O Desportivo de Chaves venceu hoje, com reviravolta, o Gil Vicente por 4-2, em jogo da oitava jornada da I Liga de futebol, resultado que permite aos flavienses abandonarem a zona de descida da prova.
Os gilistas, que vinham de um triunfo em casa sobre o Casa Pia, estiveram duas vezes em vantagem, com os golos de Félix Correia (19 minutos) e de Maxime Dominguez (39), mas o Chaves, que alcançou o primeiro triunfo em casa, respondeu sempre, virando o resultado com três golos de Héctor (26, 81 e 90+8), que se isolou como melhor marcador do campeonato com sete golos, e um de Sandro Cruz (58).
Com esta vitória, o Chaves salta para o 13.º lugar, com sete pontos, enquanto o Gil Vicente ocupa para já o nono lugar, com nove.
Desportivo de Chaves – Gil Vicente (ficha)
O Desportivo de Chaves venceu hoje o Gil Vicente por 4-2, em jogo da oitava jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado em Chaves.
Jogo no Estádio Municipal Engenheiro Manuel Branco Teixeira, em Chaves.
Desportivo de Chaves – Gil Vicente, 4-2.
Ao intervalo: 1-2.
Marcadores:
0-1, Félix, 19 minutos.
1-1, Héctor Hernández, 26.
1-2, Dominguez, 39.
2-2, Sandro Cruz, 58.
3-2, Héctor Hernández, 81.
4-2, Héctor Hernández, 90+8.
Equipas:
- Desportivo de Chaves: Hugo Souza, Bruno Rodrigues, Steven Vitória, Queirós, João Correia, Kelechi (Pedro Pinho, 59), Guima (Rúben Ribeiro, 59), Sanca (Abass, 73), Bruno Langa (Sandro Cruz, 46), Paulo Victor (Benny, 46) e Héctor Hernández.
(Suplentes: Gonçalo, Rodrigo Moura, Benny, João Pedro, Abass, Pedro Pinho, Rúben Ribeiro, Sandro Cruz, Morim).
Treinador: Moreno.
- Gil Vicente: Andrew, Zé Carlos, Gabriel Pereira, Rúben Fernandes, Buta, Tiba (Mory Gbane, 78), Dominguez, Murilo (Marlon, 68), Martim Neto (Fujimoto, 68), Félix (Tidjany Toure, 67) e Depú (Miguel, 25).
(Suplentes: Brian, Kiko, Tidjany Toure, Fujimoto, Marlon, Roan, Mory Gbane, Miguel, Thomas Lopes).
Treinador: Vítor Campelos.
Árbitro: João Gonçalves (AF Porto).
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Tiba (29), Gabriel Pereira (36), Sanca (45+2), Martim Neto (45+4) e Rúben Ribeiro (90+3 e 90+3). Cartão vermelho por acumulação de amarelos para Rúben Ribeiro (90+3).
Assistência: 2.522 espetadores.
COMENTÁRIO:
Chaves vence em casa pela primeira vez após reviravolta no marcador
O Desportivo de Chaves venceu hoje o Gil Vicente, por 4-2, com ‘hat-trick’ de Héctor e um golo de Sandro Cruz, em jogo da oitava jornada da I Liga de futebol, que terminou com os visitados reduzidos a 10.
Depois de uma primeira parte marcada por erros crassos no esquadrão defensivo transmontano, aproveitados pelos ‘gilistas’, que inauguraram o marcador aos 19 minutos, com um golo de Félix, Héctor ainda conseguiu empatar a partida, aos 26, mas os transmontanos seguiram para intervalo em desvantagem, após o segundo ‘tento’ apontado por Dominguez (39).
A ‘cambalhota’ no marcador deu-se já na etapa complementar, com Sandro Cruz a estrear-se a marcar pelo Desportivo de Chaves, aos 58, e Héctor a marcar aos 81 e aos 90+8, ‘selando’ a vitória da ‘turma’ comandada por Moreno, que terminou a partida em inferioridade numérica, após expulsão de Rúben Ribeiro (90+3).
Apesar do intenso calor que se fazia sentir em Chaves, a partida começou morna, essencialmente disputada a meio-campo e sem grande história durante os primeiros 18 minutos.
Na primeira oportunidade, de contra-ataque, Félix aproveitou uma defesa mal conseguida de Hugo Souza e a ineficácia do ‘trio’ defensivo transmontano para desfazer o ‘nulo’ no marcador, aos 19.
