O Paços de Ferreira complicou hoje ainda mais as suas aspirações de permanência na I Liga de futebol, ao perder em casa do Desportivo de Chaves por 2-0, em jogo da 32.ª jornada da prova.
A precisarem de vencer para manterem intactas as aspirações de manutenção no principal escalão, os pacenses, que se viram reduzidos a 10 ainda na primeira parte, com o segundo cartão amarelo de Paulo Bernardo, aos 42 minutos, acabaram por ceder na segunda metade, devido aos golos de Obiora, aos 52, e de João Teixeira, aos 79.
Com esta vitória, os flavienses destacam-se no sétimo lugar, com 46 pontos, menos um do que o Vitória de Guimarães, sexto, enquanto os pacenses mantêm o 17.º e penúltimo lugar, com 20, a três do Marítimo, 16.º e em posição de play-off de manutenção, precisando agora que os insulares percam ainda hoje com o Sporting, em Alvalade.
I Liga / Desportivo de Chaves – Paços de Ferreira (ficha)
O Desportivo de Chaves venceu hoje o Paços de Ferreira por 2-0, em jogo da 32.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado em Chaves.
Jogo no Estádio Municipal Engenheiro Manuel Branco Teixeira, em Chaves.
Desportivo de Chaves – Paços de Ferreira, 2-0.
Ao intervalo: 0-0.
Marcadores:
1-0, Obiora, 52 minutos.
2-0, João Teixeira, 79.
Equipas:
- Desportivo de Chaves: Paulo Vítor, Nélson Monte, Ponck, Steven Vitória (João Correia, 72), Bruno Langa (Luther, 84), João Mendes (João Pedro, 72), Obiora, Benny (Juninho, 80), João Teixeira, Abass Issah, Héctor (Euller, 80).
(Suplentes: Rodrigo, Luther, Sandro Cruz, Euller, Juninho, Edu, Queirós, João Correia, João Pedro).
Treinador: Vítor Campelos.
- Paços de Ferreira: Marafona, Jorge Silva, Lima, Maracás, Antunes, Holsgrove, Paulo Bernardo, Rui Pires (Hernâni, 74), Thomas (Guedes, 74), Adrian Butzke (Uilton, 62) e Nico Gaitán (Tiago, 74).
(Suplentes: Vekic, Uilton, Tiago, Bastos, Luiz Carlos, Ferigra, Guedes, Mauro Couto, Hernâni).
Treinador: César Peixoto.
Árbitro: João Pinheiro (AF Braga).
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Paulo Bernardo (33 e 42), Tiago (90+4) e Antunes (90+4). Cartão vermelho por acumulação de amarelos para Paulo Bernardo (42).
Assistência: 2.475 espetadores.
COMENTÁRIO: Chaves bate Paços reduzido a dez e complica contas dos panceses na I Liga
O Desportivo de Chaves venceu hoje um Paços de Ferreira reduzido a 10 por 2-0, em encontro da 32.ª jornada da I Liga de futebol, complicando as contas da permanência dos 'castores'.
O Paços de Ferreira viajou até Trás-os-Montes de olhos postos na manutenção e na possibilidade de igualdade pontual com o Marítimo, tendo entrado melhor na partida, com uma atitude muito pressionante, sobretudo nos primeiros 15 minutos.
Contudo, os visitantes acabaram reféns da própria ineficácia, que se agudizou, ainda na primeira parte, com a expulsão de Paulo Bernardo e, mais tarde, com os golos de Obiora (52) e de João Teixeira (79), que 'carimbaram' a terceira vitória consecutiva dos transmontanos na I Liga.
A primeira grande oportunidade da partida surgiu aos três minutos, por intermédio de Gaitán, que viu o golo negado pelo guardião dos transmontanos à entrada da baliza. Na recarga, Adrián Butzke falhou o objetivo com a baliza aberta.
Pouco depois, Nigel Thomas tentou criar perigo ao movimentar a bola da esquerda para o corredor central, mas o remate saiu muito desenquadrado com as redes flavienses.
Aos oito minutos, Nico Gaitán voltou a tentar surpreender Paulo Vítor, com mais um remate de fora da área, mas o guardião brasileiro voltou a operar uma defesa segura e a negar o golo ao argentino.
A primeira grande ocasião para os transmontanos surgiu logo depois, aos 13 minutos, com um remate de Benny, à entrada da área, que passou muito perto da trave dos castores.
O golo tardava em apareceer, apesar das várias oportunidade para cada lado, tendo os 'castores' sofrido um forte revés aos 42 minutos, quando ficaram reduzidos a 10 após Paulo Bernardo ver o segundo amarelo na partida por entrada dura sobre João Teixeira.
A etapa complementar arrancou com os transmontanos a demonstrar superioridade em campo e vontade em alterar o nulo no marcador. Benny (46) e João Teixeira (47) deram os primeiros avisos, enquanto Gaitán tentou inverter a maré, assistindo Butzke, mas o remate saiu ao lado da baliza flaviense.
Aos 52 minutos, após uma primeira tentativa de João Mendes, defendida por Marafona, o guardião do Paços de Ferreira não conseguiu travar Obiora, que, na sequência de canto, de cabeça, desfez o nulo e 'carimbou' o primeiro golo no campeonato.
O Paços de Ferreira procurou, de imediato, empatar a partida, com Butzke (54) e Gaitán (55) novamente em destaque, a par de Nigel Thomas (59) e Maracás (69), mas a insistência teimou em não se materializar em eficácia.
Pouco depois, a maré de azar agudizou-se com o segundo golo dos transmontanos, apontado pelo capitão João Teixeira (79), na recarga após um primeiro cabeceamento de Héctor, defendido por Marafona.
Na reta final da partida, perante um Paços desmoralizado, o Desportivo de Chaves tentou voltar a fazer o gosto ao pé, por intermédio de Luther Singh (87 e 90) e de João Correia (88 e 90+5), mas sem sucesso.
Com este triunfo, os transmontanos permanecem no sétimo posto da tabela, com 46 pontos, menos um que o Vitória de Guimarães, sexto colocado, enquanto o Paços de Ferreira permanece no 17.º e penúltimo lugar, com 20, em zona de despromoção direta.
I Liga / Desportivo de Chaves – Paços de Ferreira (declarações)
Declarações após o jogo Desportivo de Chaves-Paços de Ferreira (2-0), da 32.ª jornada da I Liga de futebol, disputado, hoje, em Chaves:
- Vítor Campelos (Treinador do Desportivo de Chaves):
“Uma vitória importante, como todas, esta foi a de hoje e queríamos muito, também, fazer três seguidas [porque] nunca o tínhamos feito. Estamos a um ponto de igualar a melhor pontuação do [Desportivo de] Chaves e é isso que vamos procurar até ao final da época.
Sabíamos que íamos defrontar uma equipa que se ia agarrar com todas as suas forças para conseguir um bom resultado hoje. Entrámos, no início do jogo, algo apáticos, fomos melhorando um pouco, mas estávamos a insistir muito em jogo interior e o Paços de Ferreira estava a fechar muito o jogo interior, estava a fechar muito por dentro e estava com a linha da defesa muito subida.
Ao intervalo, já depois do Paços [de Ferreira] estar reduzido a dez, falámos que teríamos de ter mais variabilidade no nosso jogo, quer jogar por dentro, quer jogar por fora. Creio que na segunda parte estivemos melhor nesse aspeto [e] acabámos por chegar ao golo.
Depois, fomos controlando o jogo, sempre com mais posse de bola e acabámos por fazer o segundo golo, que nos deu mais tranquilidade. No cômputo geral, é certo que o Paços de Ferreira entrou bem, teve uma ou outra situação em que até podia ter marcado, mas depois daí, creio que controlámos o jogo do início ao fim e acabámos por ser justos vencedores.
(Importância do jogo para ambas as equipas) Sabíamos da importância deste jogo para ambas as equipas. Se, por um lado, o Paços [de Ferreira] quer agarrar-se, com todas as suas forças, para conseguir, pelo menos, chegar ao play-off, nós também queremos muito acabar [a época] o mais acima [possível] da tabela classificativa.
Creio que, com a vitória de hoje, relativamente a alguns adversários que estão abaixo de nós, já os colocámos numa posição em que já não nos vão conseguir alcançar e, por isso, vamos agora, nestes dois jogos que faltam, tentar acabar o mais acima [possível] na tabela classificativa, sabendo que ainda são dois jogos difíceis, como todos, mas vamos trabalhar para que isso aconteça.
(Impossibilidade de ir às competições europeias) Desde o início da época, trabalhamos sempre para que, em todos os jogos em que [entramos] em campo, respeitando os adversários e podendo ter uma estratégia diferente dependendo do jogo, [possamos] por em prática a nossa ideia de jogo, mas sempre com a perspetiva e com o intuito de vencer.
Como é óbvio, estávamos todos esperançados que pudéssemos chegar mais acima, [qualificando-nos] para as competições europeias, [mas] temos de perceber o lado da administração que acha que, nesta altura, em termos de estruturais e, para o clube, não era a melhor ideia. Agora, não vai ser por causa disso que não vamos deixar de lutar até ao fim, para que possamos ficar o mais acima na tabela classificativa.
É certo que hoje estamos a um ponto do Vitória [de Guimarães], estamos a dois pontos do Arouca, ambas as equipas têm um jogo a menos, mas tudo vamos fazer para tentar ficar o mais acima possível na tabela classificativa, porque os jogadores também têm consciência de que, quanto mais acima ficarem, é bom para eles, é bom para o clube e, também, para as famílias deles.
Uma das coisas que nos move muito, aqui, também, é fazer história e alguns deles estão cá desde a época passada, na II Liga, fizeram história ao subir à I Liga. Neste momento, vamos dar tudo para ultrapassar os 47 pontos [e], mais uma vez, fazer história. Até ao fim, aquilo que nós vamos fazer e que sempre disse, [é] representar, da melhor forma, e sermos a extensão dos transmontanos dentro do campo”.
- César Peixoto (Treinador do Paços de Ferreira):
“É um resultado que fica manchado, diria eu, pela expulsão. O onze para onze estava bem, nós [estávamos] melhor, até, bem organizados, a sair quando tínhamos de sair, criámos várias oportunidades de golo, até ao momento em que ficámos condicionados com a expulsão. O segundo amarelo [admoestado a Paulo Bernardo], eu acho que é bem mostrado, o primeiro não. Para mim, nem falta era. Já estive a ver o lance e, depois, é outro jogo, de quando estivemos onze para onze.
Foi um bom jogo, com as duas equipas a querer jogar, com qualidade, com duas boas ideias de jogo. Não retirando o mérito do campeonato que [o Desportivo de Chaves] está a fazer, e está a fazer um campeonato fantástico, mas nós viemos cá tentar lutar pelos três pontos, sempre muito bem organizados, com os ‘timmings’ de pressão bem trabalhos, a roubar bola e depois a criar bastantes jogadas de perigo, lances em que podíamos ter feito golo, logo no início.
Na segunda parte, sabíamos que íamos ter de sofrer, de nos fechar. Sabíamos que o [Desportivo de] Chaves, a jogar em casa, com a confiança com que está, ia carregar [e] tentámos sair algumas vezes, com algum perigo. Depois, com naturalidade, o [Desportivo de] Chaves acaba por construir o resultado, acaba, depois, por ser justo, mas acho que no onze para onze a minha equipa estava mais forte.
(Questionado sobre o porquê de a equipa não se ter dirigido à bancada visitante no final da partida) É natural que, não havendo resultados, [os adeptos] estejam chateados. É natural que as coisas, neste momento, não estejam da melhor maneira. No momento em que estamos, precisamos de apoio. Eu percebo toda a frustração deles, também é frustração dos jogadores.
Dependemos muito, agora, do jogo do Marítimo, mas fizemos uma recuperação fantástica na segunda volta, tem sido um esforço enorme, um esforço fantástico dos jogadores e eles, mais que ninguém, são [quem] está lá dentro, correm, sofrem, choram, dão tudo. Às vezes é preciso, também, entender o momento, entender os jogadores.
É natural que haja descontentamento dos adeptos, mas eu acho que tem de haver respeito e, havendo respeito, nós respeitamos os adeptos. Temos de dar todos os dias o nosso melhor, é o que nós tentámos fazer. Penso que, nesta fase, não adiantava muito estarmos a confrontar os adeptos, a tentar agradecer o elogio, porque eu acho que é um confronto, neste momento.
Estão eles chateados, estamos nós chateados, não leva a nada, não é o melhor momento para isso acontecer. Os jogadores agradeceram e agradecem o apoio, como é óbvio, mas não precisávamos de ter ido lá, dar a cara, à frente, porque claramente nós também estávamos muito chateados com o jogo e com o resultado”.