O Desportivo de Chaves tranca baliza durante sessenta minutos ao Benfica num jogo decidido debaixo de temporal. O Chaves mantém 7 pontos e o 15º lugar da liga.
O Benfica venceu hoje por 2-0 no reduto do Desportivo de Chaves, em encontro da 10.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, para igualar, provisoriamente, o Sporting na liderança e colocar-se três pontos acima do FC Porto.
O norueguês Fredrik Aursnes, aos 59 minutos, e João Mário, aos 80, de grande penalidade, apontaram os tentos das ‘águias’, que regressaram aos triunfos, num relvado onde perderam por 1-0 na época passada, após o empate 1-1 com o Casa Pia.
O Benfica subiu ao primeiro posto, com 25 pontos, os mesmos do Sporting, que recebe no domingo o Estrela da Amadora e viaja na próxima ronda à Luz, e mais três do que o FC Porto, derrotado em casa pelo Estoril Praia (0-1). O Chaves é 15.º, com sete.
I Liga/ Desportivo de Chaves – Benfica (ficha)
O Benfica venceu hoje o Desportivo de Chaves por 2-0, em encontro da 10.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado em Chaves.
Jogo no Estádio Municipal Engenheiro Manuel Branco Teixeira, em Chaves.
Desportivo de Chaves – Benfica, 0-2.
Ao intervalo: 0-0.
Marcadores:
0-1, Aursnes, 59 minutos.
0-2, João Mário, 80 minutos (grande penalidade).
Equipas:
- Desportivo de Chaves:
Hugo Souza, João Correia (Carraça, 58), Bruno Rodrigues, Bruno Langa, Sandro Cruz, Cafú Phete (Jô Batista, 85), Kelechi, Rúben Ribeiro (Guima, 85), Lameiras (Paulo Víctor, 58), Héctor Hernández e Sanca (Abass Issah, 68).
(Suplentes: Rodrigo, Paulo Víctor, Abass Issah, Steven Vitória, Guima, Carraça, Queirós, Morim e Jô Batista).
Treinador: Moreno.
- Benfica:
Trubin, António Silva, Otamendi, Morato, João Neves, Florentino, João Mário (Chiquinho, 83), Aursnes, Di María (Tengsted, 71), Gonçalo Guedes (Arthur Cabral, 46) e Rafa (Musa, 83).
(Suplentes: Samuel Soares, Arthur Cabral, Jurásek, Tengsted, Chiquinho, Musa, João Víctor, Tomás Araújo e Tiago Gouveia).
Treinador: Roger Schmidt.
Árbitro: Hélder Malheiro (AF Lisboa).
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Rúben Ribeiro (25), Lameiras (41), Otamendi (44), Paulo Víctor (75), Bruno Langa (77), António Silva (87) e Abass Issah (89). Cartão vermelho direto para o treinador do Desportivo de Chaves, Moreno (79).
Assistência: 8.271 espetadores.
COMENTÁRIO:
Benfica impõe ‘lei do mais forte’ e regressa às vitórias em Trás-os-Montes
O Benfica regressou hoje às vitórias ao bater o Desportivo de Chaves, por 2-0, em encontro da 10.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, com golos de Aursnes e de João Mário, este segundo de grande penalidade.
Depois de uma primeira parte sem oportunidades flagrantes, Aursnes desfez o ‘nulo’ no marcador aos 59 minutos, após um corte imperial de Correia a uma primeira tentativa de Arthur Cabral.
O segundo dos ‘encarnados’ surgiu aos 80, após João Mário ter sido chamado a cobrar uma grande penalidade a favor dos visitantes, selando, assim, o regresso às vitórias, após o empate com o Casa Pia na jornada anterior, e a subida provisória ao primeiro lugar, com os mesmos 25 pontos do Sporting, que ainda não jogou. Já o Chaves é 15.º, com sete pontos.
Roger Schmidt manteve o mesmo ‘onze’ do confronto com o Arouca, para a Taça da Liga, voltando ao sistema de três centrais. Já Moreno operou várias mudanças em relação à última jornada, com um único central no setor defensivo, Bruno Rodrigues, além de ter lançado Langa, Kelechi, Cafú Phete e Sanca no ‘onze’ dos transmontanos.
