A casa onde nasceu o escritor Miguel Torga, em São Martinho de Anta, concelho de Sabrosa, foi classificada como monumento de interesse público pelo Governo, segundo uma portaria publicada hoje em Diário da República (DR).
A moradia, que está a ser recuperada e vai ser musealizada, transformando-se num polo turístico dedicado ao escritor, foi classificada como monumento de interesse público pelo Governo.
Miguel Torga, cujo nome de batismo era Adolfo Correia da Rocha, nasceu a 12 de agosto de 1907, em São Martinho de Anta, concelho de Sabrosa (Vila Real), e morreu a 17 de janeiro de 1995, em Coimbra.
Na portaria 655/2019, publicada hoje em DR e assinada pela secretária de Estado da Cultura, Ângela Carvalho Ferreira, o Governo justificou a classificação com o “interesse do bem como testemunho notável de vivências ou factos históricos e à sua extensão e ao que nela se reflete do ponto de vista da memória coletiva".
“Este pequeno universo transmontano, onde Miguel Torga passou largas temporadas da vida e onde escreveu parte da sua obra, é uma chave de leitura dos seus textos e um símbolo da sua personalidade e da sua obra literária, ambas tão influenciadas pelas características e vivências desta terra natal, a que o autor nunca deixou de regressar”, pode ainda ler-se na portaria.
A Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) congratulou-se com a classificação da casa de Miguel Torga, que resultou de uma proposta apresentada por esta entidade e que foi determinada pela Direção Geral do Património Cultural, após parecer da Secção do Património Arquitetónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura.
O diretor regional, António Ponte, destacou a “dimensão simbólica do imóvel”, considerando que a classificação “vem reforçar a estratégia de promoção turístico-cultural" que pretende transformar a moradia "no ponto de partida para uma rota turística dedicada ao escritor”.
Por outro lado, acrescentou à agência Lusa, pretende-se que “possa funcionar em articulação com o Espaço Miguel Torga, produzindo mais conhecimento sobre a vida e obra do escritor, mas também sobre o espaço quotidiano do tempo que ele passava em São Martinho de Anta”.
A DRCN iniciou em janeiro as obras de recuperação e de musealização da casa daquele que é um dos mais conhecidos dos escritores transmontanos.
Neste momento, segundo a direção regional, está em fase final de conclusão a empreitada de adaptação da casa, estando a decorrer o processo de adjudicação para a intervenção de arranjos exteriores (jardim).
Está também em fase de preparação a abertura de concurso para a implementação do projeto museológico, bem como do plano de comunicação e dinamização turístico-cultural do espaço.
O edifício térreo, datado de 1950, foi doado com o seu recheio em 2014 pela filha do escritor, Clara Crabbé Rocha, à DRCN.
A casa possui um 'hall', uma cozinha e sanitário, uma sala de estar e três quartos.
A rota turística dedicada a Miguel Torga, primeiro Prémio Camões (1989), poderá permitir aos turistas visitar a região, guiando-se pelos lugares que inspiraram o escritor, desde o largo do Eirô, a capela de Nossa Senhora da Azinheira, o santuário rupestre de Panóias, os miradouros de São Leonardo da Galafura ou de São Salvador do Mundo.
Torga inspirou-se na sua terra natal e nas paisagens do Douro para criar muitas das suas obras, desde os poemas, os contos ou os romances, como a "Criação do Mundo", "Bichos", "Contos da Montanha" e "Vindima".