Já se afirma como um dos ex- -líbris da aldeia de Carrazedo do Alvão, no concelho de Vila Pouca de Aguiar. Uma centenária videira foi convertida, por força da Natureza da idade, no ornamento dominante de uma sala de estar. «Vive e convive» com os seus moradores. Pacificamente.
Assim nasceu assim vai ficar por vontade de Irene Carneiro e os seus familiares, que «estimam muito esta cepa», cuja idade estimam que seja de mais de «mais de cento e cinquenta anos».
\\"Já o meu pai, quando veio para esta casa, tinha a cepa cá instalada. Na altura do seu falecimento, em 1954, ela tinha penetrado na sala de estar\\", garantiu Irene Carneiro, fazendo um esforço de memória. \\"Tenho de andar sempre com o pano do pó na mão para a limpar\\", afirmou depois, mas sem qualquer ponta de recriminação. E, não obstante manter o enorme adorno vegetal num brinco, não o poda nem rega, temendo danificar uma relíquia de família \\"Foi plantada pelo meu pai\\".
E o inusitado vai mais longe, revela Irene Carneiro nascem cachos de uvas \\"pequeninos\\" dentro da própria sala, com uvas que dão origem depois ao \\"vinho morangueiro ou americano\\", como é conhecido na zona. Os seus braços enormes fazem com que, por ano, a \\"cepa caseira\\" produza quase uma pipa de vinho. E este ano não fugiu à regra, estentando na ramada grossos cachos.
O testemunho de estima e admiração pela cepa ficou expresso nas obras de ampliação da casa. \\"Nada foi feito sem proteger a cepa. Ampliamos a sala e a cepa não foi cortada\\" sublinhou Irene Carneiro. A videira tem um braço de cinco metros e viçosidade significativa. \\"Enquanto for viva, ninguém tocará nela\\", garante a sua \\"guardiã\\", e subscrita pelos filhos que \\"até vêm de Setúbal, colher uvas para levar com eles\\".