A Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes promoveu, a 16 de novembro, a apresentação do Sistema de Vigilância e Apoio à Decisão Operacional para prevenir e detetar incêndios florestais, perante a presença do secretário de Estado da Proteção Civil.

 

As Terras de Trás-os-Montes são o primeiro território do Norte de Portugal com um Sistema de Vigilância e Apoio à Decisão Operacional. Em funcionamento desde julho de 2018, este projeto, desenvolvido pela Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM), visa reforçar a vigilância e monitorização das zonas florestais, contribuindo para otimizar recursos e melhorar respostas no campo da prevenção, deteção, gestão e combate a incêndios florestais.

Com câmaras de vigilância instaladas em três pontos estratégicos, Serras de Bornes, Nogueira e Castanheira, o sistema possui uma maior bacia de visibilidade sobre as áreas a proteger, estando as câmaras ligadas aos Centros de Gestão e Controlo, que permitem a visualização das imagens recolhidas, alojados no Comando Territorial da GNR e no Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Bragança.

Presente na apresentação do Sistema de Vigilância e Apoio à Decisão Operacional das Terras de Trás-os-Montes, que pretende ser uma ferramenta de apoio fundamental aos agentes da Proteção Civil e GNR no campo da defesa e proteção da floresta contra incêndios, esteve o secretário de Estado da Proteção Civil, Artur Neves, entre os vários autarcas dos municípios que integram a CIM-TTM.

Tendo em conta o sucesso destes primeiros meses de funcionamento, a CIM-TTM pretende instalar mais câmaras de vigilância, de modo a abranger todo o território das Terras de Trás-os-Montes, que é composto pelos concelhos de Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Vila Flor, Vimioso e Vinhais. Aliás, esta foi uma das mensagens transmitidas pelo presidente do Conselho Intermunicipal da CIM-TTM, Artur Nunes, ao Secretário de Estado da Proteção Civil, reforçando, também, a necessidade de prolongá-lo no tempo, para além dos três anos, e do Governo assegurar, findo o período de financiamento, a manutenção deste sistema. Já o edil brigantino sublinhou ao Diário de Trás-os-Montes facto de estarmos no “bom caminho”, notando que, a nível concelhio, Bragança foi das regiões menos afetadas pelos fogos florestais durante o verão.

Com uma implementação desenvolvida em estreita colaboração com a Proteção Civil e a GNR, o Sistema de Vigilância e Apoio à Decisão Operacional resulta de uma candidatura promovida pela CIM-TTM ao Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos (POSEUR), no âmbito do Pacto para o Desenvolvimento e Coesão Territorial das Terras de Trás-os-Montes. De salientar, ainda, que este projeto resulta de um investimento de 130.872,00€, com uma taxa de cofinanciamento do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) de 48,71 por cento.

 

O Sistema…

O Sistema de Vigilância e Apoio à Decisão Operacional é composto por estações de dois tipos: as Torres de Vigilância e Apoio à Decisão (TVAD) e Centros de Gestão e Controlo (CGC). As TVAD servem de suporte às câmaras de vídeo, orientáveis em azimute e elevação, a partir dos Centros de Gestão e Controlo. Os CGC’s dispõem de monitores de vídeo onde as imagens das câmaras são apresentadas em simultâneo e em tempo real, com elevadas qualidade e taxa de atualização, garantindo uma cobertura de 16 hectares na área de intervenção da CIM-TTM e zonas limítrofes.

 

Vantagens…

 

Este sistema permite uma vigilância permanente, em tempo real, 24h por dia durante todo o ano. Contribui para um combate mais rápido e eficaz e assume-se, também, como um instrumento dissuasor ao reforçar a vigilância das zonas florestais. Além disso, permite reduzir o número de falsos alertas, aumenta a fiabilidade dos alertas confirmados e a precisão na localização dos focos das ocorrências detetadas. Simultaneamente possibilita um melhor dimensionamento dos meios a deslocar para o terreno e de uma forma mais célere. Isso mesmo foi explicado durante a apresentação pública do projeto pelos responsáveis da Proteção Civil distrital que evidenciaram a importância que as funcionalidades trazidas por este equipamento assumiram durante o período crítico de incêndios.

 

ENTREVISTA AO SECRETÁRIO DE ESTADO DA PROTEÇÃO CIVIL, ARTUR TAVARES NEVES

 

Distrito de Bragança “ocupa a Pole Position” da “cooperação intermunicipal”

 

Bruno Mateus Filena (BMF): Teve oportunidade de, durante o dia de hoje, visitar a região, entre Mirandela e Bragança. Quais foram as principais conclusões a que chegou sobre este Sistema de Vigilância e Apoia à Decisão Operacional implementado pela CIM Terras de Trás-os-Montes?

