A colónia transfronteiriça de abutre-preto do Douro Internacional conta com 14 novos ninhos artificiais, que se juntam aos oito já instalados, somando um total de 22, divulgou hoje a Associação Palombar, com sede em Vimioso.
“A colónia transfronteiriça de abutre-preto (Aegypius monachus) do Douro Internacional, a mais isolada e uma das mais frágeis do país, conta agora com 14 novos ninhos artificiais, que se juntam aos oito anteriormente instalados, somando um total de 22”, indicou em comunicado esta associação de proteção do ambiente e património rural.
De acordo com os técnicos desta Organização não-governamental (ONG), só existem oito casais nidificantes desta espécie de aves de rapina “em perigo de extinção” nesta colónia transfronteiriça de abutre-preto, que ocupam cinco ninhos em Portugal e três em Espanha.
A instalação dos ninhos para esta espécie foi realizada no âmbito do projeto LIFE Aegypius Return - consolidação e expansão da população de abutre-preto em Portugal e no oeste de Espanha.
“Os ninhos artificiais foram colocados no terreno em novembro, numa intervenção delicada e difícil realizada por uma equipa especializada do GIAM - Grupo de Intervención en Altura de los Agentes Forestales de la Comunidad de Madrid, de Espanha, juntamente com técnicos da Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural”, indicou à Lusa o presidente da Palombar, José Pereira.
O objetivo principal desta ação é disponibilizar um maior número de ninhos para o abutre-preto nidificar e fixar-se no território, aumentando o recrutamento de indivíduos e, consequentemente, esta colónia que abrange o Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) e o contíguo Parque Natural Arribes del Duero (PNAD), em Espanha.
A escolha dos locais e estrutura dos ninhos é feita de forma a mimetizar ao máximo o processo natural de nidificação da espécie.
“Ao contrário da maioria dos abutres, que nidifica em acantilados rochosos, o abutre-preto faz ninhos principalmente em árvores de grande porte. Desta forma, os ninhos foram instalados em árvores como o zimbro, azinheira ou sobreiro”, explicou a Palombar.
Segundo os especialistas em avifauna, o abutre-negro, por nidificar em árvores, corre um risco acrescido: é mais vulnerável e afetado pelos incêndios florestais.
“Por este motivo, uma outra linha de ação do projeto LIFE Aegypius Return é promover a gestão de habitats e aumentar a resiliência natural frente aos incêndios florestais nas áreas onde a espécie se reproduz. Em 2017, por exemplo, a colónia do PNDI foi afetada por um incêndio florestal que destruiu o único ninho da espécie existente nessa altura, matando a cria de abutre-preto”, recordou esta associação do Nordeste Transmontano.
Atualmente, a colónia transfronteiriça do Douro Internacional tem oito casais nidificantes, o que é considerado já “um número bastante positivo, tendo em conta o contexto e evolução nos últimos anos”.
Contudo, destes casais, nesta época de reprodução, apenas cinco fizeram postura e só quatro crias (duas em cada país) sobreviveram até se tornarem independentes.
Fotografia: Palombar
Onde foram colocados os ninhos e de que são feitos?
A escolha dos locais e estrutura dos ninhos é feita de forma a mimetizar ao máximo o processo natural de nidificação da espécie. Ao contrário da maioria dos abutres, que nidifica em acantilados rochosos, o abutre-preto faz ninhos principalmente em árvores de grande porte. Desta forma, os ninhos foram instalados em árvores como o zimbro, azinheira ou sobreiro. Os ninhos têm uma estrutura de metal que imita a forma do ninho natural e uma rede robusta que suporta o material utilizado para naturalizar o seu interior, composto por pequenos galhos de árvores e arbustos lenhosos e lã de ovelha para o tornar mais acolhedor e atrativo para a espécie-alvo.
Nidificar em árvores é uma peculiaridade deste abutre que acarreta riscos
Por nidificar em árvores, o abutre-preto corre um risco acrescido: é mais vulnerável e afetado pelos incêndios florestais. Exatamente por este motivo, uma outra linha de ação do projeto LIFE Aegypius Return é promover a gestão de habitats e aumentar a resiliência natural frente aos incêndios florestais nas áreas onde a espécie se reproduz. Em 2017, por exemplo, a colónia do PNDI foi afetada por um incêndio florestal que destruiu o único ninho da espécie existente nessa altura, matando a cria de abutre-preto.
Colónia transfronteiriça tem oito casais nidificantes
Atualmente, a colónia transfronteiriça do Douro Internacional tem oito casais nidificantes, cinco no PNDI e três no PNAD, o que já é um número bastante positivo, tendo em conta o contexto e evolução nos últimos anos. Contudo, destes casais, nesta época de reprodução, apenas cinco fizeram postura e só quatro crias (duas em cada país) sobreviveram até se tornarem independentes.
Devolução de abutres-pretos por soft release é outra estratégia para aumentar colónia
O abutre-preto só põe um ovo por época de reprodução/ano e a maturidade sexual da cria só é atingida aos cinco ou seis anos de vida, pelo que o seu sucesso reprodutor é muito limitado e condicionado. Qualquer incidente que cause a mortalidade da descendência tem um grande impacto geracional e populacional sobre esta espécie. Por isso, além da construção de ninhos artificiais, o projeto vai potenciar, até 2027, o reforço do número de indivíduos desta colónia, através da devolução à natureza, nesta região, de 20 abutres-pretos provenientes de centros de recuperação de fauna silvestre, após passarem por um período de aclimatação (adaptação ao meio) e libertação faseada (soft release) na estrutura construída para esse efeito no PNDI. Até ao momento, já foram devolvidos à natureza quatro abutres-pretos por esta via.
Sobre o projeto
O projeto LIFE Aegypius return é cofinanciado pelo Programa LIFE da União Europeia e desenvolvido por um consórcio que integra as seguintes entidades: Vulture Conservation Foundation - organização coordenadora -, Palombar - Conservação da Natureza e do Património Rural (cofinanciada pela Viridia – Conservation in Action e MAVA – Foundation pour la Nature neste LIFE), Herdade da Contenda, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Liga para a Proteção da Natureza, Faia Brava – Associação de Conservação da Natureza), Fundación Naturaleza y Hombre, Guarda Nacional Republicana e Associação Nacional de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade.