Desportivo de Chaves entrou com o pé esquerdo no campeonato da I Liga, ao perder dois a zero em casa do rio ave, queixando da arbitragem.
O Rio Ave venceu hoje por 2-0 na receção ao Desportivo de Chaves, em jogo da primeira jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado em Vila do Conde.
Leonardo Ruiz, aos 64 minutos, de grande penalidade, e Zé Manuel, aos 90+8, marcaram os golos da partida, sendo que os transmontanos jogaram com menos um elemento desde os 14 minutos, depois de Bruno Langa ver dois cartões amarelos em poucos segundos.
A formação de Vila do Conde, que não entrava a vencer num campeonato desde 2017/18, junta-se a Gil Vicente, Casa Pia, Sporting e Famalicão, todos com três pontos somados nesta primeira ronda da competição.
Rio Ave - Desportivo de Chaves (ficha)
O Rio Ave venceu hoje o Desportivo de Chaves, por 2-0, em jogo da primeira jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado em Vila do Conde.
Jogo no Estádio do Rio Ave FC, em Vila do Conde.
Rio Ave - Desportivo de Chaves, 2-0.
Ao intervalo: 0-0.
Marcadores:
1-0, Leonardo Ruiz, 64 minutos (grande penalidade).
2-0, Zé Manuel, 90+8.
Equipas:
- Rio Ave: Magrão, Josué (Patrick William, 73), Aderllan Santos, Renato Pantalon (Sávio, 46), Costinha, Amine Oudrhiri (Vítor Gomes, 73), Guga, Fábio Ronaldo, Joca (Zé Manuel, 73), Hernâni (Emmanuel Boateng, 46) e Leonardo Ruiz.
(Suplentes: Lucas Flores, Patrick William, Vítor Gomes, Sávio, Ukra, João Graça, Emmanuel Boateng, Zé Manuel e André Pereira).
Treinador: Luís Freire.
- Desportivo de Chaves: Hugo Souza, Bruno Rodrigues, Ygor Nogueira, Bruno Langa, Habib Sylla (João Queirós, 90), Kelechi Nwakali, João Pedro (Pedro Pinho, 65), Sandro Cruz (Rodrigo Melro, 90), Benny (Steven Vitória, 46), Paulo Víctor e Héctor Hernández.
(Suplentes: Rodrigo Moura, Picas, Pedro Pinho, Steven Vitória, Eduardo Borges, João Queirós, Guilherme Ferreira, Rodrigo Melro e Ktatau).
Treinador: José Gomes.
Árbitro: Ricardo Baixinho (AF Lisboa).
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Bruno Langa (14 e 14), Ygor Nogueira (20), Renato Pantalon (40), Habib Sylla (63), Joca (73) e Sávio (90+3). Cartão vermelho por acumulação de amarelos para Bruno Langa (14).
Assistência: Cerca de 3.000 espectadores.
COMENTÁRIO: Rio Ave passa teste de resistência do Chaves com expulsão e penálti
O Rio Ave teve hoje uma estreia afirmativa na edição 2023/24 da I Liga de futebol, ao superiorizar-se em casa ao Desportivo de Chaves (2-0), que alinhou desde cedo em inferioridade numérica, na jornada inaugural da prova.
Em Vila do Conde, a partida começou a ser desequilibrada a favor dos anfitriões aos 14 minutos, quando o moçambicano Bruno Langa foi expulso com dois cartões amarelos em poucos segundos, sendo que, na segunda parte, o colombiano Leonardo Ruiz, de grande penalidade (64 minutos), e Zé Manuel (90+8) fizeram os golos da vitória ‘verde e branca’.
O Rio Ave, que já não entrava a ganhar numa edição desde 2017/18, juntou-se de forma provisória no topo a Gil Vicente, Casa Pia, Sporting e Famalicão, com três pontos, contra nenhum do Desportivo de Chaves, que cedeu na estreia pela quarta campanha seguida.
Impedidos pela FIFA de inscrever novos jogadores, devido ao caso Olinga, os anfitriões surpreenderam apenas com a inclusão de Magrão na baliza, em detrimento do habitual titular Jhonathan, lesionado, enquanto os flavienses utilizaram quatro reforços de início.
A partida arrancou com duas equipas ‘encaixadas’ taticamente em ‘3-4-3’, mas Kelechi Nwakali tentou capitalizar o vento a favor dos ‘pupilos’ de José Gomes aos cinco minutos, num remate perto do alvo, ascendente que terminaria ao fim do primeiro quarto de hora.
Depois de uma falta cometida sobre Leonardo Ruiz, imediatamente seguida de protestos efusivos na direção da equipa de arbitragem, Bruno Langa foi sancionado com um duplo cartão amarelo consecutivo e deixou o Desportivo de Chaves em inferioridade numérica.
O Rio Ave forçou o opositor a recuar no terreno e passou a controlar as incidências, mas escasseou em soluções no último terço, acumulando apenas um pontapé em rotação de Hernâni para fora, aos 29 minutos, e um cabeceamento alto de Aderllan Santos, aos 37.
A equipa de Luís Freire prescindiu do trio de centrais ao intervalo e voltou dos balneários com maior dinamismo, tendo Fábio Ronaldo testado o guarda-redes Hugo Souza, aos 50 minutos, por entre uma tentativa acrobática de Ruiz e um ‘tiro’ de longe de Joca à trave.
