Os trabalhadores dos CTT de Chaves, no distrito de Vila Real, iniciaram hoje uma greve parcial de 15 dias em protesto contra a falta de pessoal que resulta em “atrasos evidentes” na entrega de correspondência, referiu fonte sindical.

“A greve acontece devido à falta de pessoal. Estão previstos 21 postos de trabalho no centro de distribuição de Chaves mas há cinco giros que não se realizam diariamente”, destacou à agência Lusa Samuel Vieira, dirigente do Sindicato Independente dos Correios, Telecomunicações, Transportes e Expresso de Portugal (SICTEX), uma das estruturas sindicais que promovem a greve.

O SICTEX revelou que há 10 trabalhadores efetivos nos CTT de Chaves, aos quais se somam quatro contratados e quatro em prestação de serviços, mas que dois dos trabalhadores efetivos não fazem distribuição por incapacidade física, o que resulta em cinco giros que não são realizados diariamente nos concelhos de Chaves e Boticas.

Samuel Vieira indicou que todos os trabalhadores efetivos dos CTT de Chaves estão em greve, o que vai causar “constrangimentos nos próximos 15 dias” e “demorar algum tempo” para regressar à normalidade.

Está também agendado para sexta-feira um plenário de trabalhadores para “perceber se há algum progresso por parte da empresa em resolver o problema”.

O dirigente sindical salientou que a falta de trabalhadores leva a “atrasos evidentes” na entrega de correspondência, mas também à sobrecarga dos que prestam o serviço.

“Há trabalhadores com problemas psicológicos devido à carga de trabalho diário. Há pessoas que não aguentam e procuram juntas médicas. Embora seja um problema nacional, isto reflete-se onde o quadro do pessoal não está preenchido”, disse.

Segundo o SICTEX, os trabalhadores reclamam também a falta de contratação de pessoas para as férias, “ao contrário do que normalmente a empresa costumava fazer”.

O dirigente sindical explicou ainda que os constrangimentos dos serviços de Chaves são extensíveis ao concelho de Boticas, “porque a distribuição para aquele concelho parte de Chaves”.

“Resulta que em Chaves e Boticas é prestado um mau serviço o que leva a uma grande pressão sobre os trabalhadores, que são pressionados pelos clientes, como pessoas que querem receber os seus vales, ou as empresas, que querem ver as encomendas entregues nos dias contratualizados”, frisou.

Samuel Vieira apontou ainda que os CTT têm um contrato com o Estado para assegurar em todo o território nacional essa distribuição e que apesar da Câmara de Boticas ter assumido em parte a distribuição “não devia ser usado dinheiro do erário público para assegurar algo que deviam ser os CTT a fazer”.

Para o dirigente do SICTEX, os CTT têm forma de resolver os problemas devido à existência de pedidos de transferência de trabalhadores para Chaves.

E ainda pela existência de trabalhadores que viram o seu contrato de trabalho terminado em Chaves sem ser renovado, apesar da sua experiência e de estarem disponíveis para continuarem mediamente um contrato mais estável, acrescentou.

Já Álvaro Moreira, carteiro em Chaves e dirigente do Sindicato Independente dos Trabalhadores da Informação e Comunicações (SITIC), alertou que “a situação está cada vez pior de dia para dia” apesar do “aumento do trabalho durante a pandemia”.

“Temos trabalhadores contratados há sete ou oito anos sem efetivar e muitos saem para procurarem emprego mais estável”, referiu o funcionário dos CTT desde 1993, destacando que a greve pretende também “esclarecer a população do porquê dos atrasos”.

Os carteiros do centro de distribuição de Chaves vão fazer greve parcial até 15 de setembro durante as primeiras duas horas de trabalho.

A agência Lusa procurou uma reação por parte dos CTT, mas até ao momento ainda não obteve resposta.



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