Artur Tavares Neves (ATN): Em primeiro lugar, o que sinto aqui, nesta estrutura da proteção civil, devidamente coordenada pela Autoridade Nacional, é que há aqui uma cooperação plena e muito eficaz entre todas as estruturas, as estruturas do Estado e as estruturas associadas às Corporações dos Bombeiros, que desempenharam um papel fundamental, chave no sucesso deste ano, no âmbito dos fogos rurais. Depois os municípios, como pilar de responsabilidade da proteção civil, à escala local, no seu envolvimento no programa “Aldeias Seguras e Pessoas Seguras”, com o envolvimento, também, à escala das juntas de freguesia, nos seus serviços municipais de proteção civil, com os agentes de proteção civil, a trabalhar, também, nesse grande projeto de autoproteção, de conhecimento dos riscos, do modelo de segurança para a proteção das pessoas nas aldeias, as unidades locais de proteção civil com o grande exemplo de Vinhais. Mas à escala global, o que sentimos, de facto, é uma grande articulação entre todas as estruturas e é isso que nós desejamos em todo o país. Aquela movimentação associada às máquinas de rasto, que aqui constitui um grande exemplo, é modelo a seguir por todos os distritos do país. Este distrito ocupa, precisamente, a Pole Position, nessa medida de cooperação intermunicipal e eu diria, neste momento, à escala mais distrital, mas representa bem o que nós desejamos para as forças da proteção civil. Cooperação, trabalhar na prevenção e trabalhar no combate em pleno e durante todo o ano.

 

“Cooperação, trabalhar na prevenção e trabalhar no combate em pleno e durante todo o ano” é o que o Governo “deseja” para as forças da proteção civil.

 

BMF: O presidente da CIM-TTM falou aqui, também, na possibilidade, de um financiamento para prolongar este projeto no tempo, para além dos três anos previstos. Mantém essa abertura, de reforçar o financiamento para este sistema?

ATN: Este sistema de videovigilância, financiado pelo programa designado POSEUR, já foi financiado. Neste momento, há mais um aviso de três milhões de euros, aberto para outras seis Comunidades Intermunicipais. Poderá haver um outro para as CIM remanescentes que, ainda, não têm nenhum sistema de videovigilância. Agora, no imediato, não temos essa disponibilidade, mas sabemos que este é o futuro. Aqui já começaram, já têm grande parte do investimento feito, nomeadamente, com as ligações para a Sala de Situação, quer do Comando Territorial da GNR, quer do Comando Distrital de Operações de Socorro de Bragança. E, agora, haverá que dar melhor cobertura, com novas câmaras de videovigilância e há que introduzir o upgrade associado à térmica e, também, à alarmística para que uma maior eficiência seja dada ao sistema.

Mas de sublinhar que a Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes é um excelente exemplo, que está a ser seguido pelo país inteiro, onde já temos, a nível de cobertura de comunidades intermunicipais, qualquer coisa como 74 por cento (%) do território nacional. No entanto, queremos rapidamente atingir os 100%, de atribuição deste mecanismo técnico, eficaz e muito importante para garantir as redundâncias e o apoio à decisão operacional. É muito importante para se perceber, logo no início de uma ignição, a dimensão dessa própria ignição e o modo como ela deve ser atacada evitando, também, a dispersão de meios  e evitando aquilo que muitas vezes acontece que são falsos alarmes e a deslocação desnecessária de meios, para depois se verificar que eles, afinal, não eram precisos lá, quando, muitas vezes, são precisos noutros locais.

Destaco que esta videovigilância é fundamental, por isso, esse passo será dado. Haverá, certamente, condições para alavancar mais fundos, se não for neste quadro, será no próximo, de modo a haver mais investimentos, melhor coordenação entre todos, maior capacidade de resposta para os riscos que, hoje, cada vez são mais gravosos, por força das alterações climáticas, que nós conhecemos e são de riscos diversos, não só associados aos fogos rurais, mas, também, inundações, que esta é uma região com alguma apetência para isso, com algum risco associado. E os acontecimentos recentes, noutros países, em particular, em Itália, com dezenas de vítimas, obrigam-nos a estarmos prevenidos e preparados para responder muito rapidamente a fenómenos deste género.

Só muito capacitados, com gente no terreno, com voluntários profissionais, a trabalhar em pleno e, devidamente, coordenados por uma autoridade robusta, com capacidade técnica e com conhecimento científico, com mecanismos de redundâncias nas comunicações, de modo a que nada falhe, é que o socorro pode ser garantido no momento em que exigida a presença dos operacionais.

 


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