A Comunidade Intermunicipal (CIM) Terras de Trás-os-Montes reclamou hoje a abertura permanente dos centros de saúde neste território, a começar “no imediato” com um horário até à meia-noite.
Num comunicado divulgado hoje, esta CIM vinca que “quer ver alargado o horário de funcionamento dos centros de saúde” nos nove concelhos que abrange, concretamente Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Mogadouro, Miranda do Douro, Vinhais, Vimioso e Vila Flor.
A Comunidade Intermunicipal “considera inaceitável que o acesso a um direito e serviço universal como é a saúde continue com hora marcada”, com horários de funcionamento dos centros de saúde até às 20:00 nalguns concelhos e noutros até às 22:00.
Os concelhos onde os cuidados primários encerram mais cedo são os servidos por hospitais, enquanto os restantes passaram a deixar de funcionar à noite há mais de uma década, quando os autarcas do distrito de Bragança acordaram com o Governo os novos horários em troca de melhores estradas, e mais meios de socorros, como o helicóptero do INEM.
A CIM Terras de Trás-os-Montes entende “como necessário repensar toda a lógica de funcionamento e prever, no imediato, a abertura até à meia-noite” dos centros de saúde.
Reivindica também “a necessidade de manter os centros de saúde abertos durante 24 horas em períodos festivos como o Carnaval, Natal, Páscoa e férias de verão”, e sustenta esta posição com o “aumento da população em permanência no território” nestes períodos, “facto que exige um aumento da capacidade de resposta dos serviços de saúde”.
Além destas medidas imediatas, a representante dos nove municípios “defende que devem ser estudadas soluções que permitam manter este serviço aberto durante 24 horas, durante todo o ano”.
A Comunidade Intermunicipal mostra “vontade e disponibilidade para ser parte ativa neste processo” e aponta, desde já, “um caminho a equacionar: a existência de equipas à chamada”, como acontecia nalguns centros de saúde antes da situação atual.
Esta medidas, como justifica, viriam “solucionar muitos dos constrangimentos que as populações enfrentam no acesso ao serviço de urgência, uma vez que a partir das 22:00 são obrigadas a deslocar-se largas distâncias e por períodos de tempo que ultrapassam, em muitos dos casos, uma hora de viagem, para acederem a cuidados de saúde”.
A CIM Terras de Trás-os-Montes representa nove dos 12 municípios do distrito de Bragança, onde existe um total de 14 centros de saúde e três hospitais, sob a alçada da Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste.
Além dos cuidados primários, existem outras respostas mais avançadas como as duas urgências básicas, em Mogadouro e Macedo de Cavaleiros, e duas urgências médico-cirúrgicas, em Bragança e Mirandela, sendo que a de Bragança é a que tem maior capacidade de resposta em toda a região.
O atendimento especializado fica a mais de 100 quilómetros de algumas populações da região ou mesmo fora da região, onde não existem todas as especialidades médicas.
Em caso de emergência, o helicóptero do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), com base em Macedo de Cavaleiros, a zona mais central da região, ajuda a encurtar tempo e distância no transporte de doentes.
A VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação) que se encontra junto ao helicóptero, assim como a que tem base em Bragança, fazem também parte das respostas existentes na região, deslocando-se às emergências com mais capacidade de assistência, assim como algumas ambulâncias com suporte imediato de vida, as chamadas SIV.
O cenário atual do atendimento na saúde tem para a CIM “fragilidades que colocam em causa o acesso mais equitativo aos cuidados de saúde, contribuindo para aumentar as assimetrias nacionais e regionais”.
“A CIM entende a qualidade e adequação das respostas na área da saúde como um fator chave no que respeita à qualidade de vida e coesão territorial”, salienta.
Foto: AP : Centro Saúde de Miranda do Douro