Dezenas de viticultores durienses afetados pela queda de granizo juntaram-se, esta quinta-feira, em Nogueira, Vila Real, para reivindicar apoios excecionais ao ministério da Agricultura que colmatem os prejuízos causados em 70% das suas vinhas.

\"A vindima que devia ser feita em outubro, infelizmente, fez-se em maio\", afirmou Joaquim Palma, presidente da Junta de Nogueira e também viticultor.

A queda de granizo, no domingo, durante 15 minutos, terá destruído cerca de 100 hectares de vinha nesta freguesia e ainda em Tanha e Ermida, afetando cerca de 100 lavradores.

Videiras partidas, folhas rasgadas e uma cor acastanhada a substituir o verde, completaram o cenário encontrado pelos agricultores. Mas, para além da vinha, o granizo provocou ainda estragos nas hortas, nas árvores de fruto e nas oliveiras.

Acompanhados pela Associação dos Viticultores Independentes do Douro (AVIDOURO), os viticultores reivindicaram \"apoios excecionais\" para colmatar esta \"calamidade\" e exigiram a presença \"urgente\" de técnicos do ministério da Agricultura para uma avaliação dos estragos.

E, se esta avaliação não for feita até quarta-feira, os lavradores prometeram sair à rua em protesto ou até cortar a estrada.

\"As pessoas estão desesperadas. Os viticultores já não têm dinheiro para pagar os tratamentos normais que têm que fazer na vinha, quanto mais agora\", afirmou a dirigente da AVIDOURO, Berta Santos.

Os pequenos e médios produtores de vinho do Douro queixam-se de uma crise que se arrasta há cerca de uma década, de quebras nos rendimentos que ascendem aos 60% devido à falta de escoamento, do preço baixo a que o vinho é pago e à redução do benefício (quantidade de vinho do Porto que cada um pode produzir).

Berta Santos referiu ainda que os seguros existentes não se adaptam à região, enquanto Joaquim Palma adiantou mesmo que mais de 90% dos viticultores não possuem, nem sequer têm dinheiro para pagar os seguros.

\"Muitos de nós vivem da agricultura, não têm outra fonte de rendimento. Com estes prejuízos, os agricultores não podem sobreviver\", frisou o autarca.

Armindo Carvalho tem três hectares de vinha e mais de metade ficou \"completamente estragada\". \"Não sei o que fazer. Tiro da minha reforma de 200 euros para por a vinha em condições e agora acontece isto\", salientou.

Este produtor recusa-se a fazer as contas mas garante que a vindima está praticamente feita.

Os viticultores já enviaram documentos para o Ministério da Agricultura, Comissão Parlamentar de Agricultura e todos os partidos com representação na Assembleia da República a alertar para mais esta \"situação dramática\" que atingiu a Região Demarcada do Douro.



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