Dois mil quilos de “matéria-prima” necessárias para o I Congresso Nacional de Carving que trouxe a Bragança profissionais da hotelaria empenhados na divulgação da escultura em frutas e legumes.
Depois de um primeiro encontro de profissionais de Carving no ano transato em Bragança, está a decorrer no Centro Empresarial de Bragança, mais conhecido por Nerba, o I Congresso Nacional de Carving.
Integrado na 15ª Feira Internacional do Norte, o Congresso que termina este domingo trouxe à capital de distrito sete dos melhores profissionais em Portugal na área da escultura de frutas e legumes.
“O ano passado o encontro foi uma fase embrionária, que serviu para testar e ver que profissionais estariam interessados em participar nesta iniciativa e, também, para alicerçar o Congresso Nacional deste ano”, começou por explicar ao Diário de Trás-os-Montes (DTM) o principal responsável pela organização de ambos os certames.
“Este é o segundo evento do género com mais profissionais a aderir, está a ser formidável e o ambiente aqui no atelier onde estamos a trabalhar é qualquer coisa de alucinante”, descreve Pedro Rodrigues, que está focado em dar a conhecer à população nortenha em que consiste a “arte” que, na sexta-feira, fez as delícias de centenas de crianças que vieram de várias escolas da cidade. “Foi uma gritaria! Bem, eu nem sabia o que era tanta gente… Gente de palmo e meio de boca aberta com o que estávamos a fazer. Eu nem tenho palavras para descrever”, contou o profissional de carving, momentos após as crianças abandonarem o recinto da feira e, ainda, visivelmente emocionado por aquilo que tinha acabado de experienciar. “Como estamos na época do Halloween e com toda a nossa criatividade, fizemos abóboras temáticas, uns bonecos, os mínimos, bichos e as crianças ficaram fascinadas”, comunicou Pedro Rodrigues.
Quando aos profissionais presentes no I Congresso, são sete e vieram de todo o país apostados em dar a conhecer a “arte” que os une. “Temos o Manuel Oliveira que trabalha no Parque Hotel de Penafiel, tenho um miúdo de 17 anos que descobri há cerca de dois anos em Penafiel e que mostra indícios de poder vir a ser um grande profissional no futuro, o Luís Ramos que vem de Albufeira, o Rui Pinto e o Diamantino e o Nazário Serrão do Funchal”, nomeou o responsável pela iniciativa, acrescentando que “está aqui uma autêntica brigada hoteleira de carving”.
Para este evento, foram necessários, sensivelmente, dois mil quilos de “matéria-prima”, entre fruta e legumes, que Pedro Rodrigues tem vindo a cultivar desde 2012. “Eu moro na aldeia, tenho terreno agrícola e durante as minhas férias e mesmo nas minhas folgas estruturo a minha agricultura para produção de abóboras, quer para o halloween, quer para o congresso”, declara o profissional hoteleiro.
Questionado sobre se considera que com a realização do primeiro encontro em 2015 e, agora, com a organização do Congresso Nacional, foi dado um passo importante na divulgação do que é o carving, o responsável pela iniciativa é perentório em asseverar que sim. Mas este jovem transmontano não pretende ficar por aqui. “Já ando a sondar e já tive colegas estrangeiros, do México, do Brasil, França, que olharam para o congresso português e acham que têm de vir. Portanto, no próximo ano vamos ver se vêm”, transmite, noticiando as suas aspirações, em primeira mão, ao DTM. “Ser da terra e poder trazer à terra com aquilo que sei e com o conhecimento que sei que tenho fazer um evento de grande envergadura para a cidade, para mim, na minha terra, era soberbo”, conclui Pedro Rodrigues, confidenciando que trazer estrelas internacionais do carving a Bragança já em 2017 seria o alcançar de “mais uma etapa”, esta ao nível do sonho.
Testemunhos de cinco dos seis profissionais convidados do I Congresso Nacional de Carving
Luís Ramos, Albufeira
“Esta é a minha primeira vez em Bragança e está a ser fantástico! Demais! Ainda agora estiveram aqui centenas de crianças e foi a loucura total! Elas deliraram e encheram-nos de orgulho e de vontade para fazer mais e melhor.”
Rui Pinto, S. Pedro do Sul
“Eu já estive aqui o ano passado e é sempre bom, pois vêm vários colegas do carving e dá para trocar ideias. No geral, todos gostam daquilo que nós fazemos. As crianças mais da bonecada, mas às vezes vêm pessoas de idade e adoram as flores ou outro género de trabalhos.”
Diamantino Sousa, Chaves
“Também estive cá o ano passado no primeiro encontro de escultores de fruta. Isto é bom para divulgarmos estas artes, pois ainda há muita gente que não sabe o que é isto. Esta é uma arte que se aprende todos os dias… Primeiro idealizamos, depois colocamos em prática.”
José Rodrigues, Paredes
“Sempre gostei de me aventurar, sempre gostei de servir à mesa e fui vendo as coisas que as pessoas têm feito e, então, interessei-me, quis aprender mais um pouco, encontrei o Pedro Rodrigues ou ele encontrou-me a mim, ensinou-me algumas técnicas, outras aprendi no youtube, agora, ele deu-me oportunidade de vir ao congresso e espero ser cada vez melhor.”
Manuel Cruz, Ermesinde
“É a minha primeira vez e está a ser muito bom! Temos aprendido coisas novas, técnicas novas, o convívio em si é excelente e iremos repetir mais vezes de certeza. Ainda há muita gente que desconhece o que é o carving e é por isso que estamos a apostar neste tipo de eventos.”