A Comunidade Intermunicipal (CUM) Terras de Trás-os-Montes está a preparar um campeonato nas escolas para pôr os mais novos a brincar aos jogos tradicionais e com eles revitalizar uma pertença cultural em desuso, divulgou aquela entidade.
Uma boa parte das crianças e jovens da atualidade nunca ouviram falar de jogos coletivos populares há algumas décadas como o fito, a raiola, o pião, lançar o fero ou a relha, a bilharda, uma corrida de cântaros ou de sacos, subir ao pau ensebado ou o jogo da tração à corda.
Revitalizar e valorizar estes jogos tradicionais, enquanto património identitário do território, é a aposta da CIM Terras de Trás-os-Montes que vai lançar no próximo ano o Campeonato Intermunicipal nos nove concelhos do território.
O campeonato decorrerá em duas fases, primeiro a nível concelhio e depois a final intermunicipal, dos apurados nos nove concelhos da CIM, concretamente Alfândega da Fé, Bragança, Mirandela, Macedo de Cavaleiros, Vila Flor, Vimioso, Vinhais, Mogadouro e Miranda do Douro.
O projeto surge no âmbito do programa Cultura para Todos, aprovado pelo Programa Operacional NORTE 2020, e conta com equipas especializadas que vão trabalhar o tema criando uma ponte entre a tradição e a inovação.
Segundo explica a CIM Terras de Trás-os-Montes em comunicado, “a ideia passa por desenvolver soluções que permitam tornar estes jogos mais atrativos junto dos jovens, sem deixar perder a sua originalidade”.
As escolas são um dos públicos-alvo prioritários e vão ser desafiadas a participar, motivando os jovens a conhecer, a aprender e a praticar alguns dos jogos tradicionais mais representativos no respetivo concelho.
“Numa altura em que o uso excessivo da tecnologia por parte de crianças e jovens está na ordem do dia, em que o próprio contexto pandémico remeteu ao isolamento, esta iniciativa surge como uma oportunidade de trabalhar a socialização, a integração, o espírito de grupo e o sentimento de pertença, tão importantes na formação da personalidade dos mais novos”, justifica.
Com esta iniciativa, a CIM pretende também “estimular artesanato de inovação com a produção artesanal dos artefactos usados em cada um dos jogos”.
A ideia é organizar oficinas práticas em cada um dos municípios, associando “o conhecimento local a esta componente prática, que visa capacitar um conjunto de intervenientes que possam dinamizar, não apenas os jogos, mas também a produção dos componentes materiais, fomentando assim a empregabilidade”.
Esta capacitação está mais orientada para os jovens e adultos que não tenham ainda um percurso profissional definido, usando aqui a cultura e as artes como ferramenta de desenvolvimento local, segundo a promotora.
Este projeto é também encarado como “uma ferramenta de desenvolvimento das relações entre os municípios que constituem a CIM”.