A primeira ocasião de golo surgiu mesmo do lado dos visitados, com um disparo de Sanca à baliza de Trubin, aos dois minutos, que fez levantar os adeptos da casa, mas a bola rasou o poste e bateu na parte de fora das redes.
Pouco depois, Dí Maria foi chamado a bater um canto e acabou por colocar bem a bola, enviando-a ao segundo poste, mas Hugo Souza estava atento e operou um desvio crucial.
O argentino voltou a tentar a sorte aos 12 minutos, com um remate calculado, mas o guardião brasileiro controlou a passagem da bola ao segundo poste.
Ainda que sem conseguir marcar, o Benfica foi dominando a partida, impondo a ‘lei do mais forte’, à procura do erro dos transmontanos e a tentar criar perigo, sobretudo, na cobrança de lances de bola parada.
Aos 32, Leandro Sanca voltou a surpreender com novo disparo à esquerda da área, um cruzamento forte em direção à baliza ‘encarnada’, que obrigou Trubin a defesa e meia para impedir o esférico de entrar.
A resposta veio logo a seguir, primeiro por intermédio de Otamendi (35), que encheu o pé de longe, mas o remate saiu à figura de Hugo Souza, e, pouco depois, com um ‘susto’ assinado por Di María (38) já na área adversária, com a bola a passar por cima da baliza transmontana.
A etapa complementar arrancou com ambas as equipas a quererem desfazer o ‘nulo’ no marcador e com uma alteração no ataque do Benfica: Schmidt trocou Gonçalo Guedes, que se estreou como titular no campeonato, pelo brasileiro Arthur Cabral.
Já o Desportivo de Chaves veio revigorado e Sanca voltou a estar em destaque logo aos 53 minutos ao criar muito perigo com novo disparo, após António Silva ter negado o golo a Héctor Hernández.
Apesar de os visitados terem estado mais pressionantes nos primeiros 10 minutos do jogo, foram os ‘encarnados’ os primeiros a marcar, aos 59: depois de João Neves ter encontrado o caminho para a baliza, a bola acabou em Arthur Cabral que, já em queda, a enviou para a baliza, com Correia a impedir o esférico de entrar. Na recarga, Aursnes inaugurou o marcador com um leve toque de calcanhar.
Os visitados reagiram logo depois, aos 61, com Bruno Langa a fazer tremer a trave da baliza das ‘águias’ com um forte remate à entrada da área.
Aos 77, na sequência de falta de Bruno Langa sobre João Neves, atingindo-o na cara, o árbitro assinalou grande penalidade a favor do Benfica, decisão que desagradou ao treinador do Desportivo de Chaves, que acabou por ser admoestado com vermelho direto após protestos.
Já sem Moreno no banco, aos 80, João Mário foi chamado a cobrar o penálti e não falhou o objetivo. Estava feito o 0-2 no Municipal de Chaves, resultado que permaneceu inalterado até ao final da partida, depois de Musa ter visto um golo anulado por fora de jogo, aos 90, após análise das imagens do videoárbitro (VAR).
Desportivo de Chaves – Benfica (declarações)
Declarações após o jogo Desportivo de Chaves- Benfica (0-2), da 10.ª jornada da I Liga de futebol, disputado hoje em Chaves:
- Moreno (treinador do Desportivo de Chaves):
“Uma primeira parte sem grandes oportunidades, com muita iniciativa de jogo do Benfica, estratégia nossa, responsabilidade minha, porque, se não fosse assim, o Benfica com espaço iria criar mais oportunidades, provavelmente até iria fazer golos.
Nós [estivemos] muito equilibrados defensivamente, a fazer aquilo que foi pedido aos atletas, fizeram-no quase na perfeição, não me recordo assim de uma grande oportunidade do Benfica. Podíamos ter tido mais calma em alguns momentos de saída em transição, não o conseguimos, mas uma primeira parte equilibrada, com mais posse de bola, é óbvio, para o Benfica, a jogar muito mais no meio campo ofensivo, nós no defensivo, mas sem grandes oportunidades de golo.
O início da segunda parte [foi] bom da nossa parte, a chegar duas, três vezes à área adversária, a poder ter uma finalização, até uma oportunidade de golo, lembro-me agora do Sanca. O Benfica pôs-se em vantagem com um erro nosso e aqui a responsabilidade [é] nossa, também, com um golo até algo estranho, de ressalto.