Nem os ajustes defensivos do Desportivo de Chaves retiraram ímpeto ao Rio Ave, que carregou aos 59 minutos, com Joca a cruzar para a emenda ao poste de Fábio Ronaldo, numa jogada em que o videoárbitro (VAR) detetou uma falta de Habib Sylla sobre o ala.
Leonardo Ruiz foi eficaz da marca de grande penalidade, aos 64 minutos, e serenou os vila-condenses, cujo fulgor anímico continuou a expressar-se em iniciativas de Guga, aos 66, de Aderllan, aos 79, e de Vítor Gomes, aos 81, todas inviabilizadas por Hugo Souza.
O Desportivo de Chaves até ameaçou a surpresa, não fosse Paulo Victor ter colocado a bola dentro da baliza do Rio Ave em fora de jogo, aos 88 minutos, no único momento de verdadeiro perigo para a baliza de Magrão, que seria ripostado à altura nos ‘descontos’.
Ao oitavo minuto de compensação, Zé Manuel correspondeu à solicitação de Sávio pela esquerda e finalizou sem mácula uma jogada criada por dois dos suplentes da equipa da foz do Ave, antes de Magrão ter detido um golpe aéreo de Bruno Rodrigues, aos 100+2.
Rio Ave - Desportivo de Chaves (declarações)
Declarações após o jogo Rio Ave-Desportivo de Chaves (2-0), da primeira jornada da I Liga de futebol, disputado hoje em Vila do Conde:
- Luís Freire (treinador do Rio Ave): “Vínhamos com um plano inicial de assumir o jogo, sabendo que o Desportivo de Chaves nos pressionaria e que é corajoso. Os primeiros 15 minutos foram nivelados e com um futebol encaixado de parte a parte, mas ter passado a jogar com mais um [jogador] deu-nos vantagem no plano teórico. Conseguimos chegar à baliza e criar oportunidades de golo na primeira parte, mas faltava-nos mais objetividade.
Ao intervalo, fiz alterações para dar maior projeção ofensiva à nossa equipa e penso que resultaram. Fomos sempre muito incisivos e completamente dominadores nessa segunda parte, com nove ou 10 oportunidades, bolas nos ‘ferros’ e ótima definição no último terço.
Fizemos os golos com tremendo mérito. Tinha alertado os jogadores que devíamos estar focados no contra-ataque do adversário, com vigilância e à procura do golo. Fomos uma equipa muito trabalhadora, abnegada, controlada emocionalmente e nunca perdemos a paciência ou entrámos naquele ‘chutão’ de qualquer maneira para a frente. Tudo isso foi desgastando o Desportivo de Chaves e o segundo golo conferiu justiça ao marcador. Foi uma vitória justa e uma boa prestação. Merecemos a vantagem e estamos de parabéns.
Temos de estar sempre a melhorar a nossa forma de jogar. Quem vir o jogo atentamente, vê que estamos com novas variantes, sobretudo defensivas, e estamos a sair de maneira diferente em contra-ataque. Temos a vantagem do trabalho que está para trás, mas essa desvantagem de já termos perdido alguns jogadores. Estamos a fazer o nosso trabalho e vê-se mérito total da estrutura, da direção, que nos dá estabilidade para trabalhar, e dos atletas, que são os intervenientes máximos, suam pela camisola e merecem os aplausos. Os adeptos estão conscientes das dificuldades para este ano, mas vamos ter uma equipa competitiva. Não iremos ganhar sempre, mas a nossa obrigação é dar tudo em campo”.
- José Gomes (treinador do Desportivo de Chaves): “Tentámos com toda a nossa força e energia fazer jus ao nosso lema e à valentia transmontana. Começámos o jogo com esse apelo de não virarmos a cara à adversidade. Além disso, houve vento, que, quando está forte, prejudica o espetáculo em Vila do Conde, e a expulsão do Bruno Langa, que levou um [cartão] amarelo numa jogada em que cortou a bola. Foi uma série de circunstâncias.
Antes de a I Liga começar, tivemos um encontro extraordinário com os árbitros. Acho que o devemos repetir. Seguramente, há coisas a afinar e os profissionais têm de ajudar para que todos os intervenientes cresçam e melhorem o seu rendimento. Da nossa parte, eu considero que nos batemos e ameaçámos a baliza do Rio Ave. Valeu pela atitude e pelo facto de nunca desistirmos daquilo que, muitas vezes, foi mais uma luta do que um jogo.
[Necessidade de reforços] Estamos a trabalhar desde o primeiro minuto em conjunto com a direção, que tudo tem feito para trazer [jogadores], mas há que perceber que estamos sujeitos às regras do mercado e não é apenas no Desportivo de Chaves que se vê isso.
Temos de procurar corrigir esse problema o mais rápido possível, mas está aos olhos de todos que vamos ser reforçados. Este plantel não está fechado e apelo aos adeptos que tenham um pouco de paciência e façam o juízo de valor depois de o trabalho estar feito. Pela forma extraordinária como a cidade e o clube têm recebido esta equipa técnica e os novos jogadores, tenho a certeza de que o bom ambiente diário resultará num ano bom.
[Críticas à arbitragem] Temos de estar focados naquilo que controlámos. Essa é a nossa obrigação e, muitas vezes, a nossa limitação. Estamos a começar um campeonato longo, pelo que esta equipa de arbitragem e de videoarbitragem [VAR] aparecerão mais vezes. Temos de tentar ajudar a melhorá-los e todos temos de crescer para que Portugal tenha um campeonato ainda melhor. Só havendo uma relação mais próxima entre quem arbitra e quem treina é que podemos melhorar o produto final que apresentamos a cada ronda”.