O Chega comprometeu-se hoje com a abolição de todas as portagens caso governe, indicando que vai constituir "uma comissão governamental" no primeiro mês após entrar em funções, para acabar logo com as do interior e Via do Infante.

"Se o Chega for governo no dia 10, nos primeiros 30 dias nós lançaremos uma comissão para abolir as portagens em todo o território nacional, uma comissão que vá lançar as bases da abolição de portagens em todo o território", afirmou o líder do Chega numa iniciativa no quinto dia de campanha oficial para as eleições legislativas de 10 de março.

Discursando num almoço/comício em Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, André Ventura disse também que "um primeiro passo que tem de ser dado imediatamente, é que as portagens do interior e a Via do Infante tem de ser abolidas imediatamente".

"Não acreditamos que o PS vá algum dia acabar com as portagens", salientou, referindo que o atual primeiro-ministro demissionário, António Costa, "prometeu abolir as portagens da Via do Infante", mas não o fez, e que o secretário-geral do PS "votou contra a proposta do Chega para abolir as portagens".

E garantiu que o Chega vai "mesmo acabar com as portagens em Portugal, porque elas são uma profundíssima injustiça".

André Ventura sustentou que a "redução muito significativa" das portagens do interior e da Via do Infante "teriam um custo para o Estado de 105 e 115 milhões de euros" e contrapôs com a derrapagem das obras do Metro de Lisboa, dizendo ascender a "100 milhões de euros", e defendeu que o problema "não é ter dinheiro a menos", é a gestão ser feitas "por uma cambada de incompetentes".

O presidente do Chega aproveitou a presença num distrito fronteiriço para dar o exemplo de Espanha e defendeu que "se países com muito maior extensão e dimensão o podem fazer", Portugal também o conseguirá.

"PS e PSD até já dizem que podem usar as portagens para financiar a Segurança Social. Há sempre boas razões para manter isto como está, eles não querem é perder o dinheiro que as portagens dão porque sabem que se viciaram nesse dinheiro e não o querem perder de maneira nenhuma", acusou.

André Ventura considerou igualmente que os territórios do interior "já são afetados negativamente" por estarem afastados dos centros de decisão e defendeu que "o país vai ficando mais distante, mais pobre e mais desigual" quanto mais longe dessas zonas.

"Quem vive no distrito de Bragança não se pode sentir menos privilegiado do que quem vive em Faro, no Porto ou em Lisboa", referiu, assinalando que as portagens "prejudicam empresas, criam concorrência desleal e não permitem desenvolvimento".

Antes, o cabeça de lista do Chega por Bragança, José Pires, salientou as dificuldades que afetam a população do distrito em áreas como a saúde ou a mobilidade e deixou um pedido a Ventura: “doutor André, não se esqueça de nós”.

Nas últimas eleições legislativas, em 2022, o Chega foi a terceira força política mais votada em Bragança, mas não conseguiu eleger deputados, que foram distribuídos entre PS (dois) e PSD (um).

À chegada ao comício, o líder do Chega foi abordado por um militante e dirigente do CDS-PP, que foi candidato autárquico por aquele partido e também líder da concelhia centrista de Macedo de Cavaleiros.

José Mário Mesquita, médico, fez questão de se deslocar ao restaurante onde almoçou a caravana do Chega para felicitar André Ventura “pela sua campanha, pela sua tenacidade em defender este país”.

“Fico orgulhoso por ter alguém que finalmente dê um pontapé na mesa, um murro na mesa”, afirmou.

O médico disse ainda ser militante do CDS-PP desde o “pós 25 de Abril”, mas mostrou-se interessado em mudar para o Chega, e Ventura garantiu que a “porta está sempre aberta”.

Já em declarações aos jornalistas depois deste encontro, José Mário Mesquita disse ter perdido a confiança no líder do CDS-PP e considerou que Nuno Melo não defende “aquilo que era a verdadeira democracia-cristã”, mas sim “tachos, tachinhos e tachões”.

Em André Ventura, vê “alguém que faz algo diferente, que dá um murro na mesa e consegue denunciar aquilo que é a realidade deste país” e que é capaz “dizer frente a uma câmara de televisão” aquilo que “muitas vezes dizemos ao ouvido uns os outros”.

“Eu acho que ele está a acordar alguns espíritos que adormeceram”, afirmou.

Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar em 10 de março para eleger 230 deputados à Assembleia da República.

A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.



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