A resposta dos visitados veio pouco depois: após um remate forte de Sanca, de fora da área, exemplarmente defendido por Andrew, o avançado foi chamado a cobrar um canto, Héctor Hernández surgiu entre a defensiva ‘gilista’, ao primeiro poste, e cabeceou para o fundo das redes guardadas ‘gilistas’, empatando a partida (26).
O Gil Vicente voltou a ser mais eficaz a tempo do intervalo, tirando partido dos erros defensivos dos visitados: depois de Zé Carlos ter ganhado um duelo com Bruno Langa, que perdeu a bola em zona proibida, Murilo combinou com Miguel Monteiro que assistiu o suíço Maxime Dominguez que, com um remate colocado de pé direito, à entrada da área, repôs a vantagem no marcador (39).
Já na etapa complementar, aos 52, Maxime Dominguez teve tudo para bisar na partida: depois de uma boa jogada de Murilo defendida por Hugo Souza, na recarga, com a baliza à disposição, o suíço atirou por cima da das redes transmontanas.
Aos 56, nova oportunidade flagrante para o Gil Vicente, após um ressalto que deixou Miguel Monteiro isolado, mas o avançado falhou o objetivo na ‘cara’ do guardião transmontano.
Dois minutos depois, Sandro Cruz estreou-se a marcar pelo emblema ‘azul-grená’, repondo a igualdade no marcador (2-2): depois de ter recebido a bola de Sanca, do lado esquerdo do relvado, o lateral ex-Benfica encheu o pé, de fora da área, e enviou o esférico para o fundo das redes ‘gilistas’, sem hipóteses para Andrew.
O empate motivou os transmontanos que, pouco depois, estiveram muito perto de se colocar em vantagem, primeiro por intermédio de Steven Vitória, aos 65, na sequência de canto, com um cabeceamento na ‘cara’ de Andrew, mas o guardião brasileiro operou uma defesa digna de registo, e de Héctor Hernández que, aos 71, esteve perto de ‘bisar’, mas o remate saiu ao lado da baliza visitante.
À terceira, foi de vez: Abass recuperou a bola, conduziu-a para a ala esquerda e cruzou estrategicamente de fora da área para Héctor que, com um leve desvio de cabeça, atirou a contar, colocando o Desportivo de Chaves em vantagem (3-2).
Enquanto os visitantes foram demonstrando desgaste físico e já reduzido a dez elementos, após expulsão de Rúben Ribeiro (90+3), o Desportivo de Chaves conseguiu aumentar a vantagem, com novo golo de Héctor Hernández: depois de um livre cobrado por Steven Vitória, o ponta de lança espanhol soube tirar partido de uma defesa incompleta de Andrew e fez o ‘hat-trick’ (4-2), aos 90+8.
Declarações
Desportivo de Chaves – Gil Vicente
Declarações após o jogo Desportivo de Chaves - Gil Vicente (4-2) da oitava jornada da I Liga de futebol, disputado hoje em Chaves:
- Moreno (treinador do Desportivo de Chaves):
(Atitude da equipa) Era preciso alma e as minhas equipas podem não ter a qualidade de jogo que todos nós desejamos, que percebemos que é preciso para este nível em que estamos a competir, mas há uma coisa que para nós não é negociável, a alma, o querer. A equipa precisava disso na segunda parte, fê-lo e os grandes responsáveis por esta vitória são claramente os atletas.
(Análise ao jogo) No meu entender, até entrámos bem, nos primeiros 15 minutos a circular a bola, coisas que trabalhámos, sem grandes oportunidades mas com algumas chegadas à área adversária e depois sofremos um golo que não podemos, não podemos. Temos de ser mais agressivos, mais compactos. O golo nem abanou assim tanto porque conseguimos reagir, fizemos um golo de bola parada, numa situação trabalhada por nós. [Depois] voltámos a sofrer um golo que… Teremos de corrigir isso e os últimos minutos da primeira parte não foram os melhores, claramente.
A mensagem na segunda parte foi um pouco essa: era preciso qualidade, era preciso estarmos identificados com o que o jogo estava a pedir e podíamos ter sofrido o terceiro golo logo no início, é verdade, mas depois equipa teve a tal alma que aprecio muito nos meus grupos de trabalho, teve também alguma qualidade.
Não nos podemos esquecer que estávamos a jogar contra uma equipa muito boa, com qualidade em posse, com atletas muito rápidos na frente, com médios muito interessantes a jogar entre linhas e estando em desvantagem não nos podíamos desequilibrar tanto porque, sofrendo o terceiro golo, ia ficar difícil.
