O caso está relacionado com o parto de uma criança que nasceu com paralisia cerebral e uma incapacidade de 95%. A médica já cumpriu suspensão de noventa dias, decretada pela Inspecção-Geral das Actividades em Saúde.

A médica obstetra envolvida no caso do parto de uma criança que nasceu com paralisia cerebral, em Fevereiro de 2003, na maternidade de Mirandela (encerrada em 2006), vai mesmo a julgamento pelo crime de recusa de médico. Ontem, o juiz de instrução do tribunal judicial de Mirandela (TJM) pronunciou, para ser julgada em processo comum, perante tribunal colectivo, a médica obstetra (Olímpia do Carmo), acusada de autoria material, na forma consumada, de um crime de recusa de médico, dando conformidade ao acórdão proferido pelo Tribunal da Relação do Porto, em Junho passado, depois de ter considerado procedente o recurso apresentado pelos pais da criança na sequência da decisão do tribunal de Mirandela, em Outubro de 2008, de não pronunciar a médica em causa.

Os factos remontam ao dia 11 de Fevereiro de 2003, dia em que Isabel Bragada deu entrada, pelas dez e meia da manhã, no hospital de Mirandela com 39 semanas e dois dias de gestação. A parturiente entrou no período expulsivo, mas não colaborava, por exaustão, e o feto veio a ficar encravado. A permanência deste no canal do parto, provocou-lhe dificuldades respiratórias, cada vez mais graves, e consequente falta de oxigenação do sangue, com inerente perigo grave para a sua integridade física e até para a sua vida.

Dez minutos depois das nove da noite, Isabel Bragada deu à luz o Gonçalo. Durante o período de parto e até às vinte e uma horas e sete minutos, \"o bebé manteve-se em sofrimento fetal agudo, que revelava asfixia perinatal, surgida durante o parto\". \"Como consequência directa\", o Gonçalo sofreu edema cerebral extenso e veio a nascer com paralisia cerebral e epilepsia, com uma incapacidade permanente de 95%, apresentando, do ponto de vista neurológico, um gravíssimo atraso de desenvolvimento psico-motor.

Isabel Bragada e Mário Damasceno consideram que esta \"é a primeira alegria nos últimos seis anos depois de uma longa luta e de duas derrotas neste tribunal com os arquivamentos\". A mãe do Gonçalo espera que a médica \"seja punida pelo estado em que deixou o meu filho\".



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