu que quer voltar a competir no circuito, que considera que é “único para todos os pilotos” e disse que o regresso de uma prova internacional “era bom”.

“E acho que há várias oportunidades para que as coisas voltem a acontecer”, frisou, lamentando o “período complicado” que o “desporto automóvel está a atravessar” e lembrando que a “covid-19 não ajudou e as marcas sofreram muito nas vendas”.

Tiago Ribeiro, 11 anos, é o fã n.º 1 de Tiago Monteiro e que é, por causa dele, que também quer ser piloto e correr em Vila Real. A irmã, Ana Margarida, nove anos, até fez um desenho para oferecer a Tiago Monteiro como “recompensa por ser um dos melhores corredores de Vila Real”.

A avó Dúmia Salgado é também uma fã de corridas e é com alguma nostalgia que recorda o antigo circuito.

“Saudades das outras corridas, dos fechos e aberturas do circuito, da sardinha assada, do caldo verde, das filas de trânsito intermináveis”, referiu. Agora, apontou, já não se sente tanto “o cheiro do pneu misturado com a gasolina”.

As corridas são paixão pelo automobilismo, mas são também negócio.

E no restaurante “Di’ferente” estes têm sido dias de grande azáfama.


“O fim de semana está a correr muito bem”, afirmou Maria Albertina, que referiu que têm tido muitos clientes aos almoços e jantares.

Os dias são também de algum transtorno, por causa das condicionantes na via pública devido à instalação das equipas naquela zona, mas “vale a pena”.

Manuel Carvalho explora uma barraca de venda de bebidas e de comidas na zona de Mateus e referiu que hoje o negócio melhorou.

“Na sexta-feira nem um barril de cervejas vendi, mas também cortaram o acesso e não dava para vir para aqui a pé, ontem (sábado) já melhorou, porque deixaram circular as pessoas à vontade”, afirmou, considerando que o WTCR “trazia muitas pessoas de fora”.

Fotos: AP



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