A Fundação Casa de Mateus, em Vila Real, programou para 2024 cerca de 100 eventos que cruzam música, literatura, dança, teatro e debates, apostando ainda em residências para a criação artística e contemporânea, anunciaram os seus responsáveis.
Teresa Albuquerque, diretora para as atividades culturais da Fundação da Casa de Mateus, disse hoje, em conferência de imprensa, que foi preparado um “vasto programa” para 2024, que começou no Dia Mundial da Poesia, a 21 de março, e se estende até ao final do ano, com cerca de uma centena de eventos.
“Literatura, artes visuais, artes performativas, teatro, música. É um programa que é multidisciplinar”, salientou a responsável.
O palácio de Mateus, finalizado em 1744 e reconhecido como monumento nacional desde 1910, é também a principal atração turística de Vila Real.
“A Casa de Mateus é um centro de cultura situado na região Norte. É uma afirmação de que, a partir daqui, podemos criar e apresentar reflexão e arte para todos os públicos”, afirmou Teresa Albuquerque.
O palácio é um museu, que inclui um vasto arquivo e biblioteca, rodeado por um parque de 26 hectares com jardins, vinha, horta e um bosque.
Entre a programação já delineada para 2024, Teresa Albuquerque destacou os Encontros Internacionais de Música da Casa de Mateus (julho e agosto), a apresentação da revista Umbigo e a inauguração da exposição da artista Anne Marie Maes, que resulta de uma residência artística, a inauguração do “Jardim Pintado”, de Manuel Casimiro, e de uma obra inédita de Miguel Palma.
A programação reparte-se pelo ciclo “Arte na Paisagem”, pela “Escola das Transcrições”, pelas residências artísticas “O presente do futuro”, pel'“O barroco revisitado”, por debates e conta ainda com a iniciativa “AGZ X” que assinala os dez anos da morte do escritor, encenador, realizador e compositor português de origem uruguaia Alvaro García de Zúñiga.
Durante o ano vai haver teatro com a companhia Teatro da Rainha, dança com a Companhia Paulo Ribeiro, e a música, do barroco ao contemporâneo, vai exprimir-se sob diversas formas, desde o estimulo à criação de novas obras com o Sond’Ar-te Electric Ensemble a uma ópera de Händel acompanhada pela Orquestra Barroca de Mateus.
Em novembro, serão reveladas as obras finalistas do concurso internacional de composição de 'Lied' (canção de câmara).
Os debates em 2024 terão como temas centrais a corrupção e as suas consequências, a transição democrática dos últimos 50 anos em Portugal, e serão ainda retomados os programas “Repensar Portugal e “Repensar Ibéria”.
Em novembro regressam os domingos abertos à comunidade local, no âmbito da iniciativa “Nós por cá”, que inclui ainda visitas temáticas, percurso ambiental, a partilha de memórias locais e aulas regulares de ioga na paisagem.
“Vamos procurar manter esse programa, a única coisa que nos limita é a necessidade de mantermos este património, que é um encargo pesado, é uma responsabilidade enorme que, de facto, repousa apenas nas entradas dos visitantes nesta casa”, explicou Teresa Albuquerque.
Já no próximo domingo, a capela do palácio de Mateus abre portas para a celebração da Nossa Senhora dos Prazeres, padroeira da capela e da freguesia de Mateus, uma iniciativa que tem como destaque um tapete de flores de quase um quilómetro de extensão.
A programação cultural da Casa de Mateus conta com o apoio da Direção-Geral das Artes (DGArtes).
No ano passado, a Casa de Mateus recebeu 111.131 visitantes, um número que ficou “abaixo das expectativas”.
Os turistas chegam dos mais diversos países, desde a Ásia, às Américas e à Europa, a maioria inseridos em grupos organizados.
“Antes da pandemia, ultrapassámos os 120 mil (…). Esperamos que este ano corra melhor do que no ano passado e que nos permita continuarmos com estes programas de aproximação à comunidade”, salientou Teresa Albuquerque.
Em 2024, frisou, a retoma do turismo está ainda “um bocadinho tímida”.
Fotografia: Bruno Taveira