Um jovem deficiente transmontano encontrou na pintura um meio de vencer as barreiras de uma doença rara e prepara-se para mostrar a sua arte ao País, coma a ajuda do Instituto Português da Juventude.
Cláudio João inaugurou na quarta-feira, no IPJ de Bragança, a exposição «Coragens de Vida», com 20 quadros que o subdelegado regional daquele organismo, Victor Prada Pereira, prometeu levar às delegações de todo o país.

Os quadros do jovem de 18 anos têm vários motivos e não deixam transparecer as dificuldades do autor que teve de encontrar uma técnica própria para colorir as telas.

Cláudio sofre de uma doença rara incurável, o sindroma de Larsen, que afecta todas as articulações e condiciona o desenvolvimento físico, locomoção e movimentos.

O jovem da aldeia de Cicouro, no concelho de Miranda do Douro, mede um metro e vinte centímetros, pesa vinte e oito quilos e enfrenta um problema auditivo profundo.

As limitações físicas impedem-no de trabalhar toda a tela em simultâneo, mas Cláudio descobriu maneira de ultrapassar este obstáculo.

Como contou à Lusa, com a ajuda do pai, José Abílio João, pinta, primeiro, metade da tela, até onde chega o braço, e depois a outra parte, tendo de concluir a pintura invertida.

«E este trabalho engenhoso e difícil é executado com tal perfeição que os quadros parecem executados normalmente», refere a nota biográfica do jovem que acompanha a exposição patente ao final do mês, no IPJ de Bragança.

O sub-delegado regional garantiu a Cláudio que esta exposição seguirá em digressão por todos os distritos do Norte.

Victor Prada Pereira comprometeu-se a diligenciar junto dos colegas das restantes regiões do país para receberem esta iniciativa.

Com os seus quadros e a ajuda de instituições de solidariedade, Cláudio já conseguiu adquirir uma cadeira de rodas adaptada.

O sonho deste jovem é agora «tirar a carta e comprar um Smart» também adaptado às suas limitações.

O jovem já sofreu várias intervenções cirúrgicas ao longo da vida e só consegue movimentar-se com muletas.

Frequenta o ensino com currículos adaptados.

A distância da aldeia onde vive, junto à fronteira com Espanha, obriga-o a fazer semanalmente centenas de quilómetros para as sessões de fisioterapia, em Macedo de Cavaleiros.

Cláudio é o mais velho de três irmãos e o único com a doença, que não o impediu de pintar já perto de meia centena de quadros.

A aptidão para o desenho revela-a desde o ensino básico e tem aperfeiçoado o talento em aulas semanais, com uma professora espanhola de Belas Artes, que já certificou «a veia artística do Cláudio».



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