A Sociedade de Automóveis Flaviense, Lda (SAF) concessionária da Volkswagen, construiu as suas instalações no parque industrial das Antas, na estrada que liga Outeiro Seco a Vila Verde da Raia. São amplas, modernas, erguidas segundo as exigências da marca. Custaram, por isso, muitos milhares de contos.
E Carlos Rodrigues, o gerente da SAF, estava contente e orgulhoso das condições que a sua casa comercial oferecia aos clientes.
Mas isso até ao dia em que, no lote do lado, grandes máquinas começaram a fazer movimentações de terras. Que levantaram grandes quantidades de poeiras e que, nos dias de chuva, espalharam lama pela estrada, lama que, depois, era levada pelas rodas dos carros para dentro das oficinas. \"Nem queria acreditar no que me estava a acontecer\", diz Carlos Rodrigues, lembrando que o chão de todas as suas oficinas \"é pintado e não tem uma única pinga de óleo\".
Com a certeza de que a \"britadeira\" lhe irá prejudicar o negócio, \"devido às poeiras das areias e cimentos\", o gerente da SAF diz-se \"desiludido com esta terra\". \"Tenho aqui 4.000 metros quadrados de área coberta e investi cerca de 200 mil contos. E estava a pensar trazer para o local a Citroën [marca da qual já é concessionário]. Mas assim não dá, queixa-se Carlos Rodrigues, que garante que, inclusivamente, por causa da indústria do vizinho, já se recusou a ficar concessionário de uma outra marca \"de prestígio\". \"Desisto. Nesta terra penaliza-se quem investe\". E dispara contra a Câmara e o proprietário da central de betão: \"Fiz queixa logo que começaram com os desaterros, mas os fiscais que vieram ao local quiseram multar-me a mim porque alguém, que desconheço, despejou um pouco de lixo num terreno que ainda me pertence\".
\"Todos temos
direito à vida\"
João Grilo, dono do terreno contíguo às instalações da Volkswagen, diz não compreender a \"cisma\" do seu vizinho. \"Não sei por que razão ele pÎde montar o seu negócio e eu não posso montar o meu?\", questiona-se o empresário, garantindo, depois, que a sua central não emitirá nem ruídos nem poeiras. \"O meu projecto já está aprovado pelo Ministério do Ambiente. E é claro que vou trabalhar respeitando todas as normas da Comunidade Europeia\".
João Grilo, reconhece, contudo, que iniciou as obras antes de estar na posse da necessária licença camarária. Diz que se \"adiantou um bocadinho\" para evitar o tempo das chuvas, altura em que teria maiores dificuldades em movimentar as terras. \"Mas o projecto já está na Câmara e não vai tardar a ser aprovado\", garante o empresário que também puxa pelos seus \"galões\" quanto aos investimentos no local, que \"rondarão cerca de 200 mil contos\". E dá um detalhe: \"ando agora a negociar um carro de bombar betão que irá custar perto de 70.000 contos, mais o IVA\".
O embargo
A Câmara de Chaves detectou os trabalhos no lote da central de betão em 16 de Agosto. Na semana seguinte as obras foram embargadas. Como os trabalhos continuaram, foi levantado um auto de desobediência ao embargo do dia 26 de Agosto e participado ao tribunal dois dias depois.
Contudo, sobre a localização da central de betão junto à concessionária da Volkswagen, a Câmara de Chaves esclarece que a Planta de Ordenamento do PDM prevê para aquela zona a instalação de indústrias, \"não referindo o tipo de indústrias\". Pelo que poderão ali ser instaladas todas as indústrias. Inclusive as ligadas às britadeiras e ao betão.
Primeiro no Ranking nacional
O concessionário de Chaves da Volkswagen está actualmente classificado em primeiro lugar no ranking daquela marca, entre 48 outros concessionários.
Ficou em primeiro em \"precisão/exactidão do prognóstico\", em \"contacto do concessionário após intervenção\", em \"explicação da factura e do trabalho efectuado\" e em \"tempo de espera na recepção\". Em todas as outras \"disciplinas\" classificou-se sempre entre os melhores.