A antiga casa de Miguel Torga, localizada na terra natal do escritor, em São Martinho de Anta, concelho de Sabrosa, poderá ser classificada como monumento de interesse público (MIP), por proposta da Direção-Geral do Património Cultural.

A proposta vai ser remetida ao ministro da Cultura e, até 9 de novembro, decorre a consulta pública do projeto de decisão relativo à classificação como monumento de interesse público da casa onde viveu um dos mais conhecidos dos autores transmontanos.

Trata-se de um passo necessário no processo de classificação de monumentos.

O presidente da Câmara de Sabrosa, José Marques, mostrou-se hoje satisfeito com este procedimento administrativo que considerou que "vai agilizar o processo de classificação em curso".

Miguel Torga, cujo nome de batismo era Adolfo Correia da Rocha, nasceu a 12 de agosto de 1907 em São Martinho de Anta, concelho de Sabrosa (Vila Real), e morreu a 17 de janeiro de 1995, em Coimbra.

A sua casa em São Martinho de Anta foi doada pela filha do escritor, Clara Crabbé Rocha, à Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN).

Trata-se de edifício térreo casa possui um 'hall', uma cozinha e sanitário, uma sala de estar e três quartos.

A DRCN apresentou, em janeiro de 2015, um projeto para transformar a antiga e pequena casa de Torga num espaço de visita.

Na altura, o diretor regional António Ponte explicou que a intervenção que se pretende concretizar "será sempre muito minimalista, procurando manter o mais possível a casa fiel à sua estrutura física" e que "permita ao visitante ficar a conhecer a sua vida, o seu relacionamento familiar e um pouco do espaço quotidiano, do tempo em que ele passava em São Martinho de Anta".

O responsável referiu que "se pretende revelar um pouco de como era a vida do escritor e médico na sua terra Natal, mostrando, por exemplo, a cadeira onde ele se sentava ou alguns dos seus objetos de decoração, alguns dos quais relacionados com a caça que era uma das suas atividades de eleição".

Fonte da DRCN disse hoje à agência Lusa que o projeto de musealização ainda aguarda por verbas para a sua concretização.

Por sua vez, José Marques disse que espera "agora que o projeto de recuperação e de musealização da casa do escritor, já publicamente apresentado em janeiro de 2015, seja materializado pelo Governo".

A DRCN está a elaborar, em articulação com a Câmara de Sabrosa, uma proposta de zona especial de proteção da casa de Torga que integra a parte edificada centra de São Martinho de Anta e alguns terrenos rústicos na envolvente do imóvel.

Depois, a atividade da Casa Miguel Torga irá funcionar em articulação com o Espaço Torga, construído mesmo ao lado pela Câmara de Sabrosa e que foi desenhado pelo arquiteto Souto Moura.

"Penso que, no futuro, se pode estabelecer um elo cultural interativo entre o espaço interpretativo e a casa onde nasceu Torga e que ambos possam produzir mais conhecimento não só sobre a obra do escritor, mas também sobre a sua vivência mais quotidiana", sublinhou o autarca.

Torga inspirou-se na sua aldeia e nas paisagens do Douro para criar muitas das suas obras, desde os poemas, os contos ou os romances, como a 'Criação do Mundo', 'Bichos', 'Contos da Montanha' e 'Vindima'.

Cerca de 5.000 a 7.000 pessoas já visitam anualmente a terra natal de Miguel Torga "guiados" pela obra do escritor.
Lusa



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