A equipa voltou a ter uma boa reação, o Langa manda uma bola à barra, a equipa voltou a reagir, sem nunca nos desequilibrarmos, porque contra estas equipas, com a qualidade individual que o Benfica tem, se nos desequilibrássemos defensivamente iria ser mais difícil e, depois, aparece, na minha opinião, o momento do jogo, um lance que não é penálti.
(Grande penalidade) Já estive a ver, estou equilibrado, estou consciente naquilo que estou a falar, e não é penálti. Vocês sabem, tão bem como eu, que não é penálti. Este tipo de penáltis não se marcam a todas as equipas, marcam-se a equipas como o [Desportivo de] Chaves, mas não é penálti e tira-nos do jogo, claramente. Dá o conforto que o Benfica precisava, necessitava. Não quero dizer que perdemos pelo lance do segundo golo, mas tira-nos claramente do jogo a 20 minutos do fim e fica muito difícil voltar a entrar.
(Expulsão) Terei de me ajustar, sou o primeiro a reconhecer isto, mas sou eu, não consigo disfarçar aquelas emoções. Só tive aquela reação depois de ver, novamente, as imagens no banco e perceber que não era penálti. Tive a reação que tive e, se calhar, terei de ser mais equilibrado.
Não sei o que é que o [árbitro] Hélder Malheiro irá escrever no relatório, mas se escrever alguma coisa diferente daquilo que eu disse que foi ‘isto é uma vergonha, não é penálti’, vai estar a mentir, isso é claro. Não o deveria ter feito, a reação que tive, não ajuda ao futebol, mas sinto-me injustiçado, nós, [Desportivo de] Chaves, sentimo-nos injustiçados por termos sofrido um penálti daquela forma e nos ter tirado do jogo.
(Atitude da equipa) Vivemos de pontos e temos de ter essa consciência, essa responsabilidade. […] Há um mês e meio estávamos muito desconfortáveis, porque estávamos em último lugar, com zero pontos. Não nos encontramos nessa situação, vivemos de pontos e a equipa deu [hoje] uma equipa diferente daquela que deu nos últimos dois jogos, um para a Taça [de Portugal] e em Guimarães [para a I Liga], percebendo que [este] jogo teve um contexto muito próprio.
A equipa reagiu, poderia ter feito melhor, sou o primeiro a reconhecer, essencialmente, no momento com bola, mais calma, na decisão, mas não o conseguimos, mérito também do Benfica, e [agora] olhar para a frente com esta responsabilidade, perceber que vivemos de pontos, que temos de sair rapidamente desta situação, mas que todos os jogos são muito difíceis. [Estou] minimamente satisfeito com a resposta que deu em função dos últimos dois jogos que fizemos”.
- Roger Schmidt (treinador do Benfica):
“Foi um jogo difícil, teve condições difíceis por causa do vento, das condições atmosféricas, e do adversário competente. Na primeira parte, tivemos algumas dificuldades em encontrar o momento certo para incutir ritmo no jogo, tivemos algumas oportunidades, mas que não resultaram em golo.
Entrámos melhor na segunda parte, chegámos ao golo num bom momento, fizemos o segundo e controlámos o jogo. O [Desportivo de] Chaves concretizou alguns remates a longa distância, mas acho que a maior parte não chegou a tocar na nossa área, [porque] defendemos muito bem. Estou muito feliz com a performance e o foco dos jogadores.
(Importância dos próximos jogos) Para mim, todas as semanas são importantes, mas percebo [a pergunta]. Jogamos em quatro competições, mas acredito que podemos ganhar muito esta semana. A nossa atual situação é boa, mesmo que tenhamos perdido dois pontos na semana passada [no empate com o Casa Pia], mas agora temos 25 pontos em 10 jogos. É bom, mas temos de continuar a trabalhar.
Na minha opinião, estamos a jogar bem, a mostrar uma boa atitude, mas continua a haver potencial e coisas a melhorar, passo a passo. Neste momento, o importante é ganhar jogos e somar pontos. Claro que agora o nosso foco está no jogo com o Real Sociedad, para a Liga dos Campeões, na quarta-feira. Para já não temos qualquer ponto conquistado e nós somos o Benfica, temos de mudar esta situação e, para isso, acho importante ganharmos os jogos [disputados] antes”.