A verdade é que os nossos atletas tiveram essa tal alma e conseguiram uma vitória onde o mérito terá de ser para eles e repito isto: o mérito é dos atletas, eles é que estão de parabéns, e não conseguimos nada mais que três pontos.
(Antevisão da época) Pela forma como fui recebido, eu nunca vou enganar os sócios, os adeptos do Desportivo de Chaves. Conseguimos sete pontos nestas últimas três jornadas, mas a caminhada vai ser difícil. Eu sei aquilo que é a I Liga e vai ser muito difícil. [Estamos] satisfeitos hoje, temos de desfrutar da vitória, mas não iludo ninguém. Vai ser um campeonato difícil, temos muita coisa para melhorar, mas se não der para termos grande qualidade de jogo, que seja com este registo, de alma, de querer.
(Lance da expulsão) A mim parece-me penálti, claramente. Já tive oportunidade de ver, parece-me penálti. Não responsabilizo minimamente o [árbitro], agora quem está no VAR [videoárbitro], nem sei quem é, acho que terá de o chamar e marcar penálti.
(‘Hat-trick’ de Héctor) Não gosto de individualizar, mas acho um pouco estranho como é que um atleta destes está a este nível ou clubes que têm algum poder para contratar ainda não perceberam o atleta que está cá, mas o mérito não é do Héctor, é do grupo de trabalho, dos homens fantásticos que temos no balneário.
É claramente dos atletas que tem mais distância percorrida. Feliz do Chaves, de mim e de nós, equipa técnica, por termos um atleta com este compromisso, e feliz dos adeptos, do clube pelo Héctor estar a fazer golos. Agora, o Héctor e os ‘Héctors’ do nosso grupo terão de perceber que, neste momento, têm um líder e que não dá para se acomodar. Quem se sentir acomodado a pensar o “qb”, não chega. Portanto, o Héctor tem de continuar porque é assim que poderá ir para outros níveis e, enquanto não for, vamos desfrutar do futebol dele.
- Vítor Campelos (Treinador do Gil Vicente):
(Reviravolta no marcador) Depois do 2-1 tivemos duas ou três oportunidades claras em que podíamos ter feito o golo, uma do Miguel, outra do Murilo e outra do Maxime, mas temos de dar mérito, também, ao guarda-redes, porque está lá para isso, mas oportunidades tão flagrantes têm de ser concretizadas. Penso que esses lances acabam por ser o momento do jogo, depois o Desportivo de Chaves acabou por empatar e, galvanizado pelo público, acabou por chegar à vantagem. No segundo golo [dos visitados], há situações em que os árbitros param o jogo, noutras não param, mas o Félix estava no chão e desse lance saiu uma transição que deu o golo.
(Análise ao jogo) Tivemos mais posse de bola, temos de ser mais agressivos no bom sentido, mais incisivos, até porque temos de ser a mesma equipa quando joga em casa e quando joga fora. Temos demonstrado caras diferentes, quando jogamos em casa somos muito mais agressivos, muito mais competitivos, com muito mais vontade de querer ganhar, e temos de perceber que quando jogamos fora temos de ter a mesma postura porque em todos os jogos temos de entrar sempre para ganhar.
Já tive oportunidade de dizer isto aos jogadores, dou-lhes sempre os parabéns, podíamos estar agora aqui a dizer que se tivéssemos concretizado as oportunidades de ter feito o 1-3, se calhar o jogo já ia ser diferente, mas [acima de] tudo temos de pensar naquilo que fizemos menos bem e que temos de melhorar. Às vezes parece que estamos a ver no que vai dar e no futebol temos de lutar logo para o resultado e para vencer o jogo.
(Receção dos adeptos transmontanos) Com sinceridade, sim [estava à espera]. Juntos conquistámos coisas muito bonitas, foram dois anos e meio muito bons, como é óbvio, hoje fiz tudo e queria muito ganhar porque sou profissional e, nesta altura, represento o Gil Vicente e queria muito ganhar, mas senti um calor humano e uma ligação logo que entrei em campo. O sentimento que tenho é recíproco, tenho muito carinho pelos flavienses, adeptos do Desportivo de Chaves e transmontanos em geral. O Desportivo de Chaves vai fazer sempre parte do ‘timeline’ da minha vida e creio que juntos construímos memórias que nos ficarão para